23 Nov 2009 @ 9:51 PM 

byteA inovação é como uma espécie de fantasma. Muita gente fala mas ninguém os vê. Ouve-se falar de quem viu, mas não nos conseguem mostra-los.

Na prática existem muitas medidas a serem tomadas de forma a enraizar a inovação nas pessoas comuns, de forma a que saibam operar com conceitos inovadores e compreendam o seu tempo de forma a poder transforma-lo no futuro.

E estas medidas devem ser tomadas com coragem política e social o mais rápido possível, vencendo o imobilismo causado pelo medo que a inovação provoca naqueles que se prendem ao passado como forma de manutenção de sua própria condição social, em detrimento da condição dos outros que vem depois deles.

E digo isto pensando em diversas classes profissionais, mas principalmente nos ligados ao ensino. De uma forma bastante marcante, e vejo isto nos meus quatro filhos, o conhecimento necessário a compreensão efetiva de nosso tempo, e do futuro imediato, demora muito tempo para chegar aos vulgares manuais escolares.

Estou a pensar numa conversa que tive com a mais nova aqui de casa, de 17, que apesar de dominar com fluência as noções de medidas abstratas de valores concretos como a distância, o peso e o volume, não tem uma ideia tão clara quanto a medida abstrata de um valor também abstrato como a medida da quantidade de informação. Sabe medir valores abstratos como o tempo mas não tem a necessidade de medir a luz, por exemplo, e isto é compreensível. Mas o byte é imprescindível compreender nos dias que correm.

Ela sabe perfeitamente bem o que é o metro, o quilo e o litro, para além das horas, minutos e segundos, mas só ouviu falar do que seja o byte. Não sabe que a vida prática dela em seu dia a dia, do telemóvel ao computador, da TV a cabo à Internet, é medida, e cobrada, em bytes. Não sabe qual a diferença entre um CD, um DVD e um BD (Blue-ray Disc, você sabe?), nem o que é comprimido pelo algorítimo de compressão que todos falam mas poucos sabem o que é, chamado de MP3.

Já fala em português, já arranha o inglês, mas nunca ouviu falar em Pascal, C ou Java. Nem sequer percebe que seu futuro passa necessariamente pelo domínio, nem que seja conceitual, destes conhecimentos. Não consegue imaginar que a solução industrial dos problemas sociais que se colocarão, e já se colocam hoje tanto ao capital quanto ao trabalho, num futuro muito próximo, já não serão resolvidos somente com o conhecimento embolorado de um passado muito, muito, recente.

E a capacidade industrial de um país passará obviamente pelo domínio destes conhecimentos por sua população.

Porém, quanto mais acompanho os estudos de minha jovem aprendiz, mais percebo que ela não deveria estar a estudar somente isto que estuda e que muito do que aprende já não tem quase utilização pratica.

É preciso inovar inclusive na educação, para se criar uma sociedade voltada para a inovação no futuro. Os conceitos básicos que já pertencem ao nosso tempo e que serão determinantes no futuro, tem inexoravelmente que ser absorvidos por nossa juventude. E falo como um brasileiro com nacionalidade portuguesa. É válido para os dois países.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 14 Set 2010 @ 10:32 PM

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 21 Nov 2009 @ 10:09 AM 

01Sempre me perguntei porque falavam em países do terceiro mundo e do primeiro mundo, mas não ouvia falar em países do segundo mundo.

Conhecedor da realidade de um país que era até bem pouco tempo considerado um país do terceiro mundo, o Brasil, e ciente dos níveis de qualidade de vida exigidos para os chamados países do primeiro mundo, ficava somente a imaginar como seriam então os países do segundo mundo.

Cheguei a pensar que não falamos dos países “de segunda” por este termo encerrar um certo caris pejorativo. Ser do primeiro mundo é ser um país orgulhoso. Ser do terceiro é o reconhecimento de fragilidades sociais que devem ser corrigidas naquele país. Mas ser de segundo é meio como estar no limbo, que até ele já foi extinto. É menor, ofensivo, pequeno.

E esta semana vi um exemplo do que é ser um país do segundo mundo no que diz respeito a vacinação contra o H1N1. Enquanto nos países do terceiro mundo, pobres, recorrem a OMS para o envio de vacinas gratuitas para uma pequena parte de suas populações, nos países do primeiro mundo há disponível, para toda a população, mais que um tipo de vacina. Dois pelo menos: um para todas as pessoas e outro para as mulheres grávidas. No centro do Império, só há mesmo o tipo utilizado pelas grávidas, por representar menores riscos para a população.

Já nos países do segundo mundo uma grande parte da população, não toda mas grande parte, tem acesso a apenas um tipo de vacina, porém aquela que no primeiro mundo é dada a todos. Desta forma são vacinadas com o tipo comum inclusive as mulheres grávidas.

Pena é que esta economia, pressupondo ser um processo mais caro o da aplicação de mais que um tipo de vacina, nem que seja pela disponibilização de dois stocks, custe a perda de algumas vidas… Uma que seja, causada por razões económicas, já é um injusto exagero.

Há ainda, em relação a esta gripe, uma constatação no mínimo curiosa: trata-se de uma doença discriminatória que ataca principalmente aos ricos.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 21 Nov 2009 @ 10:24 AM

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Categories: Pensando alto
 12 Nov 2009 @ 8:37 PM 

Claro! Já deu provas de ser capaz de fazer frente a Jesus!

José Saramago

Jorge Jesus

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 12 Nov 2009 @ 08:44 PM

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Categories: Piada
 09 Nov 2009 @ 3:19 PM 

A propósito disto:

A “loura” da Uniban, tem o cabelo pintado de louro, mas na verdade não o é. A puta da Uniban, tem no aparente comportamento, ações que ao xingamento justifique, mas na verdade não o é. A estudante da Uniban que foi desfilar seus atributos, na universidade e na televisão, como se de uma estrela se tratasse, na verdade não o é. A União Nacional dos Estudantes, se coloca em prontidão em defesa da aluna vítima de seu comportamento, dizendo que a direção da universidade anda ainda na era das cavernas. Esquecem-se somente que na era das cavernas, as pessoas andavam nuas e não era a altura da saia que as classificava, nem as uniões de estudantes que as salvavam da injuria ou do banimento por ações consideradas impróprias para a coletividade. Sócrates que o diga. Também eles não são defensores de coisa alguma, nem da moralidade, nem da liberdade.

Convido a pobre coitada da vítima de seus atos a visitar o túmulo de Amália Rodrigues vestida com o vestidinho cor de rosa. Ou a visitar o Vaticano de bermuda, já chegaria. A sociedade “liberal” irá até mesmo apoio-la, certamente, apesar dela ser barrada na porta.

Alguns muros caem, outros permanecem, enquanto outros são erigidos. Ainda falta alguma coisa até que consigamos compreender aquilo o que nós fizemos de nós mesmos. Até que consigamos apagar todas as artificialidades que construímos a nossa volta.

Sede da UNE na praia do FlamengoEm tempo: eu sou um dos construtores do valor mítico do prédio da UNE na praia do Flamengo. Aquele mesmo que já foi até demolido, vitima da especulação imobiliaria e de seu passado histórico. Como nos repetimos!

Obs: a entrada do prédio não estava uma jovem semi-nua, mas um palestrante que falava em nome da democracia.

No dia de falar de muros, este é mesmo um assunto que vem bem a calhar. Abaixo os muros e acima as saias! Será meu lema daqui para a frente.

Geyse Arruda: Acho que você queria dizer “… me isentar de minha culpa” e não “…me ausentar…”. Sim é verdade, as pessoas vão para a faculdade para estudar, por isto as outras não podem ter atitudes que as desviem a atenção deste caminho. E as pernas de uma bela mulher fazem isto aos homens, atraindo a atenção para as pernas, levando a imaginação para outros lugares. Você sabe disso, tenho certeza. Como você mesma admitiu, o vestido era destinado a outro evento que não o de estudar. Um pouco curto, pelo que se vê das imagens do celular, é favor. Era mesmo muito curto. Parecia uma blusa comprida e que tinha esquecido as calças em casa. Imagino então que para você um vestido muito curto seja um cachecol. Um casaco, como o jaleco do professor, já teria evitado todo este problema. E da próxima vez, se o objetivo for chamar a atenção para si, vá vestida de freira para a boate. Terá o mesmo efeito e não será expulsa de lugar algum.

Edgard Costa

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 09 Nov 2009 @ 04:41 PM

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Muros

 
 09 Nov 2009 @ 2:27 PM 

Berlin WallFaz hoje 20 anos daquele dia em que fomos nós os maiores protagonistas políticos de nossa História. Derrubamos muros, muitos muros, o que foi muito importante.

Mas ainda faltam muitos por derrubar. e sempre teremos que ser nós a tomarmos a iniciativa de os derrubar. Hoje é um dia dos diversos aniversários que a História festeja, mas não é um dia qualquer.

Hoje é o dia de festejarmos o nosso aniversário, sem mitos, sem dogmas, sem facilitismos. As costas talvez ainda continuem voltadas, mas pelo menos já não há lá no meio um muro.

Um viva a Mikhail Gorbachev em particular, mas um viva bem sentido a todos nós.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 09 Nov 2009 @ 03:30 PM

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 09 Nov 2009 @ 12:38 PM 

Sofrimento“No programa messiânico de Cristo, que é ao mesmo tempo o programa do reino de Deus, o sofrimento está presente no mundo para desencadear o amor, para fazer nascer obras de amor para com o próximo, para transformar toda a civilização humana na « civilização do amor »” (Papa João Paulo II, Carta Apostólica Salvici Doloris, 11 de Fevereiro de1984)

Numa longa carta escrita em 1984, ano escolhido pela igreja católica como ano da redenção (salvação), o Papa João Paulo II fala sobre diversos aspectos do sofrimento, humano e não só. Fala das ciências humanas para alívio dos sofrimentos, e cita a medicina como uma ciência incompleta pois alivia apenas parte dos sofrimentos e dores dos humanos. Mas fala isto tudo para concluir que o sofrimento humano é uma característica intrínseca deste ser, que o sofrimento existe para desencadear o amor, amor das obras de amor e caridade feitas pela Igreja, que seria o agente construtor da civilização do amor.

Esta carta resume a doutrina da igreja católica onde o sofrimento humano, contra a vontade de Deus, seria uma consequência do mal provocado pelo pecado original de Eva, que uma vez libertado e disseminado por aquela mulher, tal como Pandora (e de certa forma Lilith), atingiu a todos os seres humanos, passando ele, o sofrimento, a ser uma realidade intrínseca deste ser, particularmente da mulher que seria condenada a ter, para além do prazer no ato de amor, também o sofrimento no ato do nascimento, tentando-se explicar assim a contradição entre o prazer sexual e o sofrimento da dor do parto, por exemplo.

Indubitavelmente esta é uma visão filosoficamente pessimista, para além de ser machista, onde o amor só existe porque existe um sofrimento original, e que teria sido provocado pela mulher. Concordando com outros filósofos pessimistas, como Shopenhauer e Nietzsche, a Igreja Católica vê o ser humano como um ser em sofrimento e que precisa ser salvo dele para atingir a felicidade.

Uma das mensagens mais fortes da filosofia cristã diz que mesmo que um humano não consiga ser salvo de seus sofrimentos durante a vida, se durante esta só praticar o bem e perdoar aqueles os quais o faz sofrer (“perdoai-nos as nossas ofensas, assim como perdoamos a quem nos tem ofendido”, deveria ser uma frase repetida todos os dias por nós próprios), seria salvo, obteria a redenção, porém depois de sua morte. Diz ainda, como era de se esperar, que somente eles, da igreja, é que podem redimir dos pecados, geradores do sofrimento.

É bonita a mensagem, sem dúvida. A utilização de um factor negativo de nossas vidas como um elemento construtor de factores positivos é uma prática saudável, em todos os sentidos. São exatamente nos momentos de sofrimento que aprendemos mais coisas e isto contribui de forma determinante para nosso aprendizado. Mas não é despretensiosa, infelizmente. Muitos humanos, sobretudo homens, enriquecem financeiramente a custa da exploração religiosa do sofrimento das pessoas, vendem a salvação, e com isto eu não posso concordar. Há um livro fabuloso, que também já foi filme, sobre este assunto chamado “As Sandálias do Pescador”, do escritor australiano Morris West, e que de certa forma antecipa a história do polonês Karol Wojtyla, quando este foi eleito como papa, e passou a se chamar João Paulo II.

Discordo completamente desta visão pessimista. Como já disse, só a satisfação de nosso desejo básico de estar vivo já é o suficiente para nos fazer feliz e este é um estado perpétuo, enquanto durar a nossa vida. Os fatores que nos provocam sofrimento como a dor, a angústia e a frustração, nos desviam do sentido normal da felicidade.

Acredito mesmo que há nestas palavras do falecido Papa uma inversão do sentido natural da vida: não é o sofrimento que faz desencadear a felicidade nem o amor, mas exatamente ao contrário. Qualquer factor que perturbe nosso estado natural de felicidade, e nos frustre o amor, é que nos provoca o sofrimento. Acontece é que em determinados lugares, e/ou em momentos históricos, o sofrimento dos humanos supera em muito a capacidade inata de sermos felizes.

Pense nas famílias inteiras que morrem de fome no mundo de hoje, a razão de 70 por minuto. Pense nos europeus durante a 2ª Gerra Mundial. Pense nos escravos negros africanos sequestrados de seus países para trabalhar se Sol a Sol por obrigação num país estrangeiro, sem a possibilidade física de poder retornar para casa. Pense nos pobres sobreviventes do império romano, assolados por constantes invasões de tribos inimigas que lhes restringia a vida individual e a procriação. Pense nos motivos que fizeram estas pessoas construirem as fortalezas dos castelos e para dentro dele irem viver. Sofredores isentos de motivos de felicidade, sobre os quais uma pequena palavra de esperança já era o suficiente para lhes fazer felizes.

Seja uma doença, a insatisfação de uma necessidade, a ausência de um outro ser humano querido, afastado pela morte ou outro motivo qualquer, a presença de outros seres humanos não desejados, adversos, a ausência de perspectiva de sucesso a curto prazo, a aproximação de momentos em que seremos testados quanto as nossas possibilidades reais de obter sucesso na vida, os insucessos em tarefas a que nos propusemos fazer, entre outros, são todos fatores que nos prejudicam a felicidade, por nos proporcionar angústia, sofrimento.

Visto por este ponto de vista, é até fácil sermos felizes. Basta que não criemos situações que nos coloquem em sofrimento. Há alguns momentos em que isto não é possível, como no caso das doenças, mas há muitos outros momentos de sofrimento, que somos nós mesmos que criamos. Inveriavelmente por pequeninas razões, tais como a ganância, por exemplo.

Há, ainda aqueles que sofrem por nada fazer para atenuar o sofrimento de outras pessoas, os altruístas, os filantropos, porém há ainda aqueles que sofrem com a felicidade de outros, os invejosos. Há aqueles que sofrem de amor e há os que sofrem de ódio. Sempre há dois lados e isto é causado pela energia que nos mantém vivos que tem duas cargas, positiva e negativa. Mas isto já será assunto de outro postal.

Não defendo uma abstenção de todas as outras necessidades e desejos, julgando ser isto que provoca o sofrimento, como Buda fez (também falaremos dele noutros postais). Defendo sim que a manutenção do equilíbrio entre o desejo e a possibilidade de sua satisfação é que nos faz feliz, o que não deixa de ser uma gestão inteligente de recursos.

Defendo sim que é a presunção, a crença, o excesso de ambição que nos levam ao sofrimento. Defendo que é o amor e o desejo por aquilo que temos agora, no mínimo a nossa vida, é que nos faz sermos felizes. Defendo que o desejo de conquistar aquilo que não temos é o que nos faz infeliz. Defendo que a conquista de nossos sonhos deve ser uma atitude realista, por isto deveríamos escolher no que sonhar, circunscrevendo nossos planos de conquista ao que realmente está ao nosso alcance e não faz os outros sofrerem.

Normalmente, quando nos sentimos frustrados, deixamos de olhar antecipadamente para os nossos limites reais, que nos impedem de atingir ao objetivo imaginário, inatingível. E culpamos a agentes externos pelos insucessos. Culpamos ao destino, ao azar, a Deus ou ao Diabo, mas esquecemos que quem não atinge ao objetivo somo nós. Se não o atingimos é porque não fomos capazes. Esquecemos que somos nós próprios que criamos, pela falta de ação positiva, nossos limites.

Os limites são para serem ultrapassados, é este o nosso desafio e é esta a razão de nossa vida. Gerações e gerações de seres vivos vem, desde a milhões de anos, desenvolvendo a vida num sentido positivo, cada vez melhor, nos adaptando as condições da natureza dentro das quais vivemos. Cabe a nós, cada um dos indivíduos que compõem uma espécie, cumprir o papel de agente construtor de um futuro melhor. E isto passa necessariamente por conhecermos profundamente a nossa gigantesca obra, feita no sentido de mantermos e ampliarmos a vida. Os que não perceberem isto serão simplesmente postos de parte e se extinguirão. É esta a lei primária da vida. O resto, todo o resto que a fabulosa imaginação humana criou para amenizar o árduo trabalho rumo ao sucesso da vida, não passa disso mesmo, imaginação. Nada mais é que a vontade humana de facilitar e justificar as dificuldades por que passamos para nos mantermos felizes, vivos. Mas não adianta, temos que lutar, trabalhar e sermos melhores que os que já o fizeram antes de nós. E ainda temos que dar uma ajudinha a natureza afim de expurgarmos, pelo menos de nosso caminho, todos aqueles que tentam nos desviar de nosso destino de sucesso. Deixem-nos de lado, pois a natureza se encarregará de os extinguir.

Há na História muitos casos de imbecis aos quais foi dado crédito. Erramos por vezes. Mas se conhecermos bem estas histórias, já não repetiremos os erros do passado. E é por isto que temos que aprender com o passado de nossa espécie: para não erramos novamente, que é para não termos que reviver sofrimentos antigos. Já chegam os nossos de hoje.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 09 Nov 2009 @ 01:28 PM

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 09 Nov 2009 @ 9:30 AM 

Anjo e DemónioImaginarmos um confronto entre estes dois “adversários”, será imaginarmos um jogo onde sempre haverá um único e previammente conhecido vencedor.

Ainda na sequência do raciocínio sobre a ética, e complementando aquela ideia, podemos verificar que um dos conflitos que mantemos acesos em nossa mente, diz respeito ao confronto dos interesses na manutenção de nossa vida enquanto indivíduo que pode ser contraditória com a manutenção de nossa vida enquanto espécie.

Creio mesmo, mas esta é somente a minha opinião sem provas científicas para a sustentar, que é este conflito que melhor nos carateriza enquanto seres, e é um dos aspectos da natureza humana que mais é estudado, embora sem ser visto desta forma.

Posso explicar melhor: já falamos sobre eu (ego), superego e ID, lembra-se? Já falamos também, na mesma conversa, sobre aquela imagem muito popular do anjinho e do diabinho falando ao mesmo tempo, um em cada ouvido, lembra-se?

Estas são imagens que demostram a dualidade contraditória entre o indivíduo e a espécie, em minha opinião. Mas, por que contraditória? Acredito que a resposta a esta questão seja simples.

Temos um único desejo básico, o de viver. Para nos mantermos vivos temos que, antes de mais nada, nos alimentar com água e com os nutrientes retirados dos alimentos de origem animal ou vegetal. Se a água é a origem da vida e os animais e vegetais ambos tem vida, para mantermos a nossa própria vida temos sempre que retirar vida a alguma coisa.

Se levarmos esta ideia a extremos, perceberemos que nós próprios somos alimentados e alimentos para a manutenção da vida, como um todo. Milhares de milhões de seres humanos já passaram por nosso planeta e consumiram milhares de milhões de outras vidas para manterem-se vivos. Porém, estes milhares de milhões de vidas humanas também já se foram e quando morreram transformaram-se em outras coisas, através da alimentação de outros seres vivos. Transformaram-se todos eles em outras vidas. Atenção, não estou a sustentar a teoria da reencernação, mas tão somente a da manutenção, adaptação e transformação da vida de uns seres em outros, como fazemos diariamente ao consumirmos seres com vida para nos alimentarmos.

Ao analisarmos a vida sobre este ponto de vista, verificamos que nós somos mesmo até egoístas (olho o ego aí) ao protegermos nosso corpo para que não sirva, visualmente, de alimento a outros seres vivos. Mesmo enterrando nossos corpos, eles serão reutilizados, mas nós não vemos isto acontecer, o que nos afasta da consciência que carregamos por toda a vida, e que nos angustia, de que morreremos um dia. A atitude mais egoísta neste sentido seria mesmo a cremação, por tentarmos destruir todas as células de nosso corpo para que não sirvam para mais nada. Apesar de passarmos a vida toda a consumir vida para vivermos, ao final não queremos servir a vida. (Será isto eticamente correto?)

Mas, voltando ao assunto, ao consumirmos alguma vida para vivermos, estaremos sempre fazendo duas coisas: retirando vida a esta coisa e impossibilitando a outro indivíduo de nossa espécie que consuma aquilo que nós consumimos.

Se existe muito para consumir, isso não faz diferença. Porém, se há escassez dos recursos a serem consumidos por um agrupamento social (nem que sejam apenas de duas pessoas), já temos que considerar a quantidade de nosso consumo em benefício de duas entidades: nós, enquanto indivíduos, e nós enquanto grupo. E esta sensação é contraditória por natureza. Se por um lado nosso desejo de viver individual (nosso ID, o diabinho, o Yang) nos impele a consumir o máximo de nutrientes que precisamos para viver, por outro lado o nosso desejo de viver enquanto espécie (nosso superego, o anjinho, o Yin) nos impele a partilhar os recursos.

Temos que conviver com esta angustia porque mesmo o nosso desejo básico é duplo, dualista, contraditório. Somos singular e plural ao mesmo tempo. Nossa vida individual é muito importante para nós próprios, mas irrelevante para a espécie. Sob este segundo ponto de vista, somos apenas mais um, mas para nós um “um” único, especial, por sermos nós.

Mas se pensarmos no que somos feito e no que mantém as nossas vidas, veremos que a unidade não está em nós nem em nossa espécie. A unidade está na célula que, ao se combinar com outras células, compuseram toda a vida, inclusive a nossa.

Nós somos, na realidade e enquanto indivíduos, uma enorme rede social composta por cerca de 100.000.000.000 (cem trilhões) de células, compostas na maioria por água (85%), que se combinam de uma forma única em nossos corpos e para a qual damos um nome, uma identidade, uma aparência, um estilo, etc..

Mas cada uma de nossas células, elas próprias envolvidas em seu ciclo infinito de vida e morte, é descendente de uma outra, original, nascida a partir da combinação do ovo de nossas mães com o espermatozoide de nossos pais, que combinados, em suas estruturas básicas, o ADN, fizeram surgir a célula do indivíduo que nós somos.

Este nosso ADN particular presente em todas as nossas células é que é o nosso verdadeiro eu (ego). Deveria servir de base a constituição de outras vidas, perpetuando o ciclo, alimentando-se de outras células, de outros seres vivos e de água. E segue em frente e morre e… segue em frente. Indiferente a nós próprios, o que nos angustia, mas fortemente ligados a nossa coletiva tarefa de fazer a vida existir, o que nos faz feliz.

Este dinâmico moto-contínuo, infinito, do qual somos apenas uma pequena parcela, deveria ser determinante na constituição de nossas personalidades. Porém, por sermos pequenos inclusive em nossas visões do mundo, não chegamos a perceber toda esta sinfonia de vida e morte. Vemos apenas a nós próprios e sentimos os nossos desejos individuais, nosso desejo de viver e nosso medo de morrer. É pouco.

Viemos a vida cegos, de corpo e alma. Cabe a nós próprios, ao longo do tempo que durar a nossa vida, abrirmos nossos olhos para toda a perspectiva para vermos todo o enorme quadro que a vida pinta diariamente há milhões de anos. É difícil, é certo, mas no caminho encontramos coisas (isa) belas, outras nem por isto.

Mas no final, acredito, sabermos que não acabamos ali, pois somos continuidade da própria vida, nem que seja em outra espécie, é, pelo menos para mim, mais reconfortante e real do que as ilusões mitológicas que nada mais fazem do que tentar atenuar a aparente crueldade deste ciclo de vida e morte.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 26 Nov 2009 @ 10:45 PM

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Ética

 
 09 Nov 2009 @ 9:29 AM 

ÉticaO que é certo? O que é errado?

São as duas perguntas mais difíceis de responder se o tentarmos fazer deslocados de um contexto específico. O que é certo e o que é errado estão sempre dependentes do que se pretende fazer num dado momento, mas também está ligado com as consequências que este julgamento pode acarretar para nosso futuro. E os elementos que nos fazem decidir com maior correção sobre o que está certo ou errado podem estar, ou não, no passado.

Complicado? Sim. Muito.

A inteligência da natureza de forma geral, e humana em particular, está perpetuada nesta dualidade. O que é certo e o que está errado são conceitos, e como tal são subjetivos. Para existirem, estes conceitos irão sempre depender do ponto de vista de quem os analisa. E este aspecto é muito importante que seja compreendido e interiorizado, para que possamos exercer nossa plena liberdade, sem sermos condicionados por fabricantes de padrões de atitudes certas e/ou erradas, como os religiosos, os legisladores e os comerciantes.

Enquanto seres humano, como qualquer outro ser vivo, vivemos a vida com o único propósito de viver. Isto nós já concluímos (espero). Porém, ao longo da vida, somos constantemente confrontado com decisões que influenciam não só o nosso estado num dado momento presente, como o nosso estado futuro. E isso dito no que diz respeito a saúde física e mental, dois elementos básicos a vida do indivíduo. Nunca temos que tomar decisões sobre nosso passado, e se o tivéssemos que fazer, seríamos desonestos em algum momento.

A ética é um conjunto básico de orientações, regras e procedimentos sociais, que determinam as nossas decisões que exerçam influência sobre mais que um indivíduo. Estas regras não são definidas por agentes externos ao indivíduo nem são rígidas, se assim o fossem seriam leis, mas determinam a nossa ação social. A ética não existiria se só existisse um único indivíduo no espaço e no tempo. Simplesmente não teria utilidade, bem como a moral e as leis. Embora possa se falar, como hoje se fala, em ações éticas para com a Natureza. Mas isto, como veremos, somente ocorre devido a atividade económica do grupo social, uma vez que o indivíduo e muito frágil para ferir a Natureza.

Por vivermos em sociedade, se fossemos tomar decisões somente baseados em nossos instintos individuais, correríamos desnecessariamente riscos de gerar angústias, infelicidades. Por nossos instintos individuais, comeríamos toda a comida que víssemos a frente e que nosso corpo suportasse, reuniríamos ao nosso redor todos os bens que estivessem ao nosso alcance, teríamos posse de toda a água, terra, alimentos, ar, etc.. Seríamos deuses de nós próprios e só permitiríamos existir uma única descendência genética, a nossa. (Concorda com isto ou acha que somos assim por que existe concorrência de outras pessoas?).

Mas estes são nossos instintos individuais. E são assim tão fortes pelo fato de que nutrimos, desesperadamente, aquele desejo básico de viver enquanto indivíduos.

Porém, e ainda bem, já percebemos (embora por vezes nos esqueçamos), que vivemos melhor se vivermos em sociedade. Já percebemos que para além de termos um compromisso com a manutenção de nossos seres individuais, também temos um compromisso, que talvez até seja mais importante, em mantermos a vida de nossa espécie.

Percebemos que ao dar chance aos nossos semelhantes, sejam ou não de nossa descendência (família), acabamos por conseguir reunir e manter mais meios de subsistência do que conseguiríamos sozinhos. E só por isto vivemos em sociedade. Sim, sim, estou a dizer que vivemos em sociedade porque percebemos que desta forma atingimos mais facilmente aos nossos desejos instintivos individuais.

Este convívio social nos obriga a abrir mão de uma série de desejos individuais, afim de mantermos as relações sociais que nos proporcionam melhores condições de vida enquanto indivíduo. E esta é já uma ação quase tão involuntária quanto respirar. Está quase completamente integrada em nossos procedimentos padrão, para manter-mo-nos vivos. Porém ainda não está completamente integrado.

Por vezes ainda cometemos excessos provocados por nosso instinto individual e “traímos” nosso acordo silencioso que regula as relações com os outros seres humanos. Sempre que assim agimos, embora sob nosso ponto de vista possa parecer certo, somos punidos pelo grupo, por prejudicarmos a conjugação orgânica que deveria existir também no grupo, e não só em nosso ser individual. Agimos certo enquanto indivíduos e errados enquanto membros de um grupo. Uma mesma ação pode ser considerada certa e errada dependendo do ponto de vista.

Este tipo de ação errada contra o grupo social ocorre nos seres humanos, e em outros animais, sobretudo na infância, dure ela quanto durar. Durante os primeiros anos de nossas vidas só temos “olhos” para nós próprios, num processo natural de sobrevivência.

A própria beleza ingênua e frágil intrínseca a infância, é uma forma natural de defesa individual, por gerar no semelhante a compaixão e o carinho instintivos, necessários a manutenção da vida do rebento.

Já a beleza da puberdade, da adolescência, tem outro sentido, já sexual, o que pressupõem o início da convívio social (não somos hermafroditas). Porém, alguns sentimentos egocêntricos infantis perduram por longos períodos da vida.

Mas já estou a me afastar demais do assunto do postal. Voltarei, inevitavelmente, a estas questões. Mas para já fica aqui uma breve explicação do que é ética e o que isto tem a ver com nosso convívio social. É a ética que nos dá as ferramentas para julgar o que é certo e errado, porém ela também é variável, em função de quem a avalia, em função de quem as nossas ações exercem influência. E é só neste sentido que ela existe. Não faz sentido uma ética do indivíduo. Por nosso desesperado desejo de viver, não agimos contra nós próprios. Por vezes erramos na medida das nossas ações, mas elas sempre tem o intuito de nos mantermos vivos e felizes.

Resumindo e concluindo: a ética é um critério utilizado nas decisões das ações que tomamos em nossas vidas, que determina que para além de nos beneficiar com estas ações cuidaríamos, ao mesmo tempo, de não prejudicar ninguém.

Por vezes isto é claramente impossível. Neste caso escolhemos as ações que nos beneficiem menos, mas que também prejudiquem menos a outros.

Ying Yang, o equilíbrioOs chineses tem o conceito do Yin e Yang, que representa, inclusive graficamente, esta dualidade. Este conceito preconiza que devemos sempre buscar o equilíbrio em tudo o que fazemos, em nossas ações. É um ponto de partida interessante, levando em consideração que sempre, para nosso proveito, haverá alguém que deixará de ter alguma coisa, no mínimo aquilo que consumimos, imaginando que todos os recursos naturais do planeta são, igualmente, de todos os seres vivos. Se buscarmos o equilíbrio entre o que nos beneficia e a medida do prejuízo de outro, estaremos a caminho da justiça.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 09 Nov 2009 @ 09:32 AM

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 05 Nov 2009 @ 8:06 AM 

Desde a decisão do COI da atribuição das Olimpíadas ao Rio que tenho visto, um pouco em todos os lados e diariamente, a apontarem o dedo as feridas brasileiras. Denotará isto outro tipo de sentimento não menos torpe que a vingança dos frustrados?

Em alguns casos, como eventos tão pouco significativos como 2 mulheres em 2 anos, entre os milhões de mulheres nos últimos 50 anos (desde a década de 60 quando surgiram as mini-saias) e que já foram a faculdade, ao trabalho, a escola e nada se passou, a não ser a admiração tácita, e talvez uma masturbação escondida, até parece que procuram nos cantos mais remotos os mínimos pontos de sujeira, como supervisores picuinhas de uma empresa de limpeza qualquer.

Não denotará esta busca incessante por falhas de um pobre país membro do “G10”, alguma espécie de inveja? A estupidez, como a dos admiradores impotentes das Geises e Francines, ou das atrizes idiotas, são as únicas asneiras que se andam a fazer por aí?

No que diz respeito as mulheres, diariamente mutilam-se mais clítoris no mundo do que se xingam de puta as mais ousadas. Isso não merece nenhuma palavra?

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 05 Nov 2009 @ 08:21 AM

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