23 Ago 2009 @ 8:56 AM 

Evolução da humanidade ocidental

O “come quem quer”, “fuma quem quer”, etc. é o argumento utilizado pela indústria alimentar e do tabaco na hora em que são condenados a pagar indemnizações aqueles que sofreram as consequências do processo de massificação de mal hábitos patrocinado pela indústria ocidental. E perdem nas cortes ao utilizar este argumento.

A separação entre os fortes que resistem a pressão mediática e social e os fracos que engordam e morrem das consequências provenientes da massificação de lixo consumista, é um argumento que tem por base a eugenia. Está provado nas cortes e na História.

Fala-se aqui em questões básicas muito sérias do processo de desenvolvimento social pelo qual o mundo ocidental católico (aquele que se habituou a comer carne de porco, lixo para os judeus e muçulmanos) passa neste momento em que se revê todas as consequências da Revolução Industrial, da crise financeira e económica causadas pela massificação industrial que levou a crise de 1929 e a de 2008/2009, aos processos “fast rich” que trazem dinheiro para alguns e sofrimento para milhões.

Em minha opinião todo este processo está errado e tem que ser modificado. Todo o processo de diminuição do custo de produção visando a maximização do lucro, em detrimento da qualidade de vida das pessoas tem que ser modificado. E na indústria alimentar isto se apresenta de forma particularmente cruel, porque atinge diretamente a qualidade de vida das pessoas e, sobretudo, a saúde!

É triste ver um mundo ocidental que cada vez consome mais lixo, e isto se vê na dimensão de seus corpos, enquanto na maioria do mundo morre-se de fome. O alimento consumido por aquela senhora da foto dava para alimentar de forma equitativa pelo menos mais 4 pessoas. Se por cada gordo, sinal efetivo de produção e consumo excessivos, houvesse uma maneira de dividir este alimento em partes iguais, não haveriam nem os gordos nem os que morrem a fome.

Mas que isto fosse feito sem o paternalismo de um estado totalitário. Que fosse feito por mera solidariedade. O problema é que a solidariedade não gera lucro. Portanto é melhor engordar os daqui, dando-lhes muito mais alimento do que precisam, desde que eles tenham dinheiro para pagá-lo, do que utilizar este excedente para alimentar a quem realmente precisa. É como a indústria do dinheiro: só emprestam para quem o tem.

Sinto-me mal, muito mal, quando vejo um manifestante qualquer no mundo ocidental a destruir alimento pelo fato dele não proporcionar o lucro que esperava. Porra! E os que estão a morrer a fome?

Que se canalize as calorias que excedem nos maioritariamente gordos ocidentais para os maioritariamente desnutridos do resto do mundo. Tenho a certeza que todos ficariam mais felizes. Menos os “louros de olhos azuis engravatados” a quem o Lula responsabilizou esta última crise que passamos. Mais uma vez uma crise de excedente industrial. Só que desta vez proveniente da indústria do dinheiro.

É fácil de ver, não é?

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 23 Ago 2009 @ 09:31 AM

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 15 Ago 2009 @ 4:32 PM 

Ontem, enquanto escrevia o postal sobre a música do Led Zeppelin, ao afirmar que o solo do Jimmy Page ainda, pra mim, inigualado, pensei muito numa música em particular. Na Firth of Fifth do Genesis, onde está aquele que penso ser o solo de guitarra mais bonito que já ouvi. Não supera o solo do Jimmy Page em técnca, mas supera em harmonia e beleza, como já acontecera na Parents do Budgie.

Mas o que me fez querer vir aqui para dizer isto é que ao novamente procurar imagens da Firth of Fifth no YouTube, reencontrei um vídeo pelo qual tenho particular admiração e que nunca o reproduzira nem aqui nem no GavezDois. É que estranhamente o fabuloso violonista que toca esta música não permitia a Tony R. Clef, reprodução dos vídeos em outras páginas. Mas agora permite e com novas características dos links do YouTube.

Gosto tanto do trabalho do Tony, do qual sou assinante do canal, e fiquei tão satisfeito que resolvi postar só para ouvirmos esta música fantástica. Aqui não há o solo do Steve Hackett (originalmente, bem como aqui, feito também numa Les Paul), mas o resto … !!!

Posted By: Edgard Costa
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Categories: Memórias, Pensando alto
 14 Ago 2009 @ 9:03 AM 

Gibson Les Paul Standard

Hoje, 13/08,  morreu um símbolo de minha paixão. Nossa vida é repleta de paixões. Apaixonamo-nos até mesmo por outras pessoas! Mas na maior parte do tempo apaixonamo-nos por coisas, ideias, imagens formadas em nossa mente do que imaginamos ser aquilo ou alguém.

Desde que tenho lembrança de fortes paixões, lembro-me dela. Clara, lisa e macia. Lembro-me de todas as curvas de seu corpo e de como me imaginei a acariciar-lhe. Partindo dos dedos de sua mão, deslizando suavemente ao longo de seu braço, parando por vezes num ponto qualquer, atendo-me num detalhe, tentando perceber o significado dos gemidos que ela produzia quando variava a intensidade, ou a velocidade, das carícias de meus dedos. Punha-me lentamente a caminho da concavidade que me levava ao interior de seu corpo. Aproximava-me de um de seus pontos mais sensíveis, onde seus gritos se tornavam mais altos e agudos, e suas reações mais femininas. E voltava ao início. Punha-me de novo a caminho de seu corpo. E ela gritava, gritava, gemia, chorava e cantava …

A primeira vez que me impressionei por seus atributos, seus gritos, seus sons, sua suave agressividade sonora, foi em 1970. Tinha eu apenas 9 ou 10 anos de idade quando ela me chamou a atenção. Ainda não sabia quem era ela mas quis imediatamente saber. Tentei descobrir-lhe o nome e soube que se chamava Gibson. Mas não só. Não uma Gibson qualquer. Era conhecida entre as outras Gibsons como Les Paul. Primeiro imaginei que seu nome fosse uma homenagem ao membro de uma outra de minhas paixões. Mas depois descobri que não. Que afinal homenageava outro homem.

E foi este homem que hoje morreu. Chamava-se simplesmente Les Paul, apesar de ter nascido Lester William Posfuss e tinha 94 anos pelos vistos, muito bem vividos.

Eu mesmo vivi grande parte de minha vida em torno das invenções deste homem genial, que para além da guitarra elétrica de corpo sólido, inventou também a gravação magnética em multi pistas, levando a gravação dos discos de guitarristas que utilizavam os seus inventos, a um infinito criativo que veio a desembocar num The Dark Side of the Moon, do vigoroso adepto da Les Paul, David Guilmour, por exemplo. Poderia ainda falar no tal outro Paul, o McCartney ou do George Harrison (aperar deste último ser mais adepto dos modelos acústicos da Gibson, muito semelhantes a enorme Gretsch que utilizava no início da carreira, da mesma forma que John Lennon), sem me esquecer do Pete Towshend, Jeff Back, Frank Zappa, Mark Knopfler ou do Slash, entre outros.

Mas para homenagear a morte de Les Paul, pus-me a ouvir, mais uma vez de forma compulsiva, aquela que é pra mim a grande obra prima da utilização sublime de todas as potencialidades de uma Les Paul. Pus-me a ouvir Since I’ve Been Loving You, onde o Jimmy Page mostra ao mundo o que era possível fazer com aquele instrumento fabuloso.

Led ZeppelinOuvi hoje, da mesma forma que já fizera aos 10, 11, 12, 13, 14, 15 … anos, aquela música pelo menos umas 30 vezes, que é o número necessário de vezes que preciso ouvi-la para satisfazer o meu insaciável desejo de prazer musical.

E, passados 40 anos, continua a ser um blues arrasador, onde todos os músicos se entregam de corpo e alma na interpretação sublime de uma canção sem igual. A gravação em estúdio, certamente utilizando um gravador multi pista, é um delicado minueto para voz e Les Pau, onde o guitarrista inglês ultrapassa a qualidade e o bom gosto na seleção e aplicação dos acordes. Desde as cinco notas iniciais, que Page já utilizara nos Yardbirds anos antes, ao solo, para mim, nunca igualado, esta música é, inequivocamente, um dos maiores clássicos dos anos 70 e faz de Jimmy Page um dos maiores artistas que se exprimem através de uma Les Paul. Mereceu inclusive um modelo que se chamou Jimmy Page Les Paul. Pouca coisa?

E foi assim que me apaixonei irremediavelmente pela primeira vez na minha vida. Apaixonei-me de uma só assentada pelo Led Zeppelin, pelo Robert Plant, pelo Jimmy Page, pelo Rock e por aquele magnífico instrumento musical.

Tão decisiva esta paixão, me incentivou a estudar, trabalhar e ganhar dinheiro. É que para um brasileiro de classe média em 1970, uma Gibson Les Paul tinha o preço de uma Ferrari aos meus olhos de hoje. E eu sempre quis ter uma. Em 1975, aos 15, já trabalhava nas horas vagas e aos finais de semana numa loja de disco, a Crazy Sound, perto do meu colégio, Andrews na praia de Botafogo. Aos 17 fui trabalhar numa editora, a EMI/Odeon.

Aos 19 consegui atingir ao meu objetivo: comprei uma Gibson Les Paul com o corpo rajado, cor de madeira, parecia um felino. Magnífica. Foi realmente um dos maiores tesões que já tive (desculpem-me as 3 esposas) e passei com ela alguns dos melhores momentos de minha vida.

Andávamos junto para todos os lados. Sempre que eu podia exibia sua beleza e minha destreza a ouvintes cansados. Sem sentir o que eu sentia, aquilo parecia sem sentido, uma mera masturbação. Eles também queriam senti-la, mas eu não deixava. Morria de ciúmes dela. Passava-lha a flanela assim que alguém lhe tocava um dedo. Aquilo era a minha vida.

Foi … como tudo, foi a minha vida eterna naqueles instantes. Depois, ficou colocada de lado. Já não me despertava a atenção e o interesse. Acabei por vendê-la e, por incrível que pareça, até ganhei algum dinheiro com nossa separação. Apaixonei-me por outras coisas. Entraram as mulheres em minha vida e minha carreira promissora de guitarrista foi-se, bem como algum dinheiro.

É assim. Sempre foi assim. E no final morremos, como hoje o Les Paul. Tenho com ele, acredito, um grande ponto em comum: adoro viver. Mesmo que o tempo passe e produza caricaturas de nossas juventudes, a mémória me impede e me recuso a deixar de me apaixonar (na e) pela vida.

PS: Ao clicar na imagem da guitarra lá acima, pelo menos no Firefox de minha paixão Fedora, abre um outro separador com uma daquelas visualizações psicodélicas que, bem observada e ao som da gravação original da música, podem te levar numa viagem até aos anos 70. Boa viagem.

Led Zeppelin Since I’ve Been Loving You (version live 1994) – kewego
Tout simplement une des plus belles chansons de l’histoire du rock. Magistral.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 14 Ago 2009 @ 11:52 AM

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Categories: Memórias
 13 Ago 2009 @ 4:15 AM 

Estátua da LiberdadeEu sou livre! Sou livre! Sou livre para ser gente civilizada, sou livre para ser o que quiser, dentro daquilo a que me deixam escolher.

Sou livre para torcer para o clube que eu quiser, para ir a estádios e pagar para assistir ao futebol. Sou livre para pagar as apostas esperançosas de ganhar milhões que não mais acabam todas as semanas. Aliais, sou livre para gastar o dinheiro que sobra, do dinheiro que ganho com meu trabalho, naquilo que eu quiser.

Sou livre! Sou livre! Posso escolher em quem votar, da esquerda à direita, do Portas ao Portas, que é o mesmo que dizer de leste a oeste. Mesmo sabendo que não há nada nem a norte, nem a sul, nem a sudeste, nem a noroeste, nem em mais lado nenhum, posso votar da esquerda à direita. Sou livre como uma estátua.

Sou livre! Sou livre! Posso falar a mesma língua que meus vizinhos, posso me vestir como eles, posso ter a mesma religião que eles, posso ser da mesma cor deles, posso ser tolerante e politicamente correto com eles. Sou livre, inclusive, para discriminar, se eu quiser. Posso até dizer bom dia, boa tarde e boa noite pra eles, o que é tão belo. Sou livre para estar completamente nu em meu banheiro!

Sou livre! Sou livre! Posso ter um carro, um fogão, um frigorífico, um ar condicionado, vários aparelhos de televisão, vários computadores. Posso gastar energia a vontade. Posso até ter aqueles porta retratos modernos que ficam mudando entre as minhas fotografias prediletas, no tempo em que eu quiser, mesmo que para lá eu não olhe. Sou livre para imaginar o que eu quiser. Sou livre para sonhar!

Sou livre! Sou livre! Posso beber água, respirar o ar, andar na terra, fazer o pão, rever amigos, olhar para o céu, pagando somente parte daquilo que sobra do tal dinheiro que ganho. Posso até abrir e fechar a porta de minha casa quantas vezes eu quiser! E mais: posso fazer cocó e xixi quando eu quiser.

Li este texto para um índio que conheci. Perguntei-lhe o que achava do tom jocoso de minhas palavras. Ele respondeu-me que também podia fazer cocó e xixi quando quisesse, mas que no resto, não sabia do que eu estava a falar. Eu sou livre! Sou livre!

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 13 Ago 2009 @ 11:26 PM

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 06 Ago 2009 @ 6:13 PM 

Publicada em crônica de Carlos Drummond de Andrade, no Jornal do Brasil de 21.11.78 – RJ.

COMO OS ANIMAIS, AS PLANTAS TEM DIREITO À VIDA

A Declaração Universal dos Direitos da Planta concebida pelo professor universitário Adalberto Bello de Andrade é a seguinte:

Art. 1 – Todas as plantas nascem iguais perante a vida e têm os mesmos direitos à existência.

Art. 2 – O homem depende da planta e não poderá exterminá-la. Tem obrigação de colocar a seu serviço os conhecimentos que adquiriu.

Art. 3 – Toda planta tem direito à atenção, aos cuidados e à proteção do homem. Se a morte de uma planta for necessária, deve ser precedida de cuidados para o transplante da espécie.

Art. 4 – Toda planta pertencente à espécie selvagem tem direito de viver livre em seu próprio ambiente natural terrestre ou aquático e a reproduzir-se. Todo corte de planta, mesmo para fins educativos, é contrário a esse direito.

Art. 5 – Toda planta pertencente a uma espécie ambientada tradicionalmente na vizinhança do homem, tem direito a viver e crescer no ritmo e nas condições de vida e liberdade que forem próprias de sua espécie. Qualquer modificação deste ritmo ou destas condições, que for imposta pelo homem com fins mercantis, é contrária a esse direito.

Art. 6 – Toda planta escolhida pelo homem para companhia tem direito a uma duração de vida correspondente a sua longevidade natural. Abandonar, esmagar, queimar uma planta é ação cruel e degradante.

Art. 7 – Toda planta utilizada em ornamentação, principalmente em recinto fechado, tem direito à limitação razoável da permanência e intensidade dessa ornamentação, bem como adubação reparadora, água pura e ar natural.

Art. 8 – A experimentação vegetal que envolver sofrimento físico ou dano irreparável à planta é incompatível com os seus direitos, quer se trate de experimentação médica, científica, comercial ou de qualquer outra modalidade. As técnicas de enxertia que visem à preservação da espécie devem ser utilizadas e desenvolvidas.

Art. 9 – Se uma planta for criada para alimentação, que o seja em solo previamente preparado, utilizando-se técnicas e elementos que permitam o seu crescimento natural, e que jamais alterem o sabor característico da espécie ou acelere a maturação dos frutos. Se uma planta for criada para transformação, seu corte deve ser precedido do replantio de, no mínimo, 10 unidades da sua espécie.

Art. 10 – Nenhuma planta, fruto ou semente deve ser utilizado para divertimento do homem. As exibições de maneira imprópria ou chocante são incompatíveis com a dignidade da planta.

Art. 11 – Todo ato que implique a morte desnecessária de uma planta constitui biocídio, isto é, crime contra a vida.

Art. 12 – Todo ato que implique a morte de grande número de plantas selvagens constitui genocídio, isto é, crime contra a espécie. A poluição destrói o ambiente natural e conduz ao genocídio.

Art. 13 – As cenas de violência contra as plantas – cortes, derrubadas e queimadas – devem ser proibidas no cinema e na televisão, salvo se tiverem por finalidade evidenciar ofensa aos direitos da planta.

Art. 14 – Organismos de proteção e salvaguarda das plantas devem ter representação em nível governamental. Os direitos da planta devem ser defendidos por lei, como os direitos humanos e os direito do animal.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 06 Ago 2009 @ 06:13 PM

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Categories: Pensando alto
 06 Ago 2009 @ 5:20 PM 

A distorção da formação de nossa compreensão da realidade, provocada pelo nosso envolvimento com a artificial civilização industrial, a que estamos inseridos, já chega a tal ponto, que somos capazes de fazer campanhas, e gastar dinheiro, em defesa de determinadas ideias, contra umas coisas e/ou a favor de outras, mas que ambas, na prática, são opiniões formadas em função de visões artificiais da realidade. Nada tem a ver com a nossa natureza humana, que se perde numa argumentação sem nexo.

Sei que esta é uma afirmação complexa e será de difícil demostração. Mas é isto que tentarei fazer a seguir. Sei que não conseguirei no âmbito deste postal. Serão ainda precisos muitos outros para demostrar com clareza, para resumi-lo em afirmações simples e objetivas. Mas é este, estudar esta afirmação, um dos principais propósitos deste blogue. Não chego agora a saber se a própria afirmação está bem formulada, mas para o propósito a que me destino neste momento, é suficiente.

Dinheiro é gasto em campanhas para que se deixe de comer carne animal e se passe a consumir somente vegetal. Ótimo. Não fossemos nós humanos, simultaneamente, carnívoros e herbívoros. A Antropologia nos ajuda a fazer esta última afirmação com um elevado grau de certeza.

Mas o caso que me chamou a atenção é uma exemplar ação de artificialidade civilizatória, pois carrega em sua mensagem diversas incoerências. Trata-se do caso da PETA (People for the Ethical Treatment of Animals).

Uma das principais mensagens desta ONG, com mais de dois milhões de membros e apoiantes, sendo mesmo a maior organização que trata dos direitos dos animais no mundo, segundo o seu site (http://www.peta.org), é extremamente simples: Não coma aninais, seja vegetariano!

Perfeito. Bonito. Poético. Só que nós somos animais (também) e carnívoros! E para que se defenda aquilo que para eles é importante, os animais, direcionam para os vegetais o voraz apetite dos humanos que tem dinheiro para se alimentar.

Ok. Compreensível mas… por que? Terão os animais a quem eles defendem os direitos, mais direitos que as plantas? Sendo ambos seres vivos domesticados para nossa satisfação alimentar, uns tem mais “direitos” que outros? Aplica-se aos animais ou as plantas a artificial noção de direito, acima das leis da natureza, sob o qual nos organizamos?

Acredito que as plantas tem sentimentos, como provou Cleve Bacster, e comprovaram os MithBusters, e que sentem inclusive dor. Neste caso onde estaria a diferença entre os animais e os vegetais?

A exploração do erotismo feminino nas campanhas da PETA, não serão também tão criticáveis quanto a possível exploração dos animais para satisfação de nossa necessidade básica como eles apresentam?

Questões as quais tentarei responder mais tarde. Mas, para já, uma visão de uma outra organização social, destas a que nossa artificial civilização está cheia, contra a atuação da PETA. Com a palavra, as feministas.

Não me manifesto nem contra nem a favor de um ou outro ponto de vista. Estou tão somente a ler as opiniões. Ambas me parecem artificiais. Vejo o próprio direito como uma artificialidade necessária.

Mas acredito que se a PETA utilizasse o dinheiro que gasta nas campanhas contra o uso da carne animal e em defesa dos vegetarianos, com a alimentação, vegetariana que seja, dos que para isto não tem dinheiro, prestariam um serviço melhor a sociedade do que a Playboy tem prestado.


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Afinal ambos os argumentos, contra e a favor da utilização da carne animal na alimentação, são artificialidades inerentes a tal sociedade industrial que o Marcuse descreveu. E esta caríssima peça publicitária é mero marketing para vender mais alguma coisa para o consumidor. E fa-lo utilizando o erotismo, da mesma forma que a Kelloggs ou a HS. O objetivo é sempre o mesmo: vender necessidades que nós não temos.

A PATA, a PETA, a PITA, a POTA e a puta (que fique claro que não me refiro a Alicia, sendo isto só um trocadilho), tem todas o mesmo objetivo de vender alguma coisa pra gente.

Ok. O marxismo afundou-se nas experiências políticas do socialismo soviético, mas as boas ideias de justiça social devem ser resgatadas, preservadas e adaptadas a uma nova sociedade mais coerente. Só tentarei aqui dar o meu contributo para que isto aconteça.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 06 Ago 2009 @ 10:03 PM

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 06 Ago 2009 @ 4:25 PM 

A base teórica mais clara que tenho sobre a ideia da artificialidade da civilização surge bem organizada e sistematizada nas palavras de Herbert Marcuse. De um texto acerca de suas ideias, retidado da Wikipédia, destaco o seguinte trecho onde se definem estas questões:

“Marcuse retoma de Hegel duas noções capitais, a idéia de “Razão” e a idéia de “Negatividade”. A Razão é a faculdade humana que se manifesta no uso completo feito pelo homem de suas possibilidades. Não se pode compreender a “possibilidade” longe do conceito de “necessidade”. O que necessitamos? A necessidade nos dirige a certos objetos cuja falta sentimos. A possibilidade mede o raio de nosso alcance face a tais objetos. Se quero um apartamento mas não tenho dinheiro para comprá-lo, o objeto de minha necessidade é o apartamento, e a medida de minha possibilidade é o dinheiro que me falta. É muito fácil compreender como a falta de dinheiro representa um bloqueio falso, fictício, á satisfação de meu desejo. Na realidade posso ter o apartamento, mas certas convenções sociais, que respeito de modo mais ou menos acrítico, me impedem de possuí-lo. Ao mesmo tempo, se me interrogo a respeito da minha necessidade face ao apartamento, essa também se dissolve. O apartamento é um símbolo de status social, ou resultado de certas convenções visando ao gosto que seriam, em outras condições, muito discutíveis, e que nem sempre me possibilitam morar satisfatoriamente. A minha necessidade se revela, portanto, como uma falsa necessidade, assim como o bloqueio pela falta de dinheiro das minhas possibilidades era um bloqueio falso. Onde se encontram, então, minhas necessidades e minhas possibilidades? Como compreenderemos o que e Razão? Marcuse muito se preocupa com este problema ao longo de toda a sua obra, sempre polêmica.” (Wikipédia)

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 06 Ago 2009 @ 05:05 PM

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 04 Ago 2009 @ 11:31 AM 

Perpetuação do mana através de gerações“Entre os melanésios, força ou poder impessoal e sobrenatural que pode estar concentrado em objetos ou pessoas e que pode ser herdado , adquirido ou conferido.” (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, )

“Entre os melanésios, o conjunto de forças sobrenaturais provenientes dos espíritos e que operam num objeto ou numa pessoa.” (Novo Dicionário Aurélio da língua portuguesa, 2ª edição)

“O Mana uma força impessoal que existe nas pessoas, animais e objectos inanimados e que instiga no observador um sentimento de respeito ou de admiração. Antropologicamente, mana é um conceito com um significativo interesse, já que é considerado frequentemente como o precursor de uma religião formal. O mana é comummente interpretado como a “substância da qual a magia é feita” além da substância que forma a alma.” (Wikipédia)

Esta poética definição da palavra “Mana”, encontrada no Wikipédia e que dá título ao postal, encontrei-a ao pesquisar na Internet sobre o fenómeno humano de adoração de pessoas. Eu estava a procurar a origem deste tipo de admiração (humana por outros humanos em carácter particular, mas sei que ela também pode se aplicar a animais, objetos inanimados, ícones, desenhos, etc), porque sempre que encontro pela rua este tipo de manifestação, que se exprime de diversas maneiras, interesso-me de forma particular, tentando compreende-la.

Todos temos diversas vezes na vida a oportunidade de presenciar momentos destes ao vivo (sem falar na TV que é quase que exclusivamente um instrumento de criação e destruição de ídolos), nos quais por vezes nós próprios estamos envolvidos como admiradores. Esta admiração pode proporcionar, como tudo na vida, tanto reações (cargas elétricas) positivas (amor, afeto, idolatria, etc) como negativas (ódio, ciúmes, inveja, etc). É-nos, por vezes, completamente impossível sermos indiferentes a determinadas pessoas, por mais que queiramos e/ou dizemos sê-lo.

Nos últimos anos, sempre que este tipo de manifestação ocorre na minha presença, passo a observar e a tentar analisar os indivíduos, compreender-lhes a razão. Tento verificar as suas particulares formas de manifestar a admiração. Tento compreender as intenções individuais e coletivas quanto ao objeto admirado. Encontro aí fonte inesgotável de inspiração de personagens e de credibilização psicológica destas mesmas personagens.

Percebo que a manifestação de admiração se produz em duas vertentes: a) na vertente imediata, uma vez que a comunicação se dá em primeiro lugar com os outros manifestantes, o que na esmagadora maioria das vezes é a única audiência de nossa manifestação; b) e na vertente secundária, está já no campo da imaginação, onde a comunicação de nossa admiração poder-se-ia se dar diretamente com o objeto admirado. Esta última, muitas vezes, em minha opinião, assume um carácter sexual.

Este é efetivamente o princípio básico da religiosidade humana. E este é um dos assunto que mais me desperta o interesse ultimamente, por que percebo com nitidez que a religião no futuro será uma coisa completamente diferente da que é agora.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 04 Ago 2009 @ 06:52 PM

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 03 Ago 2009 @ 12:01 AM 

Hoje completo 50 anos de vida. Ainda não sei exatamente o que isto significa. Estou a fazer uma espécie de retrospetiva e avaliação do que foi positivo e negativo. Não consigo concluir absolutamente coisa alguma. Consigo ver tudo, dependendo do ponto de vista, como positivo ou negativo.

Vejo felicidade e tristeza e consigo distingui-las com clareza. Mas não consigo ver com tanta nitidez, por exemplo, a interpretação jurídica de alguns crimes, a expressão da arte e seus efeitos nos seres humanos no que diz respeito a qualificação, a política e os sistemas políticos como necessários a civilização artificial, só para citar algumas coisas. Mas vai por ai além, muito além.

Mas começo a ver, diante dos meus olhos, o nascimento de algumas ideias novas. O que com 50 anos, é motivo de orgulho. Sinto-me efetivamente jovem.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 04 Ago 2009 @ 11:50 AM

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