Ontem fui ao Estoril Open e ouvi uma conversa, que não estava a ser mantida de forma velada, que ajuda a compreender algumas coisas a cerca das intenções nas atitudes que são tomadas por pessoas das quais esperaríamos, a partida, alguma inocência.
Durante o jogo do Roger Federer com o Olivier Rochus, sentou-se perto de mim um grupo de meninos (putos como lhes chamam por aqui) que tinham um cartaz tosco pintado à mão e com folhas coladas, onde dizia: “Federer give me your t-shirt”.
Já deve ocorrer há mais tempo, mas lembro-me bem de ter aparecido uma vez, durante a transmissão pela TV de um jogo de futebol, de um menino com um cartaz toco destes, onde dizia que era sua primeira vez no estádio e pedia a camisola ao craque de seu clube predilecto. Ao final do jogo a mesma TV encarregou-se de mostrar o craque gentilmente cedendo a sua camisa ao tal menino, numa cena tocante. Pensamos, imagino que mais pessoas junto comigo, coisas como: “Que sorte que este menino deu! No seu primeiro jogo ganha a camisola do craque!”; “Muito bem pensado! Será que foi ele que teve a ideia? Ou o pai que lhe segurava os ombros?”; “Que bela atitude do craque oferecer a camisola ao menino debutante!”. Desde então temos visto muitas crianças, com os respectivos cartazes e pais, como papagaios agarrados aos seus ombros, a pedir camisolas nos estádios
E uma coisa que me lembro ter passado pela minha cabeça foi a de que o menino faria com aquela camisa.
Uma resposta possível veio ontem no Jamor ouvindo a tal conversa dos meninos. É que um dizia aos outros: – ” Se ele nos der a camisola nós a venderemos! Soube que a camisola do Djokovic dada na Austrália (onde o croata ganhara) foi vendida na Internet por cinco mil dólares!”. No que o outro respondeu:-“Eu queria mesmo era vir a final para ver se ganhava uma raquete do Federer!”
Acabo de ler em http://tek.sapo.pt/4L0/815002.html o seguinte:
“A Internet é o canal primário de ataques quando comparado com outro tipo de ameaças. É neste ambiente que os utilizadores acabam por ver os seus computadores afectados com algum tipo de “malware”, bastando para isso o acesso a uma página infectada.”
Isto serve perfeitamente como ponto de partida para um dos assuntos chaves deste blog que é a identidade do indivíduo, como estará explicado melhor na página “Sobre Edgard Costa”.
A identidade, ou no caso a falta dela, é o que permite que se pratique na Internet todo o tipo daquilo a que se convencionou chamar de vandalismo (termo que se tomo como base a atitude de um povo bárbaro chamado de Vândalos). É a possibilidade de se esconder que possibilita que se tome atitudes que caso fosse facilmente identificado, a mesma pessoa não as tomaria.
Esta questão pode, e deve ser vista ao contrário: então afinal é a identidade que delimita o conjunto de atitudes que um individuo pratica dentro do grupo social ao que está inserido? Creio que sim. E vou tentar abordar esta questão em diversos exemplos, sobretudo nas atitudes tomadas nos metaversos, ou mundos virtuais, onde a identidade é uma questão menor, onde o indivíduo pode se “esconder” por trás de avatares para experimentar tudo o que quiser e, principalmente, correndo pouquíssimos riscos.