06 Ago 2009 @ 6:13 PM 

Publicada em crônica de Carlos Drummond de Andrade, no Jornal do Brasil de 21.11.78 – RJ.

COMO OS ANIMAIS, AS PLANTAS TEM DIREITO À VIDA

A Declaração Universal dos Direitos da Planta concebida pelo professor universitário Adalberto Bello de Andrade é a seguinte:

Art. 1 – Todas as plantas nascem iguais perante a vida e têm os mesmos direitos à existência.

Art. 2 – O homem depende da planta e não poderá exterminá-la. Tem obrigação de colocar a seu serviço os conhecimentos que adquiriu.

Art. 3 – Toda planta tem direito à atenção, aos cuidados e à proteção do homem. Se a morte de uma planta for necessária, deve ser precedida de cuidados para o transplante da espécie.

Art. 4 – Toda planta pertencente à espécie selvagem tem direito de viver livre em seu próprio ambiente natural terrestre ou aquático e a reproduzir-se. Todo corte de planta, mesmo para fins educativos, é contrário a esse direito.

Art. 5 – Toda planta pertencente a uma espécie ambientada tradicionalmente na vizinhança do homem, tem direito a viver e crescer no ritmo e nas condições de vida e liberdade que forem próprias de sua espécie. Qualquer modificação deste ritmo ou destas condições, que for imposta pelo homem com fins mercantis, é contrária a esse direito.

Art. 6 – Toda planta escolhida pelo homem para companhia tem direito a uma duração de vida correspondente a sua longevidade natural. Abandonar, esmagar, queimar uma planta é ação cruel e degradante.

Art. 7 – Toda planta utilizada em ornamentação, principalmente em recinto fechado, tem direito à limitação razoável da permanência e intensidade dessa ornamentação, bem como adubação reparadora, água pura e ar natural.

Art. 8 – A experimentação vegetal que envolver sofrimento físico ou dano irreparável à planta é incompatível com os seus direitos, quer se trate de experimentação médica, científica, comercial ou de qualquer outra modalidade. As técnicas de enxertia que visem à preservação da espécie devem ser utilizadas e desenvolvidas.

Art. 9 – Se uma planta for criada para alimentação, que o seja em solo previamente preparado, utilizando-se técnicas e elementos que permitam o seu crescimento natural, e que jamais alterem o sabor característico da espécie ou acelere a maturação dos frutos. Se uma planta for criada para transformação, seu corte deve ser precedido do replantio de, no mínimo, 10 unidades da sua espécie.

Art. 10 – Nenhuma planta, fruto ou semente deve ser utilizado para divertimento do homem. As exibições de maneira imprópria ou chocante são incompatíveis com a dignidade da planta.

Art. 11 – Todo ato que implique a morte desnecessária de uma planta constitui biocídio, isto é, crime contra a vida.

Art. 12 – Todo ato que implique a morte de grande número de plantas selvagens constitui genocídio, isto é, crime contra a espécie. A poluição destrói o ambiente natural e conduz ao genocídio.

Art. 13 – As cenas de violência contra as plantas – cortes, derrubadas e queimadas – devem ser proibidas no cinema e na televisão, salvo se tiverem por finalidade evidenciar ofensa aos direitos da planta.

Art. 14 – Organismos de proteção e salvaguarda das plantas devem ter representação em nível governamental. Os direitos da planta devem ser defendidos por lei, como os direitos humanos e os direito do animal.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 06 Ago 2009 @ 06:13 PM

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Categories: Pensando alto
 06 Ago 2009 @ 5:20 PM 

A distorção da formação de nossa compreensão da realidade, provocada pelo nosso envolvimento com a artificial civilização industrial, a que estamos inseridos, já chega a tal ponto, que somos capazes de fazer campanhas, e gastar dinheiro, em defesa de determinadas ideias, contra umas coisas e/ou a favor de outras, mas que ambas, na prática, são opiniões formadas em função de visões artificiais da realidade. Nada tem a ver com a nossa natureza humana, que se perde numa argumentação sem nexo.

Sei que esta é uma afirmação complexa e será de difícil demostração. Mas é isto que tentarei fazer a seguir. Sei que não conseguirei no âmbito deste postal. Serão ainda precisos muitos outros para demostrar com clareza, para resumi-lo em afirmações simples e objetivas. Mas é este, estudar esta afirmação, um dos principais propósitos deste blogue. Não chego agora a saber se a própria afirmação está bem formulada, mas para o propósito a que me destino neste momento, é suficiente.

Dinheiro é gasto em campanhas para que se deixe de comer carne animal e se passe a consumir somente vegetal. Ótimo. Não fossemos nós humanos, simultaneamente, carnívoros e herbívoros. A Antropologia nos ajuda a fazer esta última afirmação com um elevado grau de certeza.

Mas o caso que me chamou a atenção é uma exemplar ação de artificialidade civilizatória, pois carrega em sua mensagem diversas incoerências. Trata-se do caso da PETA (People for the Ethical Treatment of Animals).

Uma das principais mensagens desta ONG, com mais de dois milhões de membros e apoiantes, sendo mesmo a maior organização que trata dos direitos dos animais no mundo, segundo o seu site (http://www.peta.org), é extremamente simples: Não coma aninais, seja vegetariano!

Perfeito. Bonito. Poético. Só que nós somos animais (também) e carnívoros! E para que se defenda aquilo que para eles é importante, os animais, direcionam para os vegetais o voraz apetite dos humanos que tem dinheiro para se alimentar.

Ok. Compreensível mas… por que? Terão os animais a quem eles defendem os direitos, mais direitos que as plantas? Sendo ambos seres vivos domesticados para nossa satisfação alimentar, uns tem mais “direitos” que outros? Aplica-se aos animais ou as plantas a artificial noção de direito, acima das leis da natureza, sob o qual nos organizamos?

Acredito que as plantas tem sentimentos, como provou Cleve Bacster, e comprovaram os MithBusters, e que sentem inclusive dor. Neste caso onde estaria a diferença entre os animais e os vegetais?

A exploração do erotismo feminino nas campanhas da PETA, não serão também tão criticáveis quanto a possível exploração dos animais para satisfação de nossa necessidade básica como eles apresentam?

Questões as quais tentarei responder mais tarde. Mas, para já, uma visão de uma outra organização social, destas a que nossa artificial civilização está cheia, contra a atuação da PETA. Com a palavra, as feministas.

Não me manifesto nem contra nem a favor de um ou outro ponto de vista. Estou tão somente a ler as opiniões. Ambas me parecem artificiais. Vejo o próprio direito como uma artificialidade necessária.

Mas acredito que se a PETA utilizasse o dinheiro que gasta nas campanhas contra o uso da carne animal e em defesa dos vegetarianos, com a alimentação, vegetariana que seja, dos que para isto não tem dinheiro, prestariam um serviço melhor a sociedade do que a Playboy tem prestado.


Alicia Silverstone’s Sexy Veggie PSA
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Afinal ambos os argumentos, contra e a favor da utilização da carne animal na alimentação, são artificialidades inerentes a tal sociedade industrial que o Marcuse descreveu. E esta caríssima peça publicitária é mero marketing para vender mais alguma coisa para o consumidor. E fa-lo utilizando o erotismo, da mesma forma que a Kelloggs ou a HS. O objetivo é sempre o mesmo: vender necessidades que nós não temos.

A PATA, a PETA, a PITA, a POTA e a puta (que fique claro que não me refiro a Alicia, sendo isto só um trocadilho), tem todas o mesmo objetivo de vender alguma coisa pra gente.

Ok. O marxismo afundou-se nas experiências políticas do socialismo soviético, mas as boas ideias de justiça social devem ser resgatadas, preservadas e adaptadas a uma nova sociedade mais coerente. Só tentarei aqui dar o meu contributo para que isto aconteça.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 06 Ago 2009 @ 10:03 PM

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 06 Ago 2009 @ 4:25 PM 

A base teórica mais clara que tenho sobre a ideia da artificialidade da civilização surge bem organizada e sistematizada nas palavras de Herbert Marcuse. De um texto acerca de suas ideias, retidado da Wikipédia, destaco o seguinte trecho onde se definem estas questões:

“Marcuse retoma de Hegel duas noções capitais, a idéia de “Razão” e a idéia de “Negatividade”. A Razão é a faculdade humana que se manifesta no uso completo feito pelo homem de suas possibilidades. Não se pode compreender a “possibilidade” longe do conceito de “necessidade”. O que necessitamos? A necessidade nos dirige a certos objetos cuja falta sentimos. A possibilidade mede o raio de nosso alcance face a tais objetos. Se quero um apartamento mas não tenho dinheiro para comprá-lo, o objeto de minha necessidade é o apartamento, e a medida de minha possibilidade é o dinheiro que me falta. É muito fácil compreender como a falta de dinheiro representa um bloqueio falso, fictício, á satisfação de meu desejo. Na realidade posso ter o apartamento, mas certas convenções sociais, que respeito de modo mais ou menos acrítico, me impedem de possuí-lo. Ao mesmo tempo, se me interrogo a respeito da minha necessidade face ao apartamento, essa também se dissolve. O apartamento é um símbolo de status social, ou resultado de certas convenções visando ao gosto que seriam, em outras condições, muito discutíveis, e que nem sempre me possibilitam morar satisfatoriamente. A minha necessidade se revela, portanto, como uma falsa necessidade, assim como o bloqueio pela falta de dinheiro das minhas possibilidades era um bloqueio falso. Onde se encontram, então, minhas necessidades e minhas possibilidades? Como compreenderemos o que e Razão? Marcuse muito se preocupa com este problema ao longo de toda a sua obra, sempre polêmica.” (Wikipédia)

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 06 Ago 2009 @ 05:05 PM

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