09 Abr 2010 @ 9:32 AM 

ChuvaForteRioE sentir que frágil somos, mas não o queremos admitir. A chuva por vezes nos mostra que somos pequeninos. Menor que seus pingos. Desmancha-mo-nos depois da queda, escorregamos morro abaixo, como se de lixo nos tratasse. Nos afogamos em lágrimas e chuvas. E escorremos, como um rio, sempre em direção ao mar.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 09 Abr 2010 @ 09:32 AM

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 15 Dez 2009 @ 12:57 PM 

Quem me dera
Ao menos uma vez
Ter de volta todo o ouro
Que entreguei a quem
Conseguiu me convencer
Que era prova de amizade
Se alguém levasse embora
Até o que eu não tinha

Quem me dera
Ao menos uma vez
Esquecer que acreditei
Que era por brincadeira
Que se cortava sempre
Um pano-de-chão
De linho nobre e pura seda

Quem me dera
Ao menos uma vez
Explicar o que ninguém
Consegue entender
Que o que aconteceu
Ainda está por vir
E o futuro não é mais
Como era antigamente.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Provar que quem tem mais
Do que precisa ter
Quase sempre se convence
Que não tem o bastante
Fala demais
Por não ter nada a dizer.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Que o mais simples fosse visto
Como o mais importante
Mas nos deram espelhos
E vimos um mundo doente.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Entender como um só Deus
Ao mesmo tempo é três
Esse mesmo Deus
Foi morto por vocês
Sua maldade, então
Deixaram Deus tão triste.

Eu quis o perigo
E até sangrei sozinho
Entenda!
Assim pude trazer
Você de volta pra mim
Quando descobri
Que é sempre só você
Que me entende
Do iní­cio ao fim.

E é só você que tem
A cura do meu vício
De insistir nessa saudade
Que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Acreditar por um instante
Em tudo que existe
E acreditar
Que o mundo é perfeito
Que todas as pessoas
São felizes…

Quem me dera
Ao menos uma vez
Fazer com que o mundo
Saiba que seu nome
Está em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz
Ao menos, obrigado.

Quem me dera
Ao menos uma vez
Como a mais bela tribo
Dos mais belos índios
Não ser atacado
Por ser inocente.

Eu quis o perigo
E até sangrei sozinho
Entenda!

Assim pude trazer
Você de volta pra mim
Quando descobri
Que é sempre só você
Que me entende
Do início ao fim.

E é só você que tem
A cura pro meu vício
De insistir nessa saudade
Que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.

Nos deram espelhos
E vimos um mundo doente
Tentei chorar e não consegui.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 15 Dez 2009 @ 01:03 PM

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 23 Nov 2009 @ 9:51 PM 

byteA inovação é como uma espécie de fantasma. Muita gente fala mas ninguém os vê. Ouve-se falar de quem viu, mas não nos conseguem mostra-los.

Na prática existem muitas medidas a serem tomadas de forma a enraizar a inovação nas pessoas comuns, de forma a que saibam operar com conceitos inovadores e compreendam o seu tempo de forma a poder transforma-lo no futuro.

E estas medidas devem ser tomadas com coragem política e social o mais rápido possível, vencendo o imobilismo causado pelo medo que a inovação provoca naqueles que se prendem ao passado como forma de manutenção de sua própria condição social, em detrimento da condição dos outros que vem depois deles.

E digo isto pensando em diversas classes profissionais, mas principalmente nos ligados ao ensino. De uma forma bastante marcante, e vejo isto nos meus quatro filhos, o conhecimento necessário a compreensão efetiva de nosso tempo, e do futuro imediato, demora muito tempo para chegar aos vulgares manuais escolares.

Estou a pensar numa conversa que tive com a mais nova aqui de casa, de 17, que apesar de dominar com fluência as noções de medidas abstratas de valores concretos como a distância, o peso e o volume, não tem uma ideia tão clara quanto a medida abstrata de um valor também abstrato como a medida da quantidade de informação. Sabe medir valores abstratos como o tempo mas não tem a necessidade de medir a luz, por exemplo, e isto é compreensível. Mas o byte é imprescindível compreender nos dias que correm.

Ela sabe perfeitamente bem o que é o metro, o quilo e o litro, para além das horas, minutos e segundos, mas só ouviu falar do que seja o byte. Não sabe que a vida prática dela em seu dia a dia, do telemóvel ao computador, da TV a cabo à Internet, é medida, e cobrada, em bytes. Não sabe qual a diferença entre um CD, um DVD e um BD (Blue-ray Disc, você sabe?), nem o que é comprimido pelo algorítimo de compressão que todos falam mas poucos sabem o que é, chamado de MP3.

Já fala em português, já arranha o inglês, mas nunca ouviu falar em Pascal, C ou Java. Nem sequer percebe que seu futuro passa necessariamente pelo domínio, nem que seja conceitual, destes conhecimentos. Não consegue imaginar que a solução industrial dos problemas sociais que se colocarão, e já se colocam hoje tanto ao capital quanto ao trabalho, num futuro muito próximo, já não serão resolvidos somente com o conhecimento embolorado de um passado muito, muito, recente.

E a capacidade industrial de um país passará obviamente pelo domínio destes conhecimentos por sua população.

Porém, quanto mais acompanho os estudos de minha jovem aprendiz, mais percebo que ela não deveria estar a estudar somente isto que estuda e que muito do que aprende já não tem quase utilização pratica.

É preciso inovar inclusive na educação, para se criar uma sociedade voltada para a inovação no futuro. Os conceitos básicos que já pertencem ao nosso tempo e que serão determinantes no futuro, tem inexoravelmente que ser absorvidos por nossa juventude. E falo como um brasileiro com nacionalidade portuguesa. É válido para os dois países.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 14 Set 2010 @ 10:32 PM

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 09 Nov 2009 @ 3:19 PM 

A propósito disto:

A “loura” da Uniban, tem o cabelo pintado de louro, mas na verdade não o é. A puta da Uniban, tem no aparente comportamento, ações que ao xingamento justifique, mas na verdade não o é. A estudante da Uniban que foi desfilar seus atributos, na universidade e na televisão, como se de uma estrela se tratasse, na verdade não o é. A União Nacional dos Estudantes, se coloca em prontidão em defesa da aluna vítima de seu comportamento, dizendo que a direção da universidade anda ainda na era das cavernas. Esquecem-se somente que na era das cavernas, as pessoas andavam nuas e não era a altura da saia que as classificava, nem as uniões de estudantes que as salvavam da injuria ou do banimento por ações consideradas impróprias para a coletividade. Sócrates que o diga. Também eles não são defensores de coisa alguma, nem da moralidade, nem da liberdade.

Convido a pobre coitada da vítima de seus atos a visitar o túmulo de Amália Rodrigues vestida com o vestidinho cor de rosa. Ou a visitar o Vaticano de bermuda, já chegaria. A sociedade “liberal” irá até mesmo apoio-la, certamente, apesar dela ser barrada na porta.

Alguns muros caem, outros permanecem, enquanto outros são erigidos. Ainda falta alguma coisa até que consigamos compreender aquilo o que nós fizemos de nós mesmos. Até que consigamos apagar todas as artificialidades que construímos a nossa volta.

Sede da UNE na praia do FlamengoEm tempo: eu sou um dos construtores do valor mítico do prédio da UNE na praia do Flamengo. Aquele mesmo que já foi até demolido, vitima da especulação imobiliaria e de seu passado histórico. Como nos repetimos!

Obs: a entrada do prédio não estava uma jovem semi-nua, mas um palestrante que falava em nome da democracia.

No dia de falar de muros, este é mesmo um assunto que vem bem a calhar. Abaixo os muros e acima as saias! Será meu lema daqui para a frente.

Geyse Arruda: Acho que você queria dizer “… me isentar de minha culpa” e não “…me ausentar…”. Sim é verdade, as pessoas vão para a faculdade para estudar, por isto as outras não podem ter atitudes que as desviem a atenção deste caminho. E as pernas de uma bela mulher fazem isto aos homens, atraindo a atenção para as pernas, levando a imaginação para outros lugares. Você sabe disso, tenho certeza. Como você mesma admitiu, o vestido era destinado a outro evento que não o de estudar. Um pouco curto, pelo que se vê das imagens do celular, é favor. Era mesmo muito curto. Parecia uma blusa comprida e que tinha esquecido as calças em casa. Imagino então que para você um vestido muito curto seja um cachecol. Um casaco, como o jaleco do professor, já teria evitado todo este problema. E da próxima vez, se o objetivo for chamar a atenção para si, vá vestida de freira para a boate. Terá o mesmo efeito e não será expulsa de lugar algum.

Edgard Costa

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 09 Nov 2009 @ 04:41 PM

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 26 Out 2009 @ 11:00 AM 

ReligiãoDo rápido e superficial, como não poderia deixar de ser pelo formato do programa, debate entre José Saramago e o padre Carreira das Neves ainda sobre as palavras do autor relativas a Bíblia, dentro e fora do livro Caim, somente posso concluir a mesma coisa que sempre concluo quando vejo estas discussões ou quando da Bíblia me aproximo: afinal o que está escrito lá na Bíblia não é verdade, como alguns já sugeriram no passado. O que lá está escrito são metáforas, como as que são feitas por qualquer escritor e de forma sublime pelo próprio Saramago, que devem ser compreendidas a luz de um contexto específico e não conforme o que lá está escrito a letra.

Pois bem, é aí que mora o grande problema das religiões descendentes da Bíblia. Acontece que os contextos são formados de acordo com o que se quer afirmar dentro de algum momento histórico. O contexto de Lutero ou de Henrique VIII é completamente diferente do contexto dos bispos da igreja ortodoxa. O contexto dos católicos é muito diferente do contexto dos judeus e dos muçulmanos. O contexto dos evangélicos é completamente diferente do contexto dos espíritas. Sobre as mesmas palavras são propostas interpretações das mais diversas, com argumentos bem fundamentados e eloquentes, porém contraditórios.

Isto só me leva a crer que, para além do que é dito por todos, o que lá está escrito não é necessariamente a verdade, e com uma amalgama tão incoerente de interpretações, acredito que aquelas palavras, desde o primeiro momento em que foram escritas até a Idade Média, quando foram adaptadas por um pequeno grupo de humanos cultos a realidade de uma Europa em formação, servem tão somente a conveniência daqueles que dela tiram “verdades” geradoras de algum tipo de poder. Seja ele financeiro, político e até mesmo belicoso, militar, policial.

Mais uma vez eu concluo que o que está lá escrito foi escrito, como não poderia deixar de ser, por humanos que racionalizaram problemas humanos e criaram deuses a sua semelhança e não o contrário. As propriedades humanas do deus de Israel são meramente um reflexos de nossa personalidade coletiva impressas em muitas formas de esperança. É a nossa conveniente esperança de que a vida não seja só isto, nascer, crescer, reproduzir e morrer, que nos faz imaginar muito mais do que as coisas são na realidade. É a nossa enorme capacidade de imaginação e abstração que nos leva a crer em deuses e palavras sagradas. É a nossa fragilidade diante da vida que nos faz querer sermos imortais ao lado de um deus humano, que nos garantiria uma vida eterna num paraíso cada vez mais distante. Somos nós e nossos sonhos, tão somente.

Milhões de pessoas acreditam nesses deuses e precisam nele acreditar para se manterem ativas e seguirem em frente. A estas pessoas deveremos dedicar todo o nosso respeito por serem pessoas como nós. O que faz de qualquer ofensa a religião deles um disparate.

Porém, ao mesmo tempo, é necessário que vejamos esta questão com pragmatismo e deixemos de ensinar as gerações futuras este tipo de crendices, pois elas aprisionam o ser humano numa visão simplista e por demais otimista da vida. Fazem acreditar que as pessoas podem passar pelas piores privações e sofrimentos na vida, pois depois da morte serão recompensadas por um deus humano redentor. E isto proporciona que alguns, normalmente que não acreditam nessas crendices, tirem proveito da ignorância dos crentes afim de auferirem benefícios políticos ou lucros financeiros. É conveniente que as pessoas aceitem o sofrimento, já Constantino sabia disso, pois assim elas incomodam pouco aos poderosos, que incentivam e promovem o sofrimento de muitos para benefícios privados. Os que aceitam o sofrimento não se rebelam.

A abolição da propagação das religiões é condição básica para a criação e estabelecimento no indivíduo, do espírito crítico necessário ao exercício da liberdade.

Quando é que veremos um debate mais alargado sobre a função social da religião, seus prós e contra, com visões isentas de preconceitos e artificialidades?

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 26 Out 2009 @ 11:21 AM

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 25 Out 2009 @ 10:27 AM 

Homo SapiensAcabo de assistir uma gravação que fiz da Odisseia, de um recente documentário da BBC (2009) sobre a ocupação pré-histórica da Europa. Um entre os diversos pontos que abordaram, dizia respeito a prevalescência do Homo Sapiens e da extinção do Homem de Neandertal.

As primeiras teorias diziam que os nossos antepassados diretos detinham maior capacidade intelectual e por isto maiores capacidades alimentares. Alguns preconizaram que fosse mesmo o confronto entre as duas espécies primas que determinaram o desaparecimento da segunda.

Mas neste excelente documentário levantaram outra hipótese, que é concordante com outras coisas que já li anteriormente, principalmente com Gordon Childe entre outros, em que o que haveria determinado a continuidade de nossa espécie foi a nossa capacidade nata de fazer arte e de construir, o que chamaram no documentário, de redes sociais.

A descoberta de uma flauta, talvez o mais antigo instrumento musical encontrado, entre outros instrumentos encontrados anteriormente, o que pressupõem a existência de uma bem estabelecida tradição musical, para além das diversas pequenas esculturas e desenhos, que pela semelhança (principalmente das Vénus) encontradas ao longo de toda a Europa de a 35.000 anos, deixa transparecer uma característica marcante de nossa espécie que é a da transmissão, conservação e passagem de uma cultura comum que estabelece, fortalece e solidifica uma sociedade humana europeia, mesmo antes de existir o conceito de Europa.

Este estabelecimento e difusão de uma cultura num tão largo espaço teria sido um dos factores determinantes para o sucesso desta espécie em detrimento de nossos primos, que detinham basicamente a mesma tecnologia na criação de ferramentas e mesma capacidade de obtenção de alimentos, porém viviam em pequenos grupos isolados entre si.

Portanto, as redes sociais são antes de mais nada uma característica humana, bem como a busca pelo desenvolvimento da tecnologia de comunicação que estabeleça estas redes. Todos os mecanismos de comunicação desenvolvidos a partir da massificação da tecnologia digital, fazem parte de um processo ancestral, por que não dizer instintivo, do ser humano moderno que colonizou a Europa a cerca de 40.000 anos.

Se, na visão de alguns, isto reduz ou deforma nossos seres, é um engano: somos nós próprios a nos exprimirmos de nossa maneira.

Como a língua, o meio de comunicação é dinâmico e está sempre em mutação, mas os que se estabeleceram num dos muitos formatos de expressão de ideias, irão sempre criticar os meios de comunicação que substituem os que foram utilizados no passado. Justifica-se pela tradição, mas não escondendo o medo de ser ultrapassado e de deixar, um dia, de poder se comunicar.

Dos livros que tenho lido sobre redes sociais, o que mais me marcou no presente foi sem dúvida o do sociólogo espanhol Manuel Castells, A Sociedade em Rede. Deste mesmo autor encontrei um artigo interessante que trata do medo que o poder tem da Internet.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 26 Out 2009 @ 09:48 PM

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 25 Out 2009 @ 9:20 AM 

Mas este tipo de reação é recursivo. Já ocorreu com a televisão e seu enlatamento do conhecimento. Ocorreu na música, como com o CD, onde críticos acusaram Karajan de espremer as sinfonias para caber na média. Já, já aconteceu com os jornais quando comparados com os livros, e com os livros, redutores a aprisionadores de histórias que antes circulavam livremente somente com as palavras.

O desenvolvimento e crítica da massificação da comunicação segue o fluxo da História da tecnologia que suporta a difusão da própria comunicação. E como tudo que é massificante é, necessariamente, redutor, comprimido, condensado de forma a circular para mais e mais pessoas.

E é, principalmente, imutável. O que está escrito assim está e passa a ser um agente classificador de quem o escreve, mesmo que este mude de ideia minutos apois ter escrito. E por saber disso, quem escreve passa a dizer muito menos do que poderia, sob pena de ser acusado de sei lá o que. O próprio processo de massificação, cujo blogue é um exemplo, é redutor por natureza, por ser massificante.

Mas a doença social a que o Pacheco Pereira se refere não passa de um agravamento de uma doença que já existe a muitos anos e que foi a mesma que impediu que os génios da música não sejam encontrados em nossos dias, nesta geração vigente. E quem diz da música diz da literatura, do cinema, do teatro, etc. A arte, expressão popular do conhecimento e forma particular de comunicação, de certa forma se pasteurizou com o advento da TV, primeiro grande objeto tecnológico de comunicação de massa ao nível global.

O ser humano mudou definitivamente desde então, e continua a mudar de uma forma assustadoramente veloz e o resultado disso ainda é completamente imprevisível, acredito. O que somos hoje não é absolutamente o que éramos a 30 anos, nem a 20, nem a 10. A 5 anos nem tantas crianças tinham telemóveis.

O anúncio dos 7M da TMN só indicam que, num mercado de no máximo 10M de pessoas já existe um conjunto enorme com mais que um telemóvel. Para que? Será isto doentio? Será isto apenas mais um erro proporcionado pelos exploradores do mercado que pouco se preocupam com a saúde das pessoas desde que vendam mais e mais dos seus produtos e lucrem mais?

Está tudo a mudar muito rapidamente e ainda não há uma compreensão, uma visão de conjunto, do quadro geral daquilo o que somos e para onde vamos. A velocidade a abrangência da informação nos dias de hoje detona de forma definitiva todo o tipo de “verdade” que foi estabelecido no passado, mas que dependia da dificuldade na circulação da informação para sobreviver enquanto “verdade”. A religião e a política são os mais atingidos por isto.

Mas se estes são dois dos principais pilares da civilização ocidental, o que vem a seguir? É nisso que tenho pensado nos últimos 10 anos.

A real revolução que hoje vivemos está no poder que nos foi dado, pela Internet, em escolher aquilo que queremos ver, ler ou ouvir. Já não dependemos de um intermediário, normalmente corrompido por um sistema que fazia “aparecer” mais o produto “artístico” daqueles que detinham mais dinheiro. Mas a mesma característica democrática que nos permite a liberdade de escolha e/ou produção da própria arte com meios públicos de difusão, abre espaço ao lixo. Temos que ser muito mais seletivos.

A educação tem que mudar. Já não nos serve um modelo professor/aluno onde aquele ensina a estes o que uns outros julgaram ser importante que fosse ensinado. Hoje cabe mais ensinar o desenvolvimento do espírito crítico, para que se possa avaliar a qualidade e/ou propriedade do que se divulga, do que um conjunto qualquer de conhecimentos pré-concebidos para dar “ferramentas” aos cidadãos de amanhã que já não serão aquilo que hoje somos e que aqueles que avaliaram os conhecimentos a serem difundidos eram.

Estamos no meio de uma revolução, onde o revolucionário convive conturbadamente com o arcaico, como em toda a revolução, mas que ninguém sabe exatamente para onde iremos. Não há cabeças da revolução, como um Jean Jacques Rousseau ou Vladimir Ilitch Lenin. Esta revolução é nossa, agentes revolucionários e revolucionados ao mesmo tempo, e que nunca tivemos tanta liberdade e pode para construir o nosso futuro.

A maior crise que esta revolução proporciona é a crise do poder, como citou Pacheco Pereira, e como é Pacheco Pereira.

Foucault de certa forma previu isto no fabuloso Microfísica do Poder, onde ele dizia que o poder não se detêm e que não há divisões entre os que tem e os que não tem poder. O que havia era uma atribuição aqueles que praticavam e exerciam o poder. O que hoje existe, e é esta a força da Internet, é que o poder se expande e atinge a um número muito maior de pessoas que deixam de ser meros espectadores para passar a serem eles próprios produtores e difusores de informação e conhecimento. A opinião hoje é efetivamente livre, como nunca antes foi.

Como uma mensagem no Twiter, este comentário tenta somente resumir algumas das coisas que tenho pensado, visto e estudado. Será que tive o poder de síntese necessário para transmitir toda a abrangência destas ideias.

Concordo com o Pacheco Pereira, há uma doença social grave. Discordo dele no diagnóstico e nas atribuição das causas. É anterior e muito mais abrangente, sendo ele próprio um agente mediático desta pasteurização da informação.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 26 Out 2009 @ 12:21 PM

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 17 Out 2009 @ 3:23 PM 

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 17 Out 2009 @ 03:24 PM

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 15 Out 2009 @ 5:10 PM 

Nós somospPrimatasEm complemento ao Marco “Bitaites” Santos, sobre um outro comentário seu, sincero e pessoal, num post provocatório, com comentários escabrosos que tratavam de racismos, xenofobias e mulheres bonitas, eu escrevi o seguinte que acho que se aproxima muito de um resumo daquilo que tento demostrar neste blog. Foi mais ou menos assim:

Ele afirmou isto: “Não sei há quanto tempo o Nelson Évora está cá em Portugal, sinceramente, mas deve ser há tempo suficiente para ter assimilado, e feito sua, a nossa cultura.” No que eu tentei complementar com o seguinte:

Marco, eu ainda iria um pouco além. Não existe propriedade sobre culturas. Não existe a nossa, a vossa ou a deles. Existe uma única cultura humana, impregnada aqui e ali com condicionantes específicas determinadas pela ação física do ambiente e por características históricas locais. Mas a cultura é eminentemente humana. Uma janela manuelina em Alcobaça é bonita, certamente, mas nunca será mais que uma janela. O túmulo de Cristovão Colombo em Sevilha é lindíssimo e impressionante, mas não serve pra mais nada além do que servirá o meu túmulo.

Todos temos o mesmo conjunto de necessidades básicas que nos motivam a reunir em nosso redor, enquanto indivíduo, o conjunto de propriedades e ferramentas que nos garantam antes de mais nada a vida. Percebemos, há milhões de anos, que atingimos mais facilmente nossos objetivos comuns reunidos em grupos sociais, a partir do momento que temos limitações físicas que nos impedem de caçar sempre que temos fome e que nossa principal fonte energética é a proteína encontrada principalmente na carne de outros animais.

Se fossemos herbívoros talvez tivéssemos desenvolvido asas, e não a língua e os blogues, e estaríamos por aí a cantar empoleirado em árvores, comendo apenas pequenos insetos que por lá passassem, de vez em quando. Mas nossa necessidade de proteína é maior que isto, o que gera a urgência de maior quantidade de carne, e água, o que nos obriga, já enquanto pequeno grupo, a determinar um território de caça com fronteiras bem definidas.

O ser da mesma espécie que ultrapasse as “nossas” fronteiras (e que pode vir a comer a “nossa” comida, beber a “nossa” água), e ainda mais se tiver alguma pequena diferença, nem que seja somente linguística, é automaticamente rechaçado. É eleito inimigo, sem se quer queremos saber quem é. A não ser que eles. “os invasores”, nos sirvam para alguma coisa, como os cães. Se eles, de alguma forma, nos proporcionarem benefícios, e enquanto os proporcionarem, viverão em paz conosco. Mas desde o momento em que nos passe a incomodar, voltam a ser inimigos e passam a ser alvo de ataques para que se afastem de nosso território. Caso sejam mais fortes, vamos nós é ter que procurar outro. Ou sumimos, mesmo que representemos uma rica civilização.

Mas, o processo de apropriação do território e determinação de fronteiras, e reunião de seres humanos comuns que se aceitam razoavelmente na mesma área de caça (*), é arbitrário. Homem nenhum é proprietário de terra alguma neste nosso planeta, cada vez mais pequeno, a não ser pelo que está escrito em papéis, que se desbotarão, se queimarão ou se perderão, com o tempo.

O único quinhão de terra a que o homem tem direito, enquanto indivíduo, e mesmo assim é provisório, é o espaço que seu corpo ocupa do nascimento até a momentos depois de sua morte. Mas, lá está, o próprio tempo se encarregará de mesmo este espaço funerário ser ocupado por outra coisa que já não será mais aquele indivíduo ali deixado, a não ser na lembrança dos que por aqui ficarem. E isto é verdade para qualquer membro da espécie animal, seja ele daqui ou dali, desta ou daquela cor, credo ou convicção política, legado, poder, força, etc.

Carrega toda a cultura humana a capacidade negra e africana, dos primeiros hominídeos pouco mais que chimpanzés (e a quantificação diz respeito ao desenvolvimento do neocórtex), de procurar e explorar este pequeno mundo em busca de satisfação. Já o fizemos com os pés no chão. Hoje o fazemos com a ponta dos dedos nos teclados e ratos. Mas continuamos a buscar a mesma coisa que o primeiro homem: nosso destino. E este destino comum é de todos, sempre foi e sempre será. Todos apodrecerão da mesma forma, na mesma velocidade e com o mesmo cheiro, independentemente da conta bancária, do sítio onde mora, da cor, da língua, do que for.

Mas continuamos a buscar dignidade, enganados achando que isto é proteína. Buscamos poder, achando que isto garantirá aos nossos entes queridos mais segurança e conforto, o que é o mesmo que dizer melhores condições de sobrevivência. Continuamos a acreditar que isto é melhor que aquilo e que assim seremos maiores e mais fortes que os outros, o que nos dá a ideia de estarmos mais próximos do sucesso. Somos tolos, fazer o que?

O Nelson Évora não é preto, não é português, não é nada além dele mesmo. Um indivíduo capacitado fisicamente a saltar mais longe do que a maioria dos outros humanos, o que já foi um handicap utilíssimo, principalmente quando se estava a fugir para salvar a própria pele. Handicap este tão admirado pelos outros humanos, que ainda hoje é premiado quem o tem.

Mas não é nada a mais, nem a menos, do que isto. Um primata de uma ordem específica, exatamente igual a mim ou a você. Temos é handicap diferentes, uns físicos outros intelectuais. Ainda bem. É exatamente esta diversidade que forma e enriquece a nossa cultura, que é de propriedade de todos os seres humanos do planeta.

Isto para dizer que é esta enganadora noção de propriedade da cultura, da terra ou da verdade que proporciona a distinção, os conceitos feitos a priori, a crispação, os ódios.

Sempre acreditei que seria a Internet a nos mostrar que não somos nada mais do que bits, 0s ou 1s, acesos ou apagados, vivos ou mortos. Espero ainda estar aqui para ver isto.

(*) que alguns chamarão de pátria, palavra derivada de patriarcado, que descende do grego pater, que significa pai ou dos pais, ou provedor da sobrevivência de seus filhos. A pátria é o próprio pai e mãe! Uma tradução livre de pátria seria mesmo a terra de nossos pais, aquela onde sempre vivemos e onde estºao enterrados a nossa família. O sentimento de propriedade da terra está intimamente ligada ao sentimento primário dos humanos, o amor dos pais.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 18 Out 2009 @ 10:38 PM

EmailPermalinkComentários fechados em Tolos primatas
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 01 Out 2009 @ 10:11 PM 

Ying Yang, o equilíbrioO ser humano, desde que toma alguma consciência do mundo que o rodeia, ainda na infância, tem sempre pelo menos uma coisa muito clara em sua mente: para tudo há um princípio e um fim.

O dia começa com o nascimento do Sol e termina horas depois. Todos os dias, inexoravelmente. E vemos isto, e tomamos consciência, mesmo que nisso não pensemos.A vida dos animais e das pessoas começam e terminam, nascimento e morte. Um beijo materno começa com o toque da sua boca na face do filho e termina com seu afastamento.  O prato de comida termina, o tempo termina, a sede, o frio, o calor, o banho, tudo, tudo começa e termina algures.

A complexa noção de não existência, existência e retorno ao nada, começa a se formar ainda em tenra idade, embora não sistematizada. E talvez seja mesmo isto que nos distingua dos outros animais. Talvez seja mesmo esta a chave para a compreensão de nossa inteligência: temos antes de mais nada a consciência do princípio e do fim. Não me parece que qualquer outro animal tenha a concepção do final das coisas, ou pense de onde ou como se originam as coisas. Tem-nas simplesmente, ou não as tem, mas não preocupam-se em sua existência, do princípio ao fim. Simplesmente tem-nas ou não.

E este é também o princípio do conceito dual que se reflete em tudo o que fazemos e pensamos. Considero isto um defeito nosso, pelo facto de que mais nenhum animal ter esta propriedade.

Se olharmos bem para tudo o que fazemos e pensamos, perceberemos que este conceito dual está sempre presente. E é isto que tentarei discutir aqui nesta série de postais sobre a dualidade.

O próximo que escreverei será sobre aquilo a que os cientistas sociais chamam de dualidade perfeita, que é a conceção do bem e do mal representados nas figuras de Deus e Satanás. Até lá proponho um exercício interessante de reflexão: tentem identificar onde está o princípio da dualidade na Economia, na escrita e na História.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 07 Nov 2009 @ 08:07 AM

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