Está a trovejar. Muito forte. Os alarmes dos carros disparam como se Deus os balançasse com seu arroto.
Raios iluminam momentaneamente os meus pensamentos, como sempre acontece nesta situação.
Fico a pensar nos humanos, aqueles pobre animais que se depararam, há milhares de anos, com a inexorável e assustadora força da natureza. A medida desta força se mostra arrasadoramente inofensiva. Chego a sentir, como eles sentiram, todo o chão a tremer. Assusta sim, mas eu sei o que é e sei que existe apenas uma pequena possibilidade disto fazer mal a mim ou aos meus, protegidos que estamos dentro de nossas cavernas de concreto.
Está a chover, muito forte. Aos homens da terra que conhecem o mar, talvez até pareça que será desta vez que as águas superarão definitivamente as terras. E penso: E eu? Virarei algum peixe? Um raio assustadoramente perto me faz querer ser este peixe.
Observo as pessoas e os animais. Eles se calam. Olham para o céu. Resmungam por vezes algumas coisas ininteligíveis. Estará aquele cão da vizinha a rezar?
Muito barulho, os vidros estremessem. Ainda bem que nas cavernas dos antepassados não havia vidraças. Se não, o medo e a crença na superioridade de um ser que provocaria em sua cólera todas estas manifestações, seria ainda maior, mais forte e condicionante.
Chove. Muito forte. Mas a senhora vizinha segue para o seu carro de baixo de chuva. Não há alternativa. Ela tem que sair de sua toca e ir para outra. Para a toca do patrão, talvez. Ou para a toca do médico, do advogado, do dentista, quem sabe?.
A distância entre as luzes dos raios e o som do trovão já é maior novamente. Eu sei, e somente eu sei, mas eles não sabiam que isto significa que ela já se afasta. Mas o medo genético de meu antepassado não. Ele permanece presente. Até mesmo milhares de anos depois.
As crianças. Elas se assustam e dizemos: “Não é nada, são só trovões.” Mas como não é nada? São trovões. Muito fortes, muito significativos de que afinal há mesmo algo que nos supera em muito e está vivo. Está presente e pode se manifestar a qualquer momento. E pode mesmo levar aquilo que me é mais caro, minha pobre vidinha de observador de trovões.
Ainda há trovões. Estão distantes, mais distantes, mas o medo e a certeza de que eles existem não desaparece assim tão fácil, em tão poucos anos, milhares de anos.
Penso, do fundo de minha caverna: Quem passou por aqui? Por que fez tanto barulho? O que isto tem a ver comigo? Eu não lhe fiz nada de mal? Por que ele me assusta assim? Terei eu feito alguma coisa de mal? Estará ele desta vez apenas me avisando que é poderoso e que pode acabar comigo e com minha família no momento que quiser? Num piscar de olhos, na velocidade do raio? Terei eu agora, daqui pra frente, que policiar os meus atos afim de afastar este monstro de minha mente? Quem é ele? O que é ele?
Já passou. Engraçado. Rapidamente passou. Mais rápido do que eu esperava. Já até vejo o Sol. Foi ele… deve ter sido ele… o Sol… preciso dar-lhe um nome que signifique todo este poder expresso em meu medo.
Já sei: chamar-lhe-ei Deus. E assim o faço desde a milhares de anos.
Um último trovão se manifesta. Distante. Só para me lembrar que ela pode voltar e o fará sempre que quiser. Sem que eu deseje, espere, anseie.
Ok, deixe-me voltar ao jogo de pôquer…
Se o Usain Bolt jogasse Poker e o fizesse com a mesma qualidade com que corre os 100 e 200 metros, modalidade nas quais é considerado por muitos como o melhor de sempre, eu, um mero mortal, teria a mesma possibilidade que ele, sentado numa mesa de Poker.
Se me pusesse a correr lado a lado com o jamaicano, e se o fizesse 100 vezes, eu perderia as 100 porque ele é neste esporte definitivamente melhor do que eu. Poderia considerar que numa dessas 100 vezes, por obra do acaso, ele tropeçasse e caísse ao chão, dando-me a chance de vence-lo uma vez. Mas esta vitória seria um acaso absurdo, que em outras condições não aconteceria de forma alguma.
Se eu jogasse nos próximos dias 100 partidas contra um Grande Mestre de Xadrez, por mais que eu me dedique a estudar a arte e a ciência do Xadrez a partir de um ponto qualquer e nos seguintes dois anos, eu perderia as 100 partidas, porque há um conjunto de conhecimento cumulativos que eu não seria capaz de reunir neste tempo de forma a supera-lo, caso o tal campeão se mantivesse ativo e a estudar no mesmo período que eu. Ele partiria na frente e sempre estaria a minha frente inexoravelmente.
Mas no poker, que alguns querem faze-lo esporte, tudo é muito diferente. Há uma componente de sorte muito marcante que faz com que situações inacreditáveis, e este é o ponto fulcral da questão, possam acontecer com uma frequência determinante.
O que se faz perder na corrida dos 100 metros é um conjunto de capacidades físicas e técnicas absolutamente mensuráveis que determinam de forma segura que o Usain Bolt vá me vencer sempre, dentro das condições físicas que ambos temos neste momento.
O que se faz perder no xadrez é um conjunto de conhecimentos estratégicos que se forem aplicados com precisão pelo adversário não me darão a menor hipótese de vitória caso não as conheça a todas e saiba como evitá-las e transformar-las em possibilidade de contra-ataque. E poderia continuar a falar assim de outros esportes.
Mas o que faz perder no poker é a presunção, a esperança, a crença de que aquilo que temos, ou poderemos vir a ter num determinado momento, é superior ao que o nosso adversário tem ou terá. Mas aí a sorte tem uma influência muito grande para permitir ser absolutamente mensurável a capacidade de uns e de outros.
Tenho a certeza que se o maior jogador de Poker jogar contra mim 100 mãos, e se nessas as cartas me privilegiarem, sou capaz de ganhar algumas vezes dele e, se calhar, com um pouco de sorte, até mesmo mais vezes.
Sim é verdade. Sinto-me capaz de vencer ao Doyle Bruson algumas vezes, mas sei que seria impossível vencer o Usain Bolt ou o Garry Kasparov, nos esportes que praticam.
Este pensamento veio a partir do, a meu ver improvidente, debate do Leo Bello com o Jô Soares a cerca de ser o poker esporte ou não.
A meu ver o Poker não é um esporte e nunca será, não passando de um jogo onde a componente sorte tem uma importância muito grande e onde a consciência deste factor imponderável é condição definitiva para se obter sucesso neste jogo.
O “come quem quer”, “fuma quem quer”, etc. é o argumento utilizado pela indústria alimentar e do tabaco na hora em que são condenados a pagar indemnizações aqueles que sofreram as consequências do processo de massificação de mal hábitos patrocinado pela indústria ocidental. E perdem nas cortes ao utilizar este argumento.
A separação entre os fortes que resistem a pressão mediática e social e os fracos que engordam e morrem das consequências provenientes da massificação de lixo consumista, é um argumento que tem por base a eugenia. Está provado nas cortes e na História.
Fala-se aqui em questões básicas muito sérias do processo de desenvolvimento social pelo qual o mundo ocidental católico (aquele que se habituou a comer carne de porco, lixo para os judeus e muçulmanos) passa neste momento em que se revê todas as consequências da Revolução Industrial, da crise financeira e económica causadas pela massificação industrial que levou a crise de 1929 e a de 2008/2009, aos processos “fast rich” que trazem dinheiro para alguns e sofrimento para milhões.
Em minha opinião todo este processo está errado e tem que ser modificado. Todo o processo de diminuição do custo de produção visando a maximização do lucro, em detrimento da qualidade de vida das pessoas tem que ser modificado. E na indústria alimentar isto se apresenta de forma particularmente cruel, porque atinge diretamente a qualidade de vida das pessoas e, sobretudo, a saúde!
É triste ver um mundo ocidental que cada vez consome mais lixo, e isto se vê na dimensão de seus corpos, enquanto na maioria do mundo morre-se de fome. O alimento consumido por aquela senhora da foto dava para alimentar de forma equitativa pelo menos mais 4 pessoas. Se por cada gordo, sinal efetivo de produção e consumo excessivos, houvesse uma maneira de dividir este alimento em partes iguais, não haveriam nem os gordos nem os que morrem a fome.
Mas que isto fosse feito sem o paternalismo de um estado totalitário. Que fosse feito por mera solidariedade. O problema é que a solidariedade não gera lucro. Portanto é melhor engordar os daqui, dando-lhes muito mais alimento do que precisam, desde que eles tenham dinheiro para pagá-lo, do que utilizar este excedente para alimentar a quem realmente precisa. É como a indústria do dinheiro: só emprestam para quem o tem.
Sinto-me mal, muito mal, quando vejo um manifestante qualquer no mundo ocidental a destruir alimento pelo fato dele não proporcionar o lucro que esperava. Porra! E os que estão a morrer a fome?
Que se canalize as calorias que excedem nos maioritariamente gordos ocidentais para os maioritariamente desnutridos do resto do mundo. Tenho a certeza que todos ficariam mais felizes. Menos os “louros de olhos azuis engravatados” a quem o Lula responsabilizou esta última crise que passamos. Mais uma vez uma crise de excedente industrial. Só que desta vez proveniente da indústria do dinheiro.
É fácil de ver, não é?
Ontem, enquanto escrevia o postal sobre a música do Led Zeppelin, ao afirmar que o solo do Jimmy Page ainda, pra mim, inigualado, pensei muito numa música em particular. Na Firth of Fifth do Genesis, onde está aquele que penso ser o solo de guitarra mais bonito que já ouvi. Não supera o solo do Jimmy Page em técnca, mas supera em harmonia e beleza, como já acontecera na Parents do Budgie.
Mas o que me fez querer vir aqui para dizer isto é que ao novamente procurar imagens da Firth of Fifth no YouTube, reencontrei um vídeo pelo qual tenho particular admiração e que nunca o reproduzira nem aqui nem no GavezDois. É que estranhamente o fabuloso violonista que toca esta música não permitia a Tony R. Clef, reprodução dos vídeos em outras páginas. Mas agora permite e com novas características dos links do YouTube.
Gosto tanto do trabalho do Tony, do qual sou assinante do canal, e fiquei tão satisfeito que resolvi postar só para ouvirmos esta música fantástica. Aqui não há o solo do Steve Hackett (originalmente, bem como aqui, feito também numa Les Paul), mas o resto … !!!
Publicada em crônica de Carlos Drummond de Andrade, no Jornal do Brasil de 21.11.78 – RJ.
COMO OS ANIMAIS, AS PLANTAS TEM DIREITO À VIDA
A Declaração Universal dos Direitos da Planta concebida pelo professor universitário Adalberto Bello de Andrade é a seguinte:
Art. 1 – Todas as plantas nascem iguais perante a vida e têm os mesmos direitos à existência.
Art. 2 – O homem depende da planta e não poderá exterminá-la. Tem obrigação de colocar a seu serviço os conhecimentos que adquiriu.
Art. 3 – Toda planta tem direito à atenção, aos cuidados e à proteção do homem. Se a morte de uma planta for necessária, deve ser precedida de cuidados para o transplante da espécie.
Art. 4 – Toda planta pertencente à espécie selvagem tem direito de viver livre em seu próprio ambiente natural terrestre ou aquático e a reproduzir-se. Todo corte de planta, mesmo para fins educativos, é contrário a esse direito.
Art. 5 – Toda planta pertencente a uma espécie ambientada tradicionalmente na vizinhança do homem, tem direito a viver e crescer no ritmo e nas condições de vida e liberdade que forem próprias de sua espécie. Qualquer modificação deste ritmo ou destas condições, que for imposta pelo homem com fins mercantis, é contrária a esse direito.
Art. 6 – Toda planta escolhida pelo homem para companhia tem direito a uma duração de vida correspondente a sua longevidade natural. Abandonar, esmagar, queimar uma planta é ação cruel e degradante.
Art. 7 – Toda planta utilizada em ornamentação, principalmente em recinto fechado, tem direito à limitação razoável da permanência e intensidade dessa ornamentação, bem como adubação reparadora, água pura e ar natural.
Art. 8 – A experimentação vegetal que envolver sofrimento físico ou dano irreparável à planta é incompatível com os seus direitos, quer se trate de experimentação médica, científica, comercial ou de qualquer outra modalidade. As técnicas de enxertia que visem à preservação da espécie devem ser utilizadas e desenvolvidas.
Art. 9 – Se uma planta for criada para alimentação, que o seja em solo previamente preparado, utilizando-se técnicas e elementos que permitam o seu crescimento natural, e que jamais alterem o sabor característico da espécie ou acelere a maturação dos frutos. Se uma planta for criada para transformação, seu corte deve ser precedido do replantio de, no mínimo, 10 unidades da sua espécie.
Art. 10 – Nenhuma planta, fruto ou semente deve ser utilizado para divertimento do homem. As exibições de maneira imprópria ou chocante são incompatíveis com a dignidade da planta.
Art. 11 – Todo ato que implique a morte desnecessária de uma planta constitui biocídio, isto é, crime contra a vida.
Art. 12 – Todo ato que implique a morte de grande número de plantas selvagens constitui genocídio, isto é, crime contra a espécie. A poluição destrói o ambiente natural e conduz ao genocídio.
Art. 13 – As cenas de violência contra as plantas – cortes, derrubadas e queimadas – devem ser proibidas no cinema e na televisão, salvo se tiverem por finalidade evidenciar ofensa aos direitos da planta.
Art. 14 – Organismos de proteção e salvaguarda das plantas devem ter representação em nível governamental. Os direitos da planta devem ser defendidos por lei, como os direitos humanos e os direito do animal.
A distorção da formação de nossa compreensão da realidade, provocada pelo nosso envolvimento com a artificial civilização industrial, a que estamos inseridos, já chega a tal ponto, que somos capazes de fazer campanhas, e gastar dinheiro, em defesa de determinadas ideias, contra umas coisas e/ou a favor de outras, mas que ambas, na prática, são opiniões formadas em função de visões artificiais da realidade. Nada tem a ver com a nossa natureza humana, que se perde numa argumentação sem nexo.
Sei que esta é uma afirmação complexa e será de difícil demostração. Mas é isto que tentarei fazer a seguir. Sei que não conseguirei no âmbito deste postal. Serão ainda precisos muitos outros para demostrar com clareza, para resumi-lo em afirmações simples e objetivas. Mas é este, estudar esta afirmação, um dos principais propósitos deste blogue. Não chego agora a saber se a própria afirmação está bem formulada, mas para o propósito a que me destino neste momento, é suficiente.
Dinheiro é gasto em campanhas para que se deixe de comer carne animal e se passe a consumir somente vegetal. Ótimo. Não fossemos nós humanos, simultaneamente, carnívoros e herbívoros. A Antropologia nos ajuda a fazer esta última afirmação com um elevado grau de certeza.
Mas o caso que me chamou a atenção é uma exemplar ação de artificialidade civilizatória, pois carrega em sua mensagem diversas incoerências. Trata-se do caso da PETA (People for the Ethical Treatment of Animals).
Uma das principais mensagens desta ONG, com mais de dois milhões de membros e apoiantes, sendo mesmo a maior organização que trata dos direitos dos animais no mundo, segundo o seu site (http://www.peta.org), é extremamente simples: Não coma aninais, seja vegetariano!
Perfeito. Bonito. Poético. Só que nós somos animais (também) e carnívoros! E para que se defenda aquilo que para eles é importante, os animais, direcionam para os vegetais o voraz apetite dos humanos que tem dinheiro para se alimentar.
Ok. Compreensível mas… por que? Terão os animais a quem eles defendem os direitos, mais direitos que as plantas? Sendo ambos seres vivos domesticados para nossa satisfação alimentar, uns tem mais “direitos” que outros? Aplica-se aos animais ou as plantas a artificial noção de direito, acima das leis da natureza, sob o qual nos organizamos?
Acredito que as plantas tem sentimentos, como provou Cleve Bacster, e comprovaram os MithBusters, e que sentem inclusive dor. Neste caso onde estaria a diferença entre os animais e os vegetais?
A exploração do erotismo feminino nas campanhas da PETA, não serão também tão criticáveis quanto a possível exploração dos animais para satisfação de nossa necessidade básica como eles apresentam?
Questões as quais tentarei responder mais tarde. Mas, para já, uma visão de uma outra organização social, destas a que nossa artificial civilização está cheia, contra a atuação da PETA. Com a palavra, as feministas.
Não me manifesto nem contra nem a favor de um ou outro ponto de vista. Estou tão somente a ler as opiniões. Ambas me parecem artificiais. Vejo o próprio direito como uma artificialidade necessária.
Mas acredito que se a PETA utilizasse o dinheiro que gasta nas campanhas contra o uso da carne animal e em defesa dos vegetarianos, com a alimentação, vegetariana que seja, dos que para isto não tem dinheiro, prestariam um serviço melhor a sociedade do que a Playboy tem prestado.
Alicia Silverstone’s Sexy Veggie PSA
Order a FREE vegetarian starter kit at GoVeg.com
Afinal ambos os argumentos, contra e a favor da utilização da carne animal na alimentação, são artificialidades inerentes a tal sociedade industrial que o Marcuse descreveu. E esta caríssima peça publicitária é mero marketing para vender mais alguma coisa para o consumidor. E fa-lo utilizando o erotismo, da mesma forma que a Kelloggs ou a HS. O objetivo é sempre o mesmo: vender necessidades que nós não temos.
A PATA, a PETA, a PITA, a POTA e a puta (que fique claro que não me refiro a Alicia, sendo isto só um trocadilho), tem todas o mesmo objetivo de vender alguma coisa pra gente.
Ok. O marxismo afundou-se nas experiências políticas do socialismo soviético, mas as boas ideias de justiça social devem ser resgatadas, preservadas e adaptadas a uma nova sociedade mais coerente. Só tentarei aqui dar o meu contributo para que isto aconteça.
“Entre os melanésios, força ou poder impessoal e sobrenatural que pode estar concentrado em objetos ou pessoas e que pode ser herdado , adquirido ou conferido.” (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, )
“Entre os melanésios, o conjunto de forças sobrenaturais provenientes dos espíritos e que operam num objeto ou numa pessoa.” (Novo Dicionário Aurélio da língua portuguesa, 2ª edição)
“O Mana uma força impessoal que existe nas pessoas, animais e objectos inanimados e que instiga no observador um sentimento de respeito ou de admiração. Antropologicamente, mana é um conceito com um significativo interesse, já que é considerado frequentemente como o precursor de uma religião formal. O mana é comummente interpretado como a “substância da qual a magia é feita” além da substância que forma a alma.” (Wikipédia)
Esta poética definição da palavra “Mana”, encontrada no Wikipédia e que dá título ao postal, encontrei-a ao pesquisar na Internet sobre o fenómeno humano de adoração de pessoas. Eu estava a procurar a origem deste tipo de admiração (humana por outros humanos em carácter particular, mas sei que ela também pode se aplicar a animais, objetos inanimados, ícones, desenhos, etc), porque sempre que encontro pela rua este tipo de manifestação, que se exprime de diversas maneiras, interesso-me de forma particular, tentando compreende-la.
Todos temos diversas vezes na vida a oportunidade de presenciar momentos destes ao vivo (sem falar na TV que é quase que exclusivamente um instrumento de criação e destruição de ídolos), nos quais por vezes nós próprios estamos envolvidos como admiradores. Esta admiração pode proporcionar, como tudo na vida, tanto reações (cargas elétricas) positivas (amor, afeto, idolatria, etc) como negativas (ódio, ciúmes, inveja, etc). É-nos, por vezes, completamente impossível sermos indiferentes a determinadas pessoas, por mais que queiramos e/ou dizemos sê-lo.
Nos últimos anos, sempre que este tipo de manifestação ocorre na minha presença, passo a observar e a tentar analisar os indivíduos, compreender-lhes a razão. Tento verificar as suas particulares formas de manifestar a admiração. Tento compreender as intenções individuais e coletivas quanto ao objeto admirado. Encontro aí fonte inesgotável de inspiração de personagens e de credibilização psicológica destas mesmas personagens.
Percebo que a manifestação de admiração se produz em duas vertentes: a) na vertente imediata, uma vez que a comunicação se dá em primeiro lugar com os outros manifestantes, o que na esmagadora maioria das vezes é a única audiência de nossa manifestação; b) e na vertente secundária, está já no campo da imaginação, onde a comunicação de nossa admiração poder-se-ia se dar diretamente com o objeto admirado. Esta última, muitas vezes, em minha opinião, assume um carácter sexual.
Este é efetivamente o princípio básico da religiosidade humana. E este é um dos assunto que mais me desperta o interesse ultimamente, por que percebo com nitidez que a religião no futuro será uma coisa completamente diferente da que é agora.
Hoje completo 50 anos de vida. Ainda não sei exatamente o que isto significa. Estou a fazer uma espécie de retrospetiva e avaliação do que foi positivo e negativo. Não consigo concluir absolutamente coisa alguma. Consigo ver tudo, dependendo do ponto de vista, como positivo ou negativo.
Vejo felicidade e tristeza e consigo distingui-las com clareza. Mas não consigo ver com tanta nitidez, por exemplo, a interpretação jurídica de alguns crimes, a expressão da arte e seus efeitos nos seres humanos no que diz respeito a qualificação, a política e os sistemas políticos como necessários a civilização artificial, só para citar algumas coisas. Mas vai por ai além, muito além.
Mas começo a ver, diante dos meus olhos, o nascimento de algumas ideias novas. O que com 50 anos, é motivo de orgulho. Sinto-me efetivamente jovem.
É aquela velha história do copo meio cheio ou meio vazio. A má notícia foi o que aconteceu as pessoas no Hospital Santa Maria. A boa notícia é que três das seis pessoas apresentam sinais de recuperação. Mas a visão pessimista só permite ver que os outros três ainda não enxergam. É triste e faz os nossos dias ficarem mais sombrios, soturnos, macambúzios, sorumbático, embezerrado, cenhoso.
É quando um IP da classe A, 10.9.18.163 por exemplo, diz a um da classe C, 192.168.100.254 por exemplo, que é melhor do que este porque, apesar de ter os seus valores nominais de cada byte mais baixos, pode agregar muitos mais IP em suas redes.
Isso faz com que um IP da classe A seja melhor do que o da classe C?