23 Mar 2011 @ 10:37 PM 

1. A situação portuguesa está tão difícil que até o empenho do Paulo Portas está penhorado!

2. O primeiro ministro grego, George Papandreou, deu um abraço em José Sócrates, agora há pouco na chegada em Bruxelas, e disse-lhe baixinho ao ouvido:- “Seja bem-vindo”. Contou-me um passarinho.

3. Manuela Ferreira Leite outra vez, não, por favor.

4. O outro, que sempre utilizou como bandeira o não aumento de impostos, até mesmo pediu desculpas um dia quando votou (mandou votar por que ele nem deputado é) a favor de aumento de impostos , a passos de coelho, muda de opinião e no primeiro discurso pós derrube do governo, ideia por ele perseguida desde que assumiu a liderança do PSD, o que ele nos promete? Aumento de impostos. Este garoto não vai longe, tomara. Outro aventureiro tipo Santana Lopes.

5. Acho que Portugal deveria dar um grande salto à esquerda. Forçar uma coligação sim mas entre a ala mais a esquerda do PS com que mais se identificar com a ideia.

6. Mas não. Pelo que foi publicado nas sondagens de opinião, as primeiras desde a queda do Governo, o PSD vai a frente com quase maioria absoluta e, se se coligar com o CDS, pode atingi-la já na eleição. Mas é uma reação estranha, penso eu: se o apoio ideológico do derrube do governo foram as seguidas medidas que degradam a qualidade da sociedade e, numa medida bastante concreta, estas mesmas medidas sempre foram apoiadas pela direita, entregar o governo do país à direita é intensificar a aplicação de tais medidas.

7. Estas mesmas sondagens dão a motivação ao PSD para ferir de morte o Governo português, mesmo num momento em que isto não deveria ser feito pela delicadeza do estado económico da nação. Por vezes é difícil compreender a natureza do desejo de poder: quem poderia desejar tomar o poder num momento desses sabendo que a seguir teria que governar sob a tutela de orientações muito pouco simpática aos governados e que teriam que ser assumidas pelo governante. Ou eles acreditam que podem creditar tudo ao anterior governo sem dar suas próprias justificativas?

8. A declaração de Passos Coelho de que aumentaria o IVA, menos de 24 horas depois de ter liderado um partido no parlamento que apontou, como maior crítica ao Governo que derrubava, exatamente o aumento de impostos é no mínimo infeliz. Será que virá novamente pedir desculpas?

9. Se na semana passada o Quadratura do Círculo foi um programa envergonhado, ontem (24 de Março) já estava em campanha eleitoral. E uma coisa se destacou fortemente: apresentados os primeiros argumentos eleitoras, os mais fortes e que melhor se sustentam são exatamente os do PS (vide toda a imprensa internacional de ontem). O que querem dizer agora, os da oposição, é que tudo foi precipitado neste tempo e circunstância exatamente para poder organizar a argumentação desta maneira e sair à frente no plano das ideias. Se assim foi feito é genial, o que por si só já habilitaria os autores da estratégia a governação. Mas cheira-me a “teorias da conspiração” de mais para me parecer verdadeiro. A argumentação do representante do CDS de que tudo fora feito de forma a controlar toda a opinião pública de todo o mundo, de formas a que todos sem exceção concordassem com a argumentação do primeiro ministro, é no mínimo uma fantasia. Se todos juntos, no tempo e no espaço, viram a mesma coisa, sob diferentes pontos de vista e origens ideológicas, se calhar esta coisa é mesmo verdadeira, pois não?

10. Não vejo condições para haver um entendimento entre PS e PSD. Assim como não vejo condições de ver entendimento entre as torcidas do FC do Porto e do SL e Benfica. Há paixões pessoais demais em causa e muito pouco sentido inteligente das consequências reais que atingirão aos demais portugueses, sobretudo aos mais desprotegidos. Esta visão parece estar mesmo muito distante dos olhos dos beligerantes partidos políticos portugueses. Parece mesmo uma briga entre torcedores de futebol. A única diferença é que estes últimos não tem poder e, em caso de radicalização, subjugam-se ao poder policial.

11. E com as garantias que foram dadas ontem em Bruxelas, por ambos os lideres dos partidos beligerantes, de que as medidas que o primeiro ministro português comprometeu-se a por em prática e que comporiam o PEC a anunciar em Abril, apesar de ter sido chumbado pelo parlamento português, são mesmo para serem cumpridas, associado à não aceitação do Presidente da República da demissão do Primeiro Ministro, o que deu a este último a legitimidade necessária para assumir ontem na cimeira oficialmente por Portugal a execução das medidas, e pela situação de refém que o líder do PSD se encontra, não posso concluir outra coisa diferente do seguinte: não há muita coisa a ser feita em Portugal diferente de assumir a verdadeira condição de país europeu, dentro das limitações que a periferia lhe confere, fazer o que tem que fazer no sentido de enquadrar sua economia aos moldes europeus, pondo em causa muitas das regalias sociais conquistadas com o 25 de Abril, e parar de mentir no que diz respeito às contas públicas, o que vem fazendo governo atrás de governo, independentemente do partido político que os sustenta, mentiras estas sustentadas exactamente pela manutenção do actual status quo, impossível de sustentar. Será possível suportar a manifestação pública quando todos tomarem consciência de que no fundo o que se tenta modificar é a própria estrutura social desenhada no pós-revolução, que estes anos todos a tornaram bolorenta? A indefinição clara do propósito da importante manifestação que vimos em Lisboa, talvez tenha ocorrido exatamente porque as pessoas ainda não tomaram consciência do que está por vir. Sabem que não é isto o que querem, mas talvez percebam a inevitabilidade. Que tempos são estes que vem pela frente?

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 25 Mar 2011 @ 11:18 AM

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Categories: Nada, Pensando alto


 

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