17 Dez 2009 @ 11:02 AM 

CorrupçãoRealmente eu não posso ficar seis horas fechado num sítio com muitas pessoas, como me aconteceu noutro dia, na Loja do Cidadão das Laranjeiras (Lisboa), afim de tirar o meu cartão do cidadão.

É que este tipo de evento me faz pensar em demasia, em analisar todas as pessoas que passam a minha frente. Tenho esta mania. Estas pessoas apresentam fartos elementos para manter ativa esta minha incessante procura de explicação para aquilo o que somos. Para os porque(s)?

Vi muitas coisas, pensei em muitas coisas mas uma me marcou em particular, sendo sublinhada todos os dias em que assisto aos jornais na TV portuguesa, que foi a pequena história de um menino que vi, também por muitas horas, na mesma fila que eu.

Impaciente, não compreendendo por que tinha que ficar parado ali naquele espaço cheio de gente, sem poder brincar livremente, presumo, o menino expressava isto espontaneamente, como as crianças fazem com naturalidade antes de serem “educadas” a não serem naturais e espontâneas, porque isto ofende as outras pessoas.

Por sua impaciência a mãe, na tentativa de resolver o problema, e sabedora, pela absurda e dolorosa demora que os números insistiam em se manter parados no reluzente painel eletrónico, de que aquilo iria levar ainda muito tempo, dizia que a mãe resolveu tentar controlar o impeto do pequeno rapaz. Levou-o a rua, num pequeno centro comercial que há mesmo ao lado da Loja do Cidadão. Devem ter comido, ainda era manhã, mas uma coisa ela fez, certamente, porque eu vi: comprou-lhe um belo brinquedo para acalmar o rapaz.

Não sei se o resultado foi o esperado, porque quando o vi de volta, com a enorme caixa do brinquedo na mão, ainda reclamava com a mãe a presença naquele espaço. – “Não quero voltar para aqui mãe. Vamos pra casa!” – dizia o menino. Não cheguei a ouvir o que a mãe lhe disse ao ouvido, mas eu sabia que ela não poderia dali sair.

Na hora só pensei, sob o ponto de vista da mãe, que o menino estava a fazer chantagem. – “Manda pra cá um brinquedo para que eu fique aqui nesta merda de lugar contigo. Mas agora que o tenho, quero com ele brincar e aqui não é o espaço apropriado” – me parecia dizer o menino com sua atitude.

Mas depois, vendo a TV, comecei a pensar sobre o ponto de vista do rapaz. Ganhamos um doce de presente quando somos bonzinhos. Ganhamos um belo presente de Natal se tiramos boas notas. Ganhamos um brinquedo de presente para ficarmos quietos na Loja do Cidadão. Se calhar um computador portátil de presente quando entramos na faculdade pública e um carro de presente ao sair dela formados. Uma casa de presente para irmos embora definitivamente, talvez.

Depois, porque teve uma bela educação, o nosso hipotético menino (que bem pode ser qualquer um de nós) por ventura assume um cargo público qualquer.

Daí vem a minha questão: por que diabo ele faria alguma coisa pelo simples fato de que a tem que fazer? Seja por profissionalismo, por abnegação, por patriotismo, solidariedade, seja lá por que for, por que ele faria alguma coisa pela qual não recebesse alguma coisa em troca, de presente?

“Não, o salário não serve”, pensaria o rapaz, “já que é o valor que me pagam pela compra de minha força de trabalho. Com esta força posso fazer qualquer coisa, boa ou má. Mas as coisas que proporcionam benefícios as outras pessoas, sejam eles financeiros ou de qualquer outro valor, são coisas especiais, que vão além daquilo que um funcionário público tem que fazer normalmente. Se este cargo público for um cargo de eleição então …” – mais motivos ainda tem o nosso rapaz de querer muitos presentes, para fazer bem a tantas pessoas que ele nem sabe quem são.

Tá bem… é uma teoria redutora, mas me parece que somos nós, educadores, que criamos e fomentamos a corrupção.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 17 Dez 2009 @ 11:21 AM

EmailPermalinkComentários fechados em Corrupção
Tags
Categories: Pensando alto
 16 Dez 2009 @ 10:30 AM 

Sempre precisei
De um pouco de atenção
Acho que não sei quem sou
Só sei do que não gosto…

E nesses dias tão estranhos
Fica a poeira
Se escondendo pelos cantos
Esse é o nosso mundo
O que é demais
Nunca é o bastante
E a primeira vez
É sempre a última chance
Ninguém vê onde chegamos
Os assassinos estão livres
Nós não estamos…

Vamos sair!
Mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos
Estão procurando emprego…

Voltamos a viver
Como há dez anos atrás
E a cada hora que passa
Envelhecemos dez semanas…

Vamos lá, tudo bem!
Eu só quero me divertir
Esquecer dessa noite
Ter um lugar legal prá ir…

Já entregamos o alvo
E a artilharia
Comparamos nossas vidas
E esperamos que um dia
Nossas vidas
Possam se encontrar…

Quando me vi
Tendo de viver
Comigo apenas
E com o mundo
Você me veio
Como um sonho bom
E me assustei
Não sou perfeito…

Eu não esqueço
A riqueza que nós temos
Ninguém consegue perceber
E de pensar nisso tudo
Eu, homem feito
Tive medo
E não consegui dormir…

Vamos sair!
Mas estamos sem dinheiro
Os meus amigos todos
Estão, procurando emprego…

Voltamos a viver
Como a dez anos atrás
E a cada hora que passa
Envelhecemos dez semanas…

Vamos lá, tudo bem
Eu só quero me divertir
Esquecer dessa noite
Ter um lugar legal prá ir…

Já entregamos o alvo
E a artilharia
Comparamos nossas vidas
E mesmo assim
Não tenho pena de ninguém…

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 16 Dez 2009 @ 10:30 AM

EmailPermalinkComentários fechados em E hoje também …
Tags
Categories: Pensando alto
 15 Dez 2009 @ 12:57 PM 

Quem me dera
Ao menos uma vez
Ter de volta todo o ouro
Que entreguei a quem
Conseguiu me convencer
Que era prova de amizade
Se alguém levasse embora
Até o que eu não tinha

Quem me dera
Ao menos uma vez
Esquecer que acreditei
Que era por brincadeira
Que se cortava sempre
Um pano-de-chão
De linho nobre e pura seda

Quem me dera
Ao menos uma vez
Explicar o que ninguém
Consegue entender
Que o que aconteceu
Ainda está por vir
E o futuro não é mais
Como era antigamente.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Provar que quem tem mais
Do que precisa ter
Quase sempre se convence
Que não tem o bastante
Fala demais
Por não ter nada a dizer.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Que o mais simples fosse visto
Como o mais importante
Mas nos deram espelhos
E vimos um mundo doente.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Entender como um só Deus
Ao mesmo tempo é três
Esse mesmo Deus
Foi morto por vocês
Sua maldade, então
Deixaram Deus tão triste.

Eu quis o perigo
E até sangrei sozinho
Entenda!
Assim pude trazer
Você de volta pra mim
Quando descobri
Que é sempre só você
Que me entende
Do iní­cio ao fim.

E é só você que tem
A cura do meu vício
De insistir nessa saudade
Que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Acreditar por um instante
Em tudo que existe
E acreditar
Que o mundo é perfeito
Que todas as pessoas
São felizes…

Quem me dera
Ao menos uma vez
Fazer com que o mundo
Saiba que seu nome
Está em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz
Ao menos, obrigado.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Como a mais bela tribo
Dos mais belos índios
Não ser atacado
Por ser inocente.

Eu quis o perigo
E até sangrei sozinho
Entenda!

Assim pude trazer
Você de volta pra mim
Quando descobri
Que é sempre só você
Que me entende
Do início ao fim.

E é só você que tem
A cura pro meu vício
De insistir nessa saudade
Que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.

Nos deram espelhos
E vimos um mundo doente
Tentei chorar e não consegui.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 15 Dez 2009 @ 01:03 PM

EmailPermalinkComentários fechados em Hoje sinto uma saudade desesperada de minha juventude
Tags
 14 Dez 2009 @ 1:20 PM 

LoucuraSobre este aspecto, e num pensamento bastante vago, reconheço-me, na compreensão e análise do assunto, com a opinião de Michel Foucault quando diz:

“Se se define a doença mental com os mesmos métodos conceituais que a doença orgânica, se se isolam e se se reúnem os sintomas psicológicos como os sintomas fisiológicos, é porque antes de tudo se considera a doença, mental e orgânica, como uma essência natural manifestada por sintoma específico. Entre estas duas formas de patologia, não há então unidade real, mas somente, e por intermediário destes dois postulados, um paralelismo abstrato. Ora o problema da unidade humana e da totalidade psicossomática permanece inteiramente em aberto.”

Mas apesar destas palavras já soarem a velho nos dias que correm, proferidas na década de 1970 do século passado, ainda existem pessoas que confundem seus estados de comportamento considerados normais com padrões estáveis de saúde, tanto mental quanto orgânica. Desta forma sentem-se confortáveis para, em função de sua própria normalidade, e crenças, julgar doente aqueles que agem de forma diferente das suas.

Sintomático de uma sociedade que se normatiza através da TV e da Internet. Ao contrário de um bom livro, onde o pensamento é formado a partir da crítica individual das palavras do autor, a TV retira a crítica, por apresentar a análise já pronta. E a Internet, igualmente redutora (em alguns casos a 140 letras) abre o espaço à interação, apesar de fazê-lo em dois sentidos: 1) de uma forma a-crítica, onde os comentários as palavras não são ripostadas pelo autor, dando, desta forma, margem para os comentários dos mais estapafúrdios, loucos mesmo, aos olhos dos outros comentadores, principalmente pela exiguidade das referências formais que sustentam e justificam o pensamento do comentarista, como são exemplos os cometários nos jornais; 2) de forma crítica por parte do(s) autor(es), porém, sempre permeados por uma convicção firme de suas ideias que, ao serem criticadas, são vistas como ofensivas, por vezes retiradas outras não, mas sempre recusadas. São exemplos destas os blogues pessoais.

Daí a diagnósticos, dentre os comentadores, também estapafúrdios a cerca de comentários dos outros, estabelecendo-se uma conversa de surdos, com opiniões absurdas, dignas da loucura formal, imaginada por agentes oníricos de uma razão esdrúxula. Sinal dos tempos.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 14 Dez 2009 @ 01:51 PM

EmailPermalinkComentários fechados em Doença mental e psicologia
Tags
Categories: Pensando alto

 Last 50 Posts
 Back
Change Theme...
  • Users » 2
  • Posts/Pages » 169
  • Comments » 27
Change Theme...
  • VoidVoid « Default
  • LifeLife
  • EarthEarth
  • WindWind
  • WaterWater
  • FireFire
  • LightLight

.eu



    No Child Pages.

Objetivo



    No Child Pages.