04 Jul 2010 @ 2:08 PM 

Nao ver, falar ou ouvir porque se querAntes de mais é preciso definir o sentido da palavra ignorância que servirá de caminho a esta pequena investigação. A partida só há um sentido etimológico claro que significa não ter gnoma, ou não ter o conhecimento da formulação clara de um pensamento. Neste sentido todos somos ignorantes de algo, pois não há ninguém que saiba tudo, por ser impossível. Mesmo o mais sábio dos sábios, aquele que leu todos os livros de todas as bibliotecas e quem falou com o maior número de pessoas possível no planeta, não sabe o sexo da criança que acaba de nascer neste preciso instante. Nem seu nome, nem onde ocorreu este nascimento, etc. Portanto é impossível tudo saber e este já é um princípio definitivo.

Bem como é impossível nada saber para um ser vivo. Esta já não é uma afirmação tão pacífica de ser feita, mas parto do princípio de que também é verdadeira. Presumindo que todo o ser vivo tem no mínimo a ciência de si próprio e do meio que o cerca, não me é difícil imaginar isto. Uma planta, por exemplo, “sabe” onde está o Sol que persegue para proporcionar-lhe a fotossíntese. A célula de um procarionte “sabe” o que tem que ser feito para se manter viva e se reproduzir. E o “saber” aqui não é colocado no sentido de ter consciência, mas sim o de ter ciência do que é preciso ser feito para atingir a um objetivo, nem que ele seja tão somente o de ser, estar e permanecer vivo, enquanto indivíduo ou espécie. Mas, de forma geral, não pretendo ir tão longe, mantendo a discussão sobre o que é, ou não, ignorância para o ser humano.

Se aceitarmos a definição académica de ignorância como a falta de saber, conhecimento e/ou ciência, é preciso, antes de avaliar o que ela é, determinar o que é preciso saber ou o que há para ser sabido. Porque sou da opinião que só se carateriza como ignorante aquele que não conhece alguma coisa dentro da qual precisa operar, aquele que desconhece o que é preciso saber. Não vejo como ignorante aquele que não detêm um conhecimento que não é pertinente à ação diante a sua própria vida.

Desta forma não posso dizer que é ignorante o agricultor de hoje que não saiba o nome o mais famoso rei dos Hunos, mas que saiba tudo sobre a sua cultura agrícola. Da mesma forma não posso classificar como ignorante um chefe de uma família residente numa remota aldeia do Tibete, ou um índio nunca contactado na floresta amazónica, que não saiba exatamente para que serve aquelas máquinas que sempre vê passar a voar sobre sua cabeça, a qual chamamos de avião, uma vez que dela nunca nenhum de seus antepassados precisou fazer uso, e não se imagina que vá precisar de alguma nos próximos milhares de anos, que é o tempo que a sua família ocupa aquela região, a continuar a viver da mesma forma. O que importa saber o que é um avião, mesmo que o veja todos os dias, se dele não se faz uso?

Portanto, para efeito deste estudo, a ignorância se articula em função de um conjunto de conhecimento definido e no qual o interveniente avaliado em função de seu conhecimento, deveria estar inteirado. Portanto ignorante é aquele que absolutamente não sabe o que deveria saber. Os que agem como se não soubessem não são ignorantes, são outra coisa.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 04 Jul 2010 @ 07:17 PM

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Responses to this post » (2 Total)

 
  1. Edgard, que blog bacana! Parabéns pelo seu texto, seus temas. Sensacional! Fico muito feliz de achar esses tesouros! Não achei o feed dos posts, gostaria muito de acompanhar seus textos. Minha admiração e congratulações, Marcia

  2. Edgard Costa diz:

    Obrigado Marcia. Que bom que tenhas gostado. Não tenho tido muito tempo para atualizar o blog, mas já tenho alguns outros (muitos) textos alinhavados. Em breve os colocarei aqui.

    Para encontrar os feeds clique naquele botão com o lápis, no canto inferior esquerdo. Estão lá todos os feeds necessários.

    Edgard Costa

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