O pior de nós próprios se encontra nos momentos em que forjamos as nossas sensações, as nossas emoções. Não, não falo dos atores que interpretam as emoções dos personagens, que tão melhor o faz quanto mais convincente se torna a interpretação, quanto mais verdadeiramente caraterizam o personagem, emprestando-lhe realidade. Não, não falo disso, pois vejo neste tipo de atuação uma arte
Falo da interpretação de segunda que por vezes fazemos de nossas próprias sensações. Das interpretações foleiras que fazemos daquilo a que imaginamos que deveríamos ser, ou que gostaríamos de ser. Pior ainda quando interpretamos um personagem online, que diz e age em função daquilo a que imaginamos que nossa plateia gostaria que que fossemos, quando dizemos aquilo a que imaginamos que nos esperam falar. Daí somos o pior que há. Somos uma espécie de zumbis vivos que fingimos ser alguma coisa que na realidade não existe. Mero fruto de nossa imaginação que atua em função daquilo a que imaginamos que queiram que nós fossemos.
E isto acontece na dia a dia, com as pessoas comuns, mas sobretudo com duas espécies de artistas cotidianos: com as estrelas da música pop e com os políticos. É deprimente.