26 Jun 2009 @ 11:27 AM 

Gravitam em torno de um astro diversos corpos, em alguns casos milhões deles. Uns num sentido outros noutro. O choque dos corpos que gravitam em sentidos opostos sempre acaba por determinar a prevalência de um conjunto deles que, como os anéis de Saturno, acabam por serem destinados a circular todos num mesmo sentido, lado a lado, até por fim também desapareçam.

Quanto mais forte for a explosão da estrela, maior a quantidade de corpos que gravitam, maior o antagonismo entre eles, maior a quantidade de corpos que terão que desaparecer em ambos os lados para que alguma coisa prevaleça.

Esta é uma lei da Natureza que se aplica a quase tudo, dos astros no Universo aos astros em nosso planeta. Dos átomos aos nossos pensamentos.

Em torno do Michel Jackson orbitam dois tipos de corpos: os que obtém algum benefício com os seus sucessos e os que os obtém de seus fracassos. Não tivesse sido ele um ser humano, igual a todos nós que, dialeticamente, é composto de ambos, sucessos e fracassos. Só que muito mais conhecido, o que lhe garante que tanto os sucessos quanto os fracassos sejam potencializados a escalas inimagináveis a um outro mortal qualquer.

O número de fãs de um ídolo qualquer é gerador de um número proporcional daqueles que o odeiam. É importante somente notar que as palavras de ódio são sempre muito mais fortes e determinantes do que as de amor.

E o mundo do entretenimento é mesmo muito cruel. Se uma pessoa dedica toda a sua vida a entreter, correrá sempre o risco de terminá-la como vilão, acusado pelos que o odeiam até mesmo daquilo a que a nossa Justiça não o acusou, ou não se entretecem as pessoas mais com a miséria do que com a fortuna.

Um famoso carnavalesco do Rio de Janeiro, Joãozinho Trinta um génio de sua espécie, dizia uma coisa muito interessante justificando as verbas astronómicas gastas no carnaval: -”O que entretêm aos pobres é o luxo e não a pobreza, isso eles veem todos os dias. Quem se entretêm com com a pobreza humana é o intelectual e não o povo, que é pobre.”

“Pop” vem de popular, do povo, dos pobres. O que tentou ser Michel Jackson durante toda a sua vida? Aquilo a que todos indivíduos de todos os povos do mundo queriam ser: um nascido pobre que se torna muito bem sucedido. Isto ele conseguiu fazer melhor do que qualquer outro. Vendeu mais de seus produtos do que ninguém, porque a sua mensagem encontrou ecos nas almas de milhões de pessoas no mundo. Que, pelo menos por alguns momentos, divertiram-se com sua dança, sua música, com suas contradições, condição humana.

Duas coisas importantes percebi esta noite: 1) o disco que mais vendeu até hoje, o Thriller, não chegou a vender nem o equivalente 0,02% da população mundial. Considerando que a maior parte desta população nem acesso a luz elétrica tem, isto mostra de forma cruel que os amantes da música erudita são mesmo uma minoria esmagadora; 2) Os ícones de minha juventude, musicais (Michel Jackson) ou sexuais (Farah Fawcett, para que não haja confusões), estão a ir embora já no mesmo dia. Estou em vias de extinsão.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 26 Jun 2009 @ 11:28 AM

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Categories: Pensando alto


 

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