05 Set 2009 @ 8:41 AM 

Se o Usain Bolt jogasse Poker e o fizesse com a mesma qualidade com que corre os 100 e 200 metros, modalidade nas quais é considerado por muitos como o melhor de sempre, eu, um mero mortal, teria a mesma possibilidade que ele, sentado numa mesa de Poker.

Se me pusesse a correr lado a lado com o jamaicano, e se o fizesse 100 vezes, eu perderia as 100 porque ele é neste esporte definitivamente melhor do que eu. Poderia considerar que numa dessas 100 vezes, por obra do acaso, ele tropeçasse e caísse ao chão, dando-me a chance de vence-lo uma vez. Mas esta vitória seria um acaso absurdo, que em outras condições não aconteceria de forma alguma.

Se eu jogasse nos próximos dias 100 partidas contra um Grande Mestre de Xadrez, por mais que eu me dedique a estudar a arte e a ciência do Xadrez a partir de um ponto qualquer e nos seguintes dois anos, eu perderia as 100 partidas, porque há um conjunto de conhecimento cumulativos que eu não seria capaz de reunir neste tempo de forma a supera-lo, caso o tal campeão se mantivesse ativo e a estudar no mesmo período que eu. Ele partiria na frente e sempre estaria a minha frente inexoravelmente.

Mas no poker, que alguns querem faze-lo esporte, tudo é muito diferente. Há uma componente de sorte muito marcante que faz com que situações inacreditáveis, e este é o ponto fulcral da questão, possam acontecer com uma frequência determinante.

O que se faz perder na corrida dos 100 metros é um conjunto de capacidades físicas e técnicas absolutamente mensuráveis que determinam de forma segura que o Usain Bolt vá me vencer sempre, dentro das condições físicas que ambos temos neste momento.

O que se faz perder no xadrez é um conjunto de conhecimentos estratégicos que se forem aplicados com precisão pelo adversário não me darão a menor hipótese de vitória caso não as conheça a todas e saiba como evitá-las e transformar-las em possibilidade de contra-ataque. E poderia continuar a falar assim de outros esportes.

Mas o que faz perder no poker é a presunção, a esperança, a crença de que aquilo que temos, ou poderemos vir a ter num determinado momento, é superior ao que o nosso adversário tem ou terá. Mas aí a sorte tem uma influência muito grande para permitir ser absolutamente mensurável a capacidade de uns e de outros.

Tenho a certeza que se o maior jogador de Poker jogar contra mim 100 mãos, e se nessas as cartas me privilegiarem, sou capaz de ganhar algumas vezes dele e, se calhar, com um pouco de sorte, até mesmo mais vezes.

Sim é verdade. Sinto-me capaz de vencer ao Doyle Bruson algumas vezes, mas sei que seria impossível vencer o Usain Bolt ou o Garry Kasparov, nos esportes que praticam.

Este pensamento veio a partir do, a meu ver improvidente, debate do Leo Bello com o Jô Soares a cerca de ser o poker esporte ou não.

A meu ver o Poker não é um esporte e nunca será, não passando de um jogo onde a componente sorte tem uma importância muito grande e onde a consciência deste factor imponderável é condição definitiva para se obter sucesso neste jogo.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 05 Set 2009 @ 08:41 AM

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