Hoje li uma frase que um tipo chamado Arnaldo José da Silva resolveu colocar num Outdoor no Brasil. Ela dizia assim:
“Não existe crise!!! Existe sim uma propaganda negativa e destruidora feita pelas emissoras de televisão em troca de audiência. Deligue a televisão e trabalhe. Você surpreender-se-á com o resultado”
Interessante.
Noutro dia, lendo os comentários de um blog, lá pelas tantas li um sujeito escrever: -“Construtora, que vem de contruir…”, o que me levou a pensar no seguinte: O que deve vir primeiro é a substância, depois o agente e depois a ação. Portanto “construtora”, que é uma agente, descende de “construção”, que é a acção e a substância (embora seja um substantivo representa também a acção). Se depois vem o agente ou a acção é um pouco como discutir a questão do ovo e da galinha, mas que sem substância não há nada, isto me parece verdade.
Em dois dos golos sofridos por Portugal contra a Alemanha, no passado dia 19/06, o primeiro e o terceiro, o lateral direito, improvisado na esquerda, Paulo Ferreira estava, estranhamente, a marcar o autor do golo. Estranhamente porque naquela posição quem deveria estar a marcar o atacante seriam os centrais.
Mas o que se deve notar, e que não vi ninguém na imprensa portuguesa a mencionar, foi o facto de que o único jogador de Portugal que deveria estar muito zangado com o treinador Scolari deveria ser exactamente o Paulo Ferreira.
Quando da contratação de Bozingwa pelo Chelsea, o Paulo Ferreira deve ter pensado que alguém em Stanford Bridge estaria muito chateado com ele, uma vez que ainda não havia um técnico escolhido e já o haviam barrado no time titular, uma vez que contrataram um jogador que jogava na mesma posição que ele e era, pelo menos na selecção portuguesa, titular da posição e ele o reserva. Quando soube que o futuro técnico, e possivelmente a pessoa que indicara Bozingwa ao Chelsea, era o mesmo técnico da selecção portuguesa deve, no mínimo, ter perdido a vontade de se esforçar para jogar bem fora de sua posição.
Terão os alemães se apercebido disto? Será que colocaram o seu colega de equipe Ballack em suas costas imaginando que ele, Paulo Ferreira, nem se esforçaria para pular para a cabeçada, quando mais jogar-se para o chão afim de sublinhar a vermelho a falta que sofrera? Se eu me apercebi por que os competentes profissionais alemães não se aperceberiam disto? Estaria o Ricardo a ser solidário com o Paulo Ferreira?
Acredito que efectivamente houve uma enorme rachadura no grupo com o anúncio feito pelo Chelsea, minutos depois de Portugal ter atingido aquilo a que Scolari definira dias antes como objectivo mínimo.
A escolha como sacrificado na selecção portuguesa exactamente daquele a quem preterira no futuro clube talvez tenha sido o grande erro de um Scolari já realmente mais preocupado com o futuro do que com o presente.
PS: Sou brasileiro.
É… pelo bem de alguns valores pelos quais nutro profunda lealdade vou começar por dar minha opinião sobre alguns assuntos relativos a Second Life. Mas o farei tomando como ponto de partida algumas coisas que tenho lido em outros blogs sobre o assunto e em particular a um post. Este.
É que discordo do que lá está posto, no texto e nos comentários, e concordo em grande parte com o que disse o Sr. Rosedale.
O que ele disse numa entrevista, pelo que se entende para justificar sua saída do cargo de CEO da empresa que criara, foi basicamente que se fartou daquilo, a exemplo de outros outrora activos utilizadores. E ao sair deixou claro alguns dos motivos que fe-lo tomar esta atitude.
Se não vejamos algumas coisas do que ele disse:
1. Para além de um computador rápido, uma excelente placa de vídeo e acesso de banda larga à Internet, que são aspectos técnicos mas ao que parece o Sr. Rosedale não falava disto mas das pessoas, realmente uma atributo fundamental para se estar na Second Life (SL) é tempo na Real Life (RL).
É necessário disponibilidade para se realizar as coisas por lá, uma vez que tudo o que se possa fazer de divertido e/ou lucrativo naquele ambiente demanda tempo (e dinheiro). Não estou a ver uma pessoa que trabalhe o dia todo, e que esteja realmente ocupada no trabalho, e que não tenha “vontade” de entrar na SL do trabalho para depositar o avatar num camping afim de fazer dinheiro, a passar seus tempos livres a vagar pela SL por muito tempo, a não ser que seu trabalho seja lá dentro.
A maior parte das pessoas com quem falei lá dentro tinham características interessantes. Só para exemplificar, a maior parte das mulheres com quem conversei durante um período em que tive um clube noturno que promovia festas de 4 horas de duração, que estavam sempre cheias, tinham uma característica em comum: eram mães de recém-nascidos o que pressupõe um superavit de tempo e a “prisão”, por assim dizer”, num local fixo e em casa. Notável também é que a maior parte delas desapareceu da SL. Fartaram-se ou os filhos cresceram.
2. E aqui estão colocados, em minha opinião, os dois pontos fulcrais dos motivos de decepção do Sr. Rosedale com a sua Second Life: a) As pessoas que realmente o interessariam que estivessem na Second Life, por representarem uma camada da sociedade norte-americana de maior poder aquisitivo, não estão nem aí para a SL porque as Ferraris, as mansões, as roupas que compram, etc., o fazem na RL e; b) pelo contrário, estas pessoas não querem estar anónimas, antes disto querem mostrar todo o seu poder financeiro.
O dado importante desta afirmação, e que vai de encontro com as coisas que aqui neste blog afirmo e afirmarei quanto a SL, diz respeito ao carácter de anonimato sendo mesmo este o motivo de tornar a SL tão particular. Mas disto falaremos mais tarde e em outros postais.
3. Se na RL estiver um belo dia de Sol, aquela linda mulher desacompanhada, com corpo escultural, cabelos (quase) perfeitos, pele bronzeada, andar sexy, roupas provocantes ficará em casa passeando na SL com o seu imperfeito avatar ou irá para à praia exibir todos os seus dotes? Sinceramente, querem que eu responda? Se as pessoas por trás daqueles avatares belíssimos, dentro dos padrões da SL é claro, fossem tão belos na RL quanto o são na SL, simplesmente não estariam lá!
Das (poucas) pessoas que conheço na RL e que têm avatares frequentadores da SL, nenhuma delas correspondem em juventude, porte físico e beleza estética ao avatar que possuem. A SL definitivamente é uma segunda vida e, penso eu, por lá as pessoas são bastante daquilo que gostariam de ser mas que não podem ser na realidade.
No primeiro parágrafo de livro “Virtual Worlds – Rewiring your emotional future”, Jack Myers faz uma afirmação que está bem de acordo com a forma como encaro a SL, e acredito que não estou sozinho nisto:
“Virtual Worlds ™ are 21st Century versions os 1960s mind-expanding drugs, but they are expanding more than just the mind. Virtual worlds and enhanced social networks allow us to explore new universes, expand our emotional range and depth, change the nature of communications and create different identities for ourselves. You can now create multiple versions of yourself with different names, gender, ethnic heritage, passions, dreams and even relationships.” (Myers, Jack and Weinstein, Jerry – Virtual Worlds – Rewiring your emotional future – página 9 – Myers Publishing, LLC – New York – 2007)
E são aqueles, acredito, que têm dificuldades na relação com as pessoas na RL as mais propensas a experimentar esta fantástica possibilidade de ser muitas pessoas, muitas formas de si própria. Por mais que se tente dar sua personalidade a um avatar ele sempre será apenas isto, um avatar, ou seja uma representação gráfica de um utilizador que pode ou não corresponder com a condição humana real desta pessoa representada.
Concluo destas palavras do Sr. Rosedale que ele está tão farto disto quanto qualquer outra pessoa que se tenha frustrado com esta sua segunda vida. Talvez mesmo por tentar ser na segunda a mesma coisa que na primeira e descobrir que afinal o jogo é tão chato, enfadonho e injusto quanto a vida real.
Mas é nesta fantástica maneira de atribuir mimetismo ao ser humano onde mora justamente a grande força deste ambiente. Acredito que seja exactamente a possibilidade de se poder viver infinitas vidas que me alicia nesta SL. Trocar de personagens como uma pessoa troca de roupa todos os dias, ou de penteado, cor do cabelo, ou mesmo de aparência com os adornos, tatuagens ou cirurgias plásticas, etc., é que me atrai. Poder colocar uma tatuagem hoje, sem dor e retirá-la amanhã ou substitui-la por outra é que faz este mundo virtual interessante.
Me apraz e estimula intelectualmente manter diversas memórias particulares das diversas personagens que crio, cada uma delas com sua personalidade própria, círculo de amigos particular, sonhos, realizações, desejos e ambições. Se a dupla personalidade é um distúrbio psíquico na RL na SL a múltipla personalidade é um predicado.
Depois continuo. Até a próxima.
Ontem fui ao Estoril Open e ouvi uma conversa, que não estava a ser mantida de forma velada, que ajuda a compreender algumas coisas a cerca das intenções nas atitudes que são tomadas por pessoas das quais esperaríamos, a partida, alguma inocência.
Durante o jogo do Roger Federer com o Olivier Rochus, sentou-se perto de mim um grupo de meninos (putos como lhes chamam por aqui) que tinham um cartaz tosco pintado à mão e com folhas coladas, onde dizia: “Federer give me your t-shirt”.
Já deve ocorrer há mais tempo, mas lembro-me bem de ter aparecido uma vez, durante a transmissão pela TV de um jogo de futebol, de um menino com um cartaz toco destes, onde dizia que era sua primeira vez no estádio e pedia a camisola ao craque de seu clube predilecto. Ao final do jogo a mesma TV encarregou-se de mostrar o craque gentilmente cedendo a sua camisa ao tal menino, numa cena tocante. Pensamos, imagino que mais pessoas junto comigo, coisas como: “Que sorte que este menino deu! No seu primeiro jogo ganha a camisola do craque!”; “Muito bem pensado! Será que foi ele que teve a ideia? Ou o pai que lhe segurava os ombros?”; “Que bela atitude do craque oferecer a camisola ao menino debutante!”. Desde então temos visto muitas crianças, com os respectivos cartazes e pais, como papagaios agarrados aos seus ombros, a pedir camisolas nos estádios
E uma coisa que me lembro ter passado pela minha cabeça foi a de que o menino faria com aquela camisa.
Uma resposta possível veio ontem no Jamor ouvindo a tal conversa dos meninos. É que um dizia aos outros: – ” Se ele nos der a camisola nós a venderemos! Soube que a camisola do Djokovic dada na Austrália (onde o croata ganhara) foi vendida na Internet por cinco mil dólares!”. No que o outro respondeu:-“Eu queria mesmo era vir a final para ver se ganhava uma raquete do Federer!”
Acabo de ler em http://tek.sapo.pt/4L0/815002.html o seguinte:
“A Internet é o canal primário de ataques quando comparado com outro tipo de ameaças. É neste ambiente que os utilizadores acabam por ver os seus computadores afectados com algum tipo de “malware”, bastando para isso o acesso a uma página infectada.”
Isto serve perfeitamente como ponto de partida para um dos assuntos chaves deste blog que é a identidade do indivíduo, como estará explicado melhor na página “Sobre Edgard Costa”.
A identidade, ou no caso a falta dela, é o que permite que se pratique na Internet todo o tipo daquilo a que se convencionou chamar de vandalismo (termo que se tomo como base a atitude de um povo bárbaro chamado de Vândalos). É a possibilidade de se esconder que possibilita que se tome atitudes que caso fosse facilmente identificado, a mesma pessoa não as tomaria.
Esta questão pode, e deve ser vista ao contrário: então afinal é a identidade que delimita o conjunto de atitudes que um individuo pratica dentro do grupo social ao que está inserido? Creio que sim. E vou tentar abordar esta questão em diversos exemplos, sobretudo nas atitudes tomadas nos metaversos, ou mundos virtuais, onde a identidade é uma questão menor, onde o indivíduo pode se “esconder” por trás de avatares para experimentar tudo o que quiser e, principalmente, correndo pouquíssimos riscos.