Ética

 
 09 Nov 2009 @ 9:29 AM 

ÉticaO que é certo? O que é errado?

São as duas perguntas mais difíceis de responder se o tentarmos fazer deslocados de um contexto específico. O que é certo e o que é errado estão sempre dependentes do que se pretende fazer num dado momento, mas também está ligado com as consequências que este julgamento pode acarretar para nosso futuro. E os elementos que nos fazem decidir com maior correção sobre o que está certo ou errado podem estar, ou não, no passado.

Complicado? Sim. Muito.

A inteligência da natureza de forma geral, e humana em particular, está perpetuada nesta dualidade. O que é certo e o que está errado são conceitos, e como tal são subjetivos. Para existirem, estes conceitos irão sempre depender do ponto de vista de quem os analisa. E este aspecto é muito importante que seja compreendido e interiorizado, para que possamos exercer nossa plena liberdade, sem sermos condicionados por fabricantes de padrões de atitudes certas e/ou erradas, como os religiosos, os legisladores e os comerciantes.

Enquanto seres humano, como qualquer outro ser vivo, vivemos a vida com o único propósito de viver. Isto nós já concluímos (espero). Porém, ao longo da vida, somos constantemente confrontado com decisões que influenciam não só o nosso estado num dado momento presente, como o nosso estado futuro. E isso dito no que diz respeito a saúde física e mental, dois elementos básicos a vida do indivíduo. Nunca temos que tomar decisões sobre nosso passado, e se o tivéssemos que fazer, seríamos desonestos em algum momento.

A ética é um conjunto básico de orientações, regras e procedimentos sociais, que determinam as nossas decisões que exerçam influência sobre mais que um indivíduo. Estas regras não são definidas por agentes externos ao indivíduo nem são rígidas, se assim o fossem seriam leis, mas determinam a nossa ação social. A ética não existiria se só existisse um único indivíduo no espaço e no tempo. Simplesmente não teria utilidade, bem como a moral e as leis. Embora possa se falar, como hoje se fala, em ações éticas para com a Natureza. Mas isto, como veremos, somente ocorre devido a atividade económica do grupo social, uma vez que o indivíduo e muito frágil para ferir a Natureza.

Por vivermos em sociedade, se fossemos tomar decisões somente baseados em nossos instintos individuais, correríamos desnecessariamente riscos de gerar angústias, infelicidades. Por nossos instintos individuais, comeríamos toda a comida que víssemos a frente e que nosso corpo suportasse, reuniríamos ao nosso redor todos os bens que estivessem ao nosso alcance, teríamos posse de toda a água, terra, alimentos, ar, etc.. Seríamos deuses de nós próprios e só permitiríamos existir uma única descendência genética, a nossa. (Concorda com isto ou acha que somos assim por que existe concorrência de outras pessoas?).

Mas estes são nossos instintos individuais. E são assim tão fortes pelo fato de que nutrimos, desesperadamente, aquele desejo básico de viver enquanto indivíduos.

Porém, e ainda bem, já percebemos (embora por vezes nos esqueçamos), que vivemos melhor se vivermos em sociedade. Já percebemos que para além de termos um compromisso com a manutenção de nossos seres individuais, também temos um compromisso, que talvez até seja mais importante, em mantermos a vida de nossa espécie.

Percebemos que ao dar chance aos nossos semelhantes, sejam ou não de nossa descendência (família), acabamos por conseguir reunir e manter mais meios de subsistência do que conseguiríamos sozinhos. E só por isto vivemos em sociedade. Sim, sim, estou a dizer que vivemos em sociedade porque percebemos que desta forma atingimos mais facilmente aos nossos desejos instintivos individuais.

Este convívio social nos obriga a abrir mão de uma série de desejos individuais, afim de mantermos as relações sociais que nos proporcionam melhores condições de vida enquanto indivíduo. E esta é já uma ação quase tão involuntária quanto respirar. Está quase completamente integrada em nossos procedimentos padrão, para manter-mo-nos vivos. Porém ainda não está completamente integrado.

Por vezes ainda cometemos excessos provocados por nosso instinto individual e “traímos” nosso acordo silencioso que regula as relações com os outros seres humanos. Sempre que assim agimos, embora sob nosso ponto de vista possa parecer certo, somos punidos pelo grupo, por prejudicarmos a conjugação orgânica que deveria existir também no grupo, e não só em nosso ser individual. Agimos certo enquanto indivíduos e errados enquanto membros de um grupo. Uma mesma ação pode ser considerada certa e errada dependendo do ponto de vista.

Este tipo de ação errada contra o grupo social ocorre nos seres humanos, e em outros animais, sobretudo na infância, dure ela quanto durar. Durante os primeiros anos de nossas vidas só temos “olhos” para nós próprios, num processo natural de sobrevivência.

A própria beleza ingênua e frágil intrínseca a infância, é uma forma natural de defesa individual, por gerar no semelhante a compaixão e o carinho instintivos, necessários a manutenção da vida do rebento.

Já a beleza da puberdade, da adolescência, tem outro sentido, já sexual, o que pressupõem o início da convívio social (não somos hermafroditas). Porém, alguns sentimentos egocêntricos infantis perduram por longos períodos da vida.

Mas já estou a me afastar demais do assunto do postal. Voltarei, inevitavelmente, a estas questões. Mas para já fica aqui uma breve explicação do que é ética e o que isto tem a ver com nosso convívio social. É a ética que nos dá as ferramentas para julgar o que é certo e errado, porém ela também é variável, em função de quem a avalia, em função de quem as nossas ações exercem influência. E é só neste sentido que ela existe. Não faz sentido uma ética do indivíduo. Por nosso desesperado desejo de viver, não agimos contra nós próprios. Por vezes erramos na medida das nossas ações, mas elas sempre tem o intuito de nos mantermos vivos e felizes.

Resumindo e concluindo: a ética é um critério utilizado nas decisões das ações que tomamos em nossas vidas, que determina que para além de nos beneficiar com estas ações cuidaríamos, ao mesmo tempo, de não prejudicar ninguém.

Por vezes isto é claramente impossível. Neste caso escolhemos as ações que nos beneficiem menos, mas que também prejudiquem menos a outros.

Ying Yang, o equilíbrioOs chineses tem o conceito do Yin e Yang, que representa, inclusive graficamente, esta dualidade. Este conceito preconiza que devemos sempre buscar o equilíbrio em tudo o que fazemos, em nossas ações. É um ponto de partida interessante, levando em consideração que sempre, para nosso proveito, haverá alguém que deixará de ter alguma coisa, no mínimo aquilo que consumimos, imaginando que todos os recursos naturais do planeta são, igualmente, de todos os seres vivos. Se buscarmos o equilíbrio entre o que nos beneficia e a medida do prejuízo de outro, estaremos a caminho da justiça.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 09 Nov 2009 @ 09:32 AM

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Categories: Pensando alto


 

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