Sempre me perguntei porque falavam em países do terceiro mundo e do primeiro mundo, mas não ouvia falar em países do segundo mundo.
Conhecedor da realidade de um país que era até bem pouco tempo considerado um país do terceiro mundo, o Brasil, e ciente dos níveis de qualidade de vida exigidos para os chamados países do primeiro mundo, ficava somente a imaginar como seriam então os países do segundo mundo.
Cheguei a pensar que não falamos dos países “de segunda” por este termo encerrar um certo caris pejorativo. Ser do primeiro mundo é ser um país orgulhoso. Ser do terceiro é o reconhecimento de fragilidades sociais que devem ser corrigidas naquele país. Mas ser de segundo é meio como estar no limbo, que até ele já foi extinto. É menor, ofensivo, pequeno.
E esta semana vi um exemplo do que é ser um país do segundo mundo no que diz respeito a vacinação contra o H1N1. Enquanto nos países do terceiro mundo, pobres, recorrem a OMS para o envio de vacinas gratuitas para uma pequena parte de suas populações, nos países do primeiro mundo há disponível, para toda a população, mais que um tipo de vacina. Dois pelo menos: um para todas as pessoas e outro para as mulheres grávidas. No centro do Império, só há mesmo o tipo utilizado pelas grávidas, por representar menores riscos para a população.
Já nos países do segundo mundo uma grande parte da população, não toda mas grande parte, tem acesso a apenas um tipo de vacina, porém aquela que no primeiro mundo é dada a todos. Desta forma são vacinadas com o tipo comum inclusive as mulheres grávidas.
Pena é que esta economia, pressupondo ser um processo mais caro o da aplicação de mais que um tipo de vacina, nem que seja pela disponibilização de dois stocks, custe a perda de algumas vidas… Uma que seja, causada por razões económicas, já é um injusto exagero.
Há ainda, em relação a esta gripe, uma constatação no mínimo curiosa: trata-se de uma doença discriminatória que ataca principalmente aos ricos.