31 Ago 2010 @ 10:40 PM 

O sentido primário de perdão é o de remissão da culpa, ou seja, a desculpa. O mesmo pode ser dito quanto a uma dívida (que se existe é porque foi determinada uma pena apriorística) ou a uma pena (consequência da ausência do perdão enquanto tal, mas sempre passível de perdão). Porém, para que o perdão possa existir, há, necessariamente, que existir o que perdoar. Portanto, para que se possa exercer o perdão, obrigatoriamente há que existir, assumidamente, a quem perdoar.

Perdoar a quem não admite e/ou assume a culpa, pena ou dívida, equivale a coisa alguma. O julgamento público serve exatamente para determinar a culpa, para se aplicar a pena e/ou o perdão. Mas é preciso sempre, primeiramente, que exista a culpabilização, seja ela voluntária ou involuntária. É preciso existir um culpado.

A pior parte do perdão, e que mesmo o inviabiliza, é a não aceitação por parte do culpado de seu ato, ou a ausência de prova de culpa. Neste caso não há perdão possível, por mais altruísta que se seja. Mesmo o mais profundo espírito filantropo não seria capaz de perdoar aquele que diz não ser culpado. O perdão cai num vazio irresistível.

Portanto, o primeiro passo para que possa existir o perdão, é existir alguém de se julga culpado. Parta o incentivo ao perdão da atitude de quem perdoa ou de um pedido de perdão do culpado, há sempre que existir os dois lados da questão.

Porém, e concordando com Schopenhauer, acredito que mesmo ao perdoar, nunca deveríamos nos esquecer do motivo que levou ao perdão, ou seja o que levou ao perdoado a se culpabilizar, pelo simples motivo de que estaríamos desperdiçando a oportunidade de agir de forma didática, afim de corrigir o comportamento que proporcionou a atitude culpabilizável. Perdoar nunca deve ser equivalente ao esquecimento. Schopenhauer ainda vai mais além dizendo que deveríamos inclusive avaliar o valor que o culpado tem para quem perdoa, afim de decidir se vale ou não a pena correr-se o risco de ser tratado da mesma forma, ou mesmo pior, da que fomos no ato culpabilizante. No exemplo que ele se utiliza, lembra apenas de um amigo e de um servente. Segundo o filósofo, no caso do amigo, se julgarmos que não vale o preço da culpa, deveríamos simplesmente deixar de se-lo. No caso do servente, dispensá-lo.

Porém ele se esquece de um caso bem mais difícil de se julgar, que é o caso dos filhos. Eles também agem de forma a serem culpados por atitudes ofensivas, passíveis de penalização ou perdão. Neste caso, acredito, temos a tendência de desculpar sempre, mas nunca devemos nos esquecer do ato e nem devemos deixar de aplicar penas, sob o risco de os estar a incentivar a agir errado, pelo fato de não terem consequências os atos culpabilizantes.

Pelo fato de serem nossa sequência genética temos a tendência de culpar-mo-nos a nós próprios por alguma possível falha de nossa educação, ou mesmo pelo caráter geneticamente transmitido. Mas esta é uma fraqueza de nosso ser, que não nos permite ver para além de nós próprios, que não nos faz admitir nossos próprios erros, nossas próprias culpas. Teríamos que, antes de julgarmos e perdoarmos aos nossos filhos, perdoarmos a nós próprios. Mas para isto seria necessário haver a culpa e isto, seja para quem for, é muito difícil de admitir.

Há ainda um outro aspecto do perdão, este mais cruel, que diz respeito a conveniência. Sejam políticos, religiosos e outros poderosos, muitas vezes o perdão é concedido para obtenção de algum benefício por parte de quem perdoa. O mais pérfido dos perdões foram os concedidos através da venda de indulgências por parte de religiosos sem escrúpulos, que em troca de dinheiro e/ou bens, concediam a “salvação” divina aos crentes e incautos, que temiam a não obtenção do perdão de um deus imaginário que os remeteriam aquilo a que Dante imaginou, e descreveu magnificamente, que fosse o inferno.

O inferno é mesmo o ícone mais óbvio da consequência da culpa na ausência do perdão. Seria o destino daqueles que fossem incapazes de serem perdoados num julgamento final que aconteceria após a morte, onde seria feito um balanço de nossas vidas e de nossas culpas. Esta ideia, ao que parece pela documentação existente, surgiu no Antigo Egito, onde existia inclusive um livro feito especificamente para ensinar aos candidatos a morto o caminho para o perdão final, que seria percorrido imediatamente a seguir a morte. Não é preciso dizer que o tal livro era vendido e muito caro!!! Depois esta ideia foi apropriada e adaptada pela religião judaica/cristã, e desenvolvida na Idade Média, onde antes de mais nada tinha-se muito tempo.  Mas isto, como já disse, faz parte do imaginário humano. Céu e inferno, alto e baixo, são expressões humanas da dualidade da qual aqui tanto falamos, e ainda falaremos, e não passam de imaginação. Em alguns casos ela, a imaginação, beira a obra prima, como é o caso da Divina Comédia.

Há ainda um outro aspecto do perdão, lembrado por Jean Jacques Rousseau, quando diz: – “Conheço muito bem os homens para ignorar que muitas vezes o ofendido perdoa, mas o ofensor não perdoa jamais.”

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 25 Mai 2010 @ 6:21 PM 

CoreiasParece que estamos na eminência de mais uma confusão perfeitamente evitável. Ao que tudo indica estamos a beira de uma guerra entre as Coreias que seria, neste momento, mais uma pedra no sapato da já débil economia mundial.

Com implicações inclusive no Mundial de Futebol, tal acontecimento proporcionaria mais desequilíbrio financeiro nos mercados de todo o mundo. Tudo o que não precisamos neste momento é de uma guerra destas dimensões, como o foi na década de 60 do século passado. Mas parece que é inevitável. Vamos ver…

Posted By: Edgard Costa
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 15 Out 2009 @ 5:10 PM 

Nós somospPrimatasEm complemento ao Marco “Bitaites” Santos, sobre um outro comentário seu, sincero e pessoal, num post provocatório, com comentários escabrosos que tratavam de racismos, xenofobias e mulheres bonitas, eu escrevi o seguinte que acho que se aproxima muito de um resumo daquilo que tento demostrar neste blog. Foi mais ou menos assim:

Ele afirmou isto: “Não sei há quanto tempo o Nelson Évora está cá em Portugal, sinceramente, mas deve ser há tempo suficiente para ter assimilado, e feito sua, a nossa cultura.” No que eu tentei complementar com o seguinte:

Marco, eu ainda iria um pouco além. Não existe propriedade sobre culturas. Não existe a nossa, a vossa ou a deles. Existe uma única cultura humana, impregnada aqui e ali com condicionantes específicas determinadas pela ação física do ambiente e por características históricas locais. Mas a cultura é eminentemente humana. Uma janela manuelina em Alcobaça é bonita, certamente, mas nunca será mais que uma janela. O túmulo de Cristovão Colombo em Sevilha é lindíssimo e impressionante, mas não serve pra mais nada além do que servirá o meu túmulo.

Todos temos o mesmo conjunto de necessidades básicas que nos motivam a reunir em nosso redor, enquanto indivíduo, o conjunto de propriedades e ferramentas que nos garantam antes de mais nada a vida. Percebemos, há milhões de anos, que atingimos mais facilmente nossos objetivos comuns reunidos em grupos sociais, a partir do momento que temos limitações físicas que nos impedem de caçar sempre que temos fome e que nossa principal fonte energética é a proteína encontrada principalmente na carne de outros animais.

Se fossemos herbívoros talvez tivéssemos desenvolvido asas, e não a língua e os blogues, e estaríamos por aí a cantar empoleirado em árvores, comendo apenas pequenos insetos que por lá passassem, de vez em quando. Mas nossa necessidade de proteína é maior que isto, o que gera a urgência de maior quantidade de carne, e água, o que nos obriga, já enquanto pequeno grupo, a determinar um território de caça com fronteiras bem definidas.

O ser da mesma espécie que ultrapasse as “nossas” fronteiras (e que pode vir a comer a “nossa” comida, beber a “nossa” água), e ainda mais se tiver alguma pequena diferença, nem que seja somente linguística, é automaticamente rechaçado. É eleito inimigo, sem se quer queremos saber quem é. A não ser que eles. “os invasores”, nos sirvam para alguma coisa, como os cães. Se eles, de alguma forma, nos proporcionarem benefícios, e enquanto os proporcionarem, viverão em paz conosco. Mas desde o momento em que nos passe a incomodar, voltam a ser inimigos e passam a ser alvo de ataques para que se afastem de nosso território. Caso sejam mais fortes, vamos nós é ter que procurar outro. Ou sumimos, mesmo que representemos uma rica civilização.

Mas, o processo de apropriação do território e determinação de fronteiras, e reunião de seres humanos comuns que se aceitam razoavelmente na mesma área de caça (*), é arbitrário. Homem nenhum é proprietário de terra alguma neste nosso planeta, cada vez mais pequeno, a não ser pelo que está escrito em papéis, que se desbotarão, se queimarão ou se perderão, com o tempo.

O único quinhão de terra a que o homem tem direito, enquanto indivíduo, e mesmo assim é provisório, é o espaço que seu corpo ocupa do nascimento até a momentos depois de sua morte. Mas, lá está, o próprio tempo se encarregará de mesmo este espaço funerário ser ocupado por outra coisa que já não será mais aquele indivíduo ali deixado, a não ser na lembrança dos que por aqui ficarem. E isto é verdade para qualquer membro da espécie animal, seja ele daqui ou dali, desta ou daquela cor, credo ou convicção política, legado, poder, força, etc.

Carrega toda a cultura humana a capacidade negra e africana, dos primeiros hominídeos pouco mais que chimpanzés (e a quantificação diz respeito ao desenvolvimento do neocórtex), de procurar e explorar este pequeno mundo em busca de satisfação. Já o fizemos com os pés no chão. Hoje o fazemos com a ponta dos dedos nos teclados e ratos. Mas continuamos a buscar a mesma coisa que o primeiro homem: nosso destino. E este destino comum é de todos, sempre foi e sempre será. Todos apodrecerão da mesma forma, na mesma velocidade e com o mesmo cheiro, independentemente da conta bancária, do sítio onde mora, da cor, da língua, do que for.

Mas continuamos a buscar dignidade, enganados achando que isto é proteína. Buscamos poder, achando que isto garantirá aos nossos entes queridos mais segurança e conforto, o que é o mesmo que dizer melhores condições de sobrevivência. Continuamos a acreditar que isto é melhor que aquilo e que assim seremos maiores e mais fortes que os outros, o que nos dá a ideia de estarmos mais próximos do sucesso. Somos tolos, fazer o que?

O Nelson Évora não é preto, não é português, não é nada além dele mesmo. Um indivíduo capacitado fisicamente a saltar mais longe do que a maioria dos outros humanos, o que já foi um handicap utilíssimo, principalmente quando se estava a fugir para salvar a própria pele. Handicap este tão admirado pelos outros humanos, que ainda hoje é premiado quem o tem.

Mas não é nada a mais, nem a menos, do que isto. Um primata de uma ordem específica, exatamente igual a mim ou a você. Temos é handicap diferentes, uns físicos outros intelectuais. Ainda bem. É exatamente esta diversidade que forma e enriquece a nossa cultura, que é de propriedade de todos os seres humanos do planeta.

Isto para dizer que é esta enganadora noção de propriedade da cultura, da terra ou da verdade que proporciona a distinção, os conceitos feitos a priori, a crispação, os ódios.

Sempre acreditei que seria a Internet a nos mostrar que não somos nada mais do que bits, 0s ou 1s, acesos ou apagados, vivos ou mortos. Espero ainda estar aqui para ver isto.

(*) que alguns chamarão de pátria, palavra derivada de patriarcado, que descende do grego pater, que significa pai ou dos pais, ou provedor da sobrevivência de seus filhos. A pátria é o próprio pai e mãe! Uma tradução livre de pátria seria mesmo a terra de nossos pais, aquela onde sempre vivemos e onde estºao enterrados a nossa família. O sentimento de propriedade da terra está intimamente ligada ao sentimento primário dos humanos, o amor dos pais.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 18 Out 2009 @ 10:38 PM

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 01 Out 2009 @ 10:11 PM 

Ying Yang, o equilíbrioO ser humano, desde que toma alguma consciência do mundo que o rodeia, ainda na infância, tem sempre pelo menos uma coisa muito clara em sua mente: para tudo há um princípio e um fim.

O dia começa com o nascimento do Sol e termina horas depois. Todos os dias, inexoravelmente. E vemos isto, e tomamos consciência, mesmo que nisso não pensemos.A vida dos animais e das pessoas começam e terminam, nascimento e morte. Um beijo materno começa com o toque da sua boca na face do filho e termina com seu afastamento.  O prato de comida termina, o tempo termina, a sede, o frio, o calor, o banho, tudo, tudo começa e termina algures.

A complexa noção de não existência, existência e retorno ao nada, começa a se formar ainda em tenra idade, embora não sistematizada. E talvez seja mesmo isto que nos distingua dos outros animais. Talvez seja mesmo esta a chave para a compreensão de nossa inteligência: temos antes de mais nada a consciência do princípio e do fim. Não me parece que qualquer outro animal tenha a concepção do final das coisas, ou pense de onde ou como se originam as coisas. Tem-nas simplesmente, ou não as tem, mas não preocupam-se em sua existência, do princípio ao fim. Simplesmente tem-nas ou não.

E este é também o princípio do conceito dual que se reflete em tudo o que fazemos e pensamos. Considero isto um defeito nosso, pelo facto de que mais nenhum animal ter esta propriedade.

Se olharmos bem para tudo o que fazemos e pensamos, perceberemos que este conceito dual está sempre presente. E é isto que tentarei discutir aqui nesta série de postais sobre a dualidade.

O próximo que escreverei será sobre aquilo a que os cientistas sociais chamam de dualidade perfeita, que é a conceção do bem e do mal representados nas figuras de Deus e Satanás. Até lá proponho um exercício interessante de reflexão: tentem identificar onde está o princípio da dualidade na Economia, na escrita e na História.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 07 Nov 2009 @ 08:07 AM

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 04 Ago 2009 @ 11:31 AM 

Perpetuação do mana através de gerações“Entre os melanésios, força ou poder impessoal e sobrenatural que pode estar concentrado em objetos ou pessoas e que pode ser herdado , adquirido ou conferido.” (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, )

“Entre os melanésios, o conjunto de forças sobrenaturais provenientes dos espíritos e que operam num objeto ou numa pessoa.” (Novo Dicionário Aurélio da língua portuguesa, 2ª edição)

“O Mana uma força impessoal que existe nas pessoas, animais e objectos inanimados e que instiga no observador um sentimento de respeito ou de admiração. Antropologicamente, mana é um conceito com um significativo interesse, já que é considerado frequentemente como o precursor de uma religião formal. O mana é comummente interpretado como a “substância da qual a magia é feita” além da substância que forma a alma.” (Wikipédia)

Esta poética definição da palavra “Mana”, encontrada no Wikipédia e que dá título ao postal, encontrei-a ao pesquisar na Internet sobre o fenómeno humano de adoração de pessoas. Eu estava a procurar a origem deste tipo de admiração (humana por outros humanos em carácter particular, mas sei que ela também pode se aplicar a animais, objetos inanimados, ícones, desenhos, etc), porque sempre que encontro pela rua este tipo de manifestação, que se exprime de diversas maneiras, interesso-me de forma particular, tentando compreende-la.

Todos temos diversas vezes na vida a oportunidade de presenciar momentos destes ao vivo (sem falar na TV que é quase que exclusivamente um instrumento de criação e destruição de ídolos), nos quais por vezes nós próprios estamos envolvidos como admiradores. Esta admiração pode proporcionar, como tudo na vida, tanto reações (cargas elétricas) positivas (amor, afeto, idolatria, etc) como negativas (ódio, ciúmes, inveja, etc). É-nos, por vezes, completamente impossível sermos indiferentes a determinadas pessoas, por mais que queiramos e/ou dizemos sê-lo.

Nos últimos anos, sempre que este tipo de manifestação ocorre na minha presença, passo a observar e a tentar analisar os indivíduos, compreender-lhes a razão. Tento verificar as suas particulares formas de manifestar a admiração. Tento compreender as intenções individuais e coletivas quanto ao objeto admirado. Encontro aí fonte inesgotável de inspiração de personagens e de credibilização psicológica destas mesmas personagens.

Percebo que a manifestação de admiração se produz em duas vertentes: a) na vertente imediata, uma vez que a comunicação se dá em primeiro lugar com os outros manifestantes, o que na esmagadora maioria das vezes é a única audiência de nossa manifestação; b) e na vertente secundária, está já no campo da imaginação, onde a comunicação de nossa admiração poder-se-ia se dar diretamente com o objeto admirado. Esta última, muitas vezes, em minha opinião, assume um carácter sexual.

Este é efetivamente o princípio básico da religiosidade humana. E este é um dos assunto que mais me desperta o interesse ultimamente, por que percebo com nitidez que a religião no futuro será uma coisa completamente diferente da que é agora.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 04 Ago 2009 @ 06:52 PM

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 03 Ago 2009 @ 12:01 AM 

Hoje completo 50 anos de vida. Ainda não sei exatamente o que isto significa. Estou a fazer uma espécie de retrospetiva e avaliação do que foi positivo e negativo. Não consigo concluir absolutamente coisa alguma. Consigo ver tudo, dependendo do ponto de vista, como positivo ou negativo.

Vejo felicidade e tristeza e consigo distingui-las com clareza. Mas não consigo ver com tanta nitidez, por exemplo, a interpretação jurídica de alguns crimes, a expressão da arte e seus efeitos nos seres humanos no que diz respeito a qualificação, a política e os sistemas políticos como necessários a civilização artificial, só para citar algumas coisas. Mas vai por ai além, muito além.

Mas começo a ver, diante dos meus olhos, o nascimento de algumas ideias novas. O que com 50 anos, é motivo de orgulho. Sinto-me efetivamente jovem.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 04 Ago 2009 @ 11:50 AM

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 14 Mai 2009 @ 6:57 PM 

Começo aqui uma série e posts sobre a dualidade, assunto que estou a estudar e sobre o qual muito tem que ser dito, por compreende-la como um princípio básico da natureza humana, como veremos, e que leva, segundo o que tentarei discutir sem a pretensão de provar, a algumas das maiores contradições, tanto ao nível filosófico quanto espiritual.

Começo pelo final. A dualidade é um factor tão fundamental na vida humana que ela se encontra representada até mesmo na base de tudo o que os computadores fazem. O 0 e o 1 são tudo para estas máquinas.

Quando dei aulas de IT sempre, na introdução dos cursos, costumava dizer que o computador é uma máquina completamente estúpida e que faz contas com os dedos. E o pior de tudo só tem um dedo! A única coisa que consegue representar fisicamente é um estado da existência ou não de energia elétrica num determinado ponto.

A este ponto onde há ou não corrente chamamos de dígito binário, em inglês BInary digiT, e daí o termo Bit.

O Bit é dual por natureza, só representa dois números 1 ou 0. Só representa duas situações: a de ter ou não corrente elétrica. Só representa dois valores quando a realidade: verdadeiro ou falso. Tudo ou nada, é o cúmulo do radicalismo e não aceita nenhum meio termo. Não há discussão possível com um Bit, sendo o maior adepto da doutrina pragmática. Se seu estado não é verdade é, irremediavelmente falso.

Um Bit é muito pouco para representar qualquer espécie de informação útil. Normalmente ele se agrupa com outros Bits, 8 no caso dos Bytes, para poder, aliado a estes e na dependência de seus estados individuais, representar em conjunto maior de possibilidades que somente as duas do indivíduo.

Este conceito é importante de ser compreendido para que consigamos entender algumas das questões que tentarei formular mais a frente, noutros posts.

Desta forma imagine um conjunto de 2 Bits, ou duas lâmpadas em perfeito estado de funcionamento. Quantas combinações possíveis conseguimos com estas lâmpadas? Matematicamente é simples de representar esta questão:

  • Cada lâmpada tem somente dois estados possíveis: estão acesas ou apagadas. Portanto a base de nosso cálculo é 2;
  • Elevamos a base ao número de indivíduos e teremos a representação matemática da questão. No caso 2²;
  • Ou 2 x 2 que é igual a 4;

Portanto, para duas lâmpadas temos 4 possíveis combinações entre seus estados, a saber:

  1. As duas apagadas ou 00 em binário ou 0 em decimal;
  2. A primeira apagada e a segunda acesa ou 01 em binário e 1 em decimal;
  3. A primeira acesa e a segunda apagada ou 10 em binário ou 2 em decimal;
  4. As duas acesas ou 11 em binário ou 3 em decimal.

Simples não? E assim conseguimos representar 4 números com duas lâmpadas, ou dois Bits. Podemos fazer inclusive operações aritméticas binárias. Por exemplo: posso afirmar que 01 + 10 = 11. Não! Isso não é um mais dez que é igual a onze. Isto é o equivalente binário de 1 + 2 = 3 em decimal!!!

Um Byte é um conjunto de 8 Bits. Quantas combinações são possíveis? 2⁸ = 256 (ou 2×2=4 x2=8 x2=16 x2=32 x2 =64 x2=128 x2=256). Ou seja com a combinação de indivíduos que só podem representar dois estados temos, guando os agrupamos, a possibilidade de representar, ou verificar, um conjunto maior de combinações.

Portanto percebemos o que é a dualidade, matemática e binária pelo menos. Depois falaremos mais sobre como acredito que isto influencia o nosso pensamento.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 15 Mai 2009 @ 07:08 PM

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