16 Jul 2009 @ 3:41 PM 

O pior de nós próprios se encontra nos momentos em que forjamos as nossas sensações, as nossas emoções. Não, não falo dos atores que interpretam as emoções dos personagens, que tão melhor o faz quanto mais convincente se torna a interpretação, quanto mais verdadeiramente caraterizam o personagem, emprestando-lhe realidade. Não, não falo disso, pois vejo neste tipo de atuação uma arte

Falo da interpretação de segunda que por vezes fazemos de nossas próprias sensações. Das interpretações foleiras que fazemos daquilo a que imaginamos que deveríamos ser, ou que gostaríamos de ser. Pior ainda quando interpretamos um personagem online, que diz e age em função daquilo a que imaginamos que nossa plateia gostaria que que fossemos, quando dizemos aquilo a que imaginamos que nos esperam falar. Daí somos o pior que há. Somos uma espécie de zumbis vivos que fingimos ser alguma coisa que na realidade não existe. Mero fruto de nossa imaginação que atua em função daquilo a que imaginamos que queiram que nós fossemos.

E isto acontece na dia a dia, com as pessoas comuns, mas sobretudo com duas espécies de artistas cotidianos: com as estrelas da música pop e com os políticos. É deprimente.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 16 Jul 2009 @ 11:50 PM

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 13 Jul 2009 @ 12:50 PM 

Sou da opinião, e de uma forma bastante objetiva este blogue serve para justificar isto, de que a civilização é um artifício necessário ao ser humano, afim de que este possa conviver em sociedade. Artifício porque se não houvesse as leis que regulam a civilização ou os agentes sociais que os mantém, que policiam o cumprimento do acordo social, viveríamos na barbárie. A violência sobreporia a paz, somente os mais fortes sobreviveriam, não fossemos nós um animal igual a todos os outros.

Digo isto porque sei que o que se diz na maior parte das vezes não é verdade. Costumo dizer, numa metáfora para explicar o raciocínio, que quando nascemos choramos pela primeira vez para darmos sinal de vida, pela segunda vez por termos fome e pela terceira vez, muito inteligentes e sabedores que nossos desejos são satisfeitos com o choro, já por manha, para conseguir algo mais que alimento. Atenção, carinho, calor, proteção talvez, mas nesta terceira vez já utilizamos o choro para atingir a um propósito diferente do original, conscientemente e, portanto, já mentimos.

Digo sempre aos meus filhos que não importa o que as pessoas dizem. O que importa é o que elas fazem. São as atitudes, principalmente aquelas tomadas em situações extremas, sob pressão, é que demostram nosso carácter, nossa índole, nossa craveira, daquilo de que somos feitos.

Digo isto neste momento pois acabo de saber, através do New York Times, que o número de negros desempregados nesta cidade cresce muito mais rápido do que o número de desempregados brancos. Em minha opinião isto demonstra que a qualificação das pessoas pelo aspecto racial permanece vivo nos EUA, pelo menos nesta cidade, e que tudo o que se fez e disse sobre o final do racismo naquele país, até mesmo na escolha de um presidente negro, é artificial, não corresponde aos verdadeiros sentimentos das pessoas. Pode ser que algum dia isto seja verdadeiro, mas por enquanto e em Nova York ainda não é.

Posted By: Edgard Costa
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 04 Jul 2009 @ 11:06 AM 

Nos ensinam. Todos os dias, por todos os meios, sobretudo na TV. Mas nos ensinam. Fazem-nos crer que a melhor solução para todas as situações é sermos hipócritas, artificiais, irreais, imaginários.

Um dia, para voltar a ser felizes, teremos que retornar a barbárie onde, quando queríamos uma coisa que não tivéssemos, manifestaríamos nosso desejo com espontaneidade, e faríamos o que estivesse ao nosso alcance para satisfaze-lo. Caso não estivesse ao nosso alcance, desenvolveríamos um método para conseguir atingir nosso objetivo. A este método, verificado, chamamos Ciência, difundido, chamamos Cultura. Isto é uma lei da Natureza e ocorre em todas as espécies animais.

Quiséssemos nos alimentar e transformaríamos a natureza de forma a tirar o melhor proveito disso para este fim. Mas sem destruí-la ou nos apropriarmos dela, para que ela continuasse a dar seus frutos incólume e disso tiraríamos partido no futuro, todos nós.

Quiséssemos demonstrar carinho e afagaríamos os cabelos de uma criança, sem temermos que estivéssemos a ser observados, o que nos podeira custar uma acusação de pedofilia pelos inimigos.

Quiséssemos amar uma pessoa e diríamos isto francamente, envergonhados talvez, mas nunca temerosos de sermos processados por assédio sexual.

Quiséssemos dar a nossa opinião e a daríamos com paixão, sem temer os argumentos contrários como se estes colocassem em causa a nossa integridade, sanidade, cultura ou inteligência.

Quiséssemos trabalhar para obtermos a nossa vida e o faríamos com prazer, sem verificar a todo o minuto que o maior benefício que proporcionamos com nosso trabalho não é para nossa família, mas para a família daqueles que a única coisa que tem a mais que nós é dinheiro. Isto explode em nossos olhos pelo brilho dos bens iconográficos, aos quais somente alguns tem acesso, e que são obrigatoriamente utilizados por aqueles que precisam demonstrar o seu sucesso financeiro. Sabedores que a obtenção deste sucesso demostrado nas joias, quase sempre é feito de forma irregular, ilegal ou recorrendo a batota e a exploração, faz-nos mesmo muito infelizes.

Quiséssemos sermos nós próprios e o faríamos com orgulho, sem tentarmos nos transformar num ícone de aparência pré estabelecida criada por padrões discutíveis.

Mas não. Nos ensinam, todos os dias, na TV, nos jornais, nas escolas, nos blogues, nas conversas com as pessoas, nas declarações daqueles que deveriam estar a defender os nossos interesses, que mais vale a vitória de um argumento, do que a prevalência de uma boa ideia. Vejo-os a utilizar a palavra, mesmo que baseados em falsidades ideológicas ou fatuais, ou falcatruas, somente para vencer o que deveria ser um debate. Como se nossa sobrevivência se perpetuasse com palavras.

Há aqueles que trabalham, é certo. Há aqueles que dedicam seu tempo a consolidar e a desenvolver o nosso conhecimento, afim de transforma-lo em benefícios práticos para todos nós. Há, tenho certeza que há, e não se trata de nenhuma miragem ou esperança. Só que estes, por não aparecerem na TV, ou noutros sítios, em posição de destaque, fazem-nos sentir que afinal realmente não existem, não passam de objetos de nossa ingenua imaginação.

Actualização: Querem um exemplo de ação contra algumas das coisas que aqui apontei, descoberto depois que escrevi isto aqui. Aconselho vivamente a visualização e promoçãpo do vídeo que lá se encontra.: http://www.earth-condominium.com/

Posted By: Edgard Costa
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 23 Jun 2009 @ 10:06 AM 

Lembro-me de um dia ter perguntado a minha mãe o porque de se tapar o rosto de uma pessoa que morria na rua, em público. Ela respondeu-me que isto se fazia em respeito a privacidade daquele indivíduo que não deveria ter o seu sofrimento exposto publicamente, principalmente naquele momento, pois a morte exigia a dignidade. Acho que compreendi, naquela hora, mas me colocou ao longo da vida muitas questões.

Sempre quis saber porque eram proibidos para crianças os filmes com cenas de violência, principalmente quando mostrava-se sangue. Lembro-me que este era um dos critérios dos juízes de menores na hora de classificar a idade mínima para se assistir a um filme. Tinha esta dúvida já que a primeira coisa séria que mostravam a estas mesmas crianças era a imagem de um homem morto, pregado numa cruz, ensanguentado da cabeça aos pés. Quando eu via aquela imagem forte, a  única coisa que pensava, lembrando-me dos ensinamentos de minha mãe, era que aquele homem não teria merecido a dignidade em sua morte.

Mas depois, quando cresci, estudei e aprendi mais do que aquilo que gostariam que eu soubesse, soube que algumas mortes, para serem didáticas, eram feitas até mesmo no centro de praças públicas, como se de um show aquilo se tratasse e com crianças a assistir. Descobri que afinal, a morte pode ser indigna desde que ela sirva de alguma coisa aos que ficam. Se dela se puder retirar algum proveito, a dignidade do morto deixa de ter importância. Talvez tenha importância para os familiares mais próximos daquela vítima, mas para as pessoas as quais aquele corpo ensangue pode representar algum benefício, não há nada, nem humano nem divino, que faça com que respeitem a privacidade.

É como se mostrassem, com a exposição do sofrimento de uma pessoa, que as suas ideias tem razão ou que são mais fortes do que a daqueles que alegadamente matam, independente da própria vontade do morto em se expor como mártir, naquele momento em que não pode opinar. Aquela morte passa a ser propriedade da causa.

Poderia aquela pessoa estar casualmente a passar por uma manifestação qualquer, mas fosse morta naquele momento, transforma-se-ia imediatamente em ícone da reivindicação dos que se manifestam. Consigo ainda imaginar que poderia, até mesmo, ter sido morta pelo simples fato de ser bela e exibir este predicado onde isto é proibido. Poderia (por que não ?) ter sido morta pelos próprios manifestantes, por ser bela, por não usar o véu, por, com sua beleza e não mais do que isto, argumentar silenciosamente a favor da causa. Sei que somos capazes disto. Já o vi antes.

A dignidade na morte é relativa. Se ela é preservada pode representar que esta perda somente causa a natural dor nos que perdem aquele ente, pais, filhos, companheiros, etc. Mas dependendo das circunstâncias em que se morre, a imagem da morte pode transformar-se em ícone, modelo, símbolo. Por maior que seja o sofrimento provocado com a exposição desta imagem naqueles que verdadeiramente amam o morto.

E pensar que a exposição daquela morte tem mesmo é o objetivo de causar impressão e fixar na mente de todos aqueles que vem aquela imagem forte, para que não se esqueçam jamais, não do morto, mas da causa.

Fala-se hoje em dia na possibilidade da pessoa se expressar em plena consciência sobre a sua vontade em ter a vida preservada por instrumentos ou se aceita de bom grado a eutanásia. Acho que deveriam abrir um espaço também para que as pessoas dissessem se querem ou não ser transformadas em ícones de uma causa qualquer, caso venha a morrer em circunstâncias interessantes a esta causa.

Isto tudo devido a idiota mania que temos de ver as coisas somente com os nossos próprios olhos, só pensando realmente no outro, na medida em que este outro nos sirva para qualquer coisa.

PS: Confesso que aquilo que disse aqui ontem foi por intuição. Imaginei tudo aquilo quando disse “Poderia …”. Porém, de certa forma, e até com precisão, acertei na maioria das coisas que imaginei. Sorte e um pouco de influência dos 50 anos que estou aqui a ver coisas e mais coisas. A confirmação da história pode ser encontrada na edição de hoje (24/06) do  Público, de onde destaco a importância da criação do mártir na cultura iraniana. Foi inclusive motivo para o Marco “Bitaites” Santos destacar em seu blogue a propriedade do que aqui expressei, blogue este onde nasceu a motivação  para o postal e de onde vem a inspiração para este aqui.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 24 Jun 2009 @ 08:40 PM

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 02 Mai 2008 @ 12:07 AM 

É… pelo bem de alguns valores pelos quais nutro profunda lealdade vou começar por dar minha opinião sobre alguns assuntos relativos a Second Life. Mas o farei tomando como ponto de partida algumas coisas que tenho lido em outros blogs sobre o assunto e em particular a um post. Este.

É que discordo do que lá está posto, no texto e nos comentários, e concordo em grande parte com o que disse o Sr. Rosedale.

O que ele disse numa entrevista, pelo que se entende para justificar sua saída do cargo de CEO da empresa que criara, foi basicamente que se fartou daquilo, a exemplo de outros outrora activos utilizadores. E ao sair deixou claro alguns dos motivos que fe-lo tomar esta atitude.

Se não vejamos algumas coisas do que ele disse:

  1. “A única coisa que os utilizadores de Second Life têm em comum é que têm muito tempo.”
  2. “Os utilizadores nas grandes cidades como Nova Iorque ou Los Angeles passam menos tempo em Second Life, não apenas porque estão ocupados mas porque têm menos necessidade de se refugiar num mundo alternativo e anónimo.”
  3. “Mau tempo, regimes opressores, pobres condições económicas – assim se cria um utilizador de Second Life.”

1. Para além de um computador rápido, uma excelente placa de vídeo e acesso de banda larga à Internet, que são aspectos técnicos mas ao que parece o Sr. Rosedale não falava disto mas das pessoas, realmente uma atributo fundamental para se estar na Second Life (SL) é tempo na Real Life (RL).

É necessário disponibilidade para se realizar as coisas por lá, uma vez que tudo o que se possa fazer de divertido e/ou lucrativo naquele ambiente demanda tempo (e dinheiro). Não estou a ver uma pessoa que trabalhe o dia todo, e que esteja realmente ocupada no trabalho, e que não tenha “vontade” de entrar na SL do trabalho para depositar o avatar num camping afim de fazer dinheiro, a passar seus tempos livres a vagar pela SL por muito tempo, a não ser que seu trabalho seja lá dentro.

A maior parte das pessoas com quem falei lá dentro tinham características interessantes. Só para exemplificar, a maior parte das mulheres com quem conversei durante um período em que tive um clube noturno que promovia festas de 4 horas de duração, que estavam sempre cheias, tinham uma característica em comum: eram mães de recém-nascidos o que pressupõe um superavit de tempo e a “prisão”, por assim dizer”, num local fixo e em casa. Notável também é que a maior parte delas desapareceu da SL. Fartaram-se ou os filhos cresceram.

2. E aqui estão colocados, em minha opinião, os dois pontos fulcrais dos motivos de decepção do Sr. Rosedale com a sua Second Life: a) As pessoas que realmente o interessariam que estivessem na Second Life, por representarem uma camada da sociedade norte-americana de maior poder aquisitivo, não estão nem aí para a SL porque as Ferraris, as mansões, as roupas que compram, etc., o fazem na RL e; b) pelo contrário, estas pessoas não querem estar anónimas, antes disto querem mostrar todo o seu poder financeiro.

O dado importante desta afirmação, e que vai de encontro com as coisas que aqui neste blog afirmo e afirmarei quanto a SL, diz respeito ao carácter de anonimato sendo mesmo este o motivo de tornar a SL tão particular. Mas disto falaremos mais tarde e em outros postais.

3. Se na RL estiver um belo dia de Sol, aquela linda mulher desacompanhada, com corpo escultural, cabelos (quase) perfeitos, pele bronzeada, andar sexy, roupas provocantes ficará em casa passeando na SL com o seu imperfeito avatar ou irá para à praia exibir todos os seus dotes? Sinceramente, querem que eu responda? Se as pessoas por trás daqueles avatares belíssimos, dentro dos padrões da SL é claro, fossem tão belos na RL quanto o são na SL, simplesmente não estariam lá!

Das (poucas) pessoas que conheço na RL e que têm avatares frequentadores da SL, nenhuma delas correspondem em juventude, porte físico e beleza estética ao avatar que possuem. A SL definitivamente é uma segunda vida e, penso eu, por lá as pessoas são bastante daquilo que gostariam de ser mas que não podem ser na realidade.

No primeiro parágrafo de livro “Virtual Worlds – Rewiring your emotional future”, Jack Myers faz uma afirmação que está bem de acordo com a forma como encaro a SL, e acredito que não estou sozinho nisto:

“Virtual Worlds ™ are 21st Century versions os 1960s mind-expanding drugs, but they are expanding more than just the mind. Virtual worlds and enhanced social networks allow us to explore new universes, expand our emotional range and depth, change the nature of communications and create different identities for ourselves. You can now create multiple versions of yourself with different names, gender, ethnic heritage, passions, dreams and even relationships.” (Myers, Jack and Weinstein, Jerry – Virtual Worlds – Rewiring your emotional future – página 9 – Myers Publishing, LLC – New York – 2007)

E são aqueles, acredito, que têm dificuldades na relação com as pessoas na RL as mais propensas a experimentar esta fantástica possibilidade de ser muitas pessoas, muitas formas de si própria. Por mais que se tente dar sua personalidade a um avatar ele sempre será apenas isto, um avatar, ou seja uma representação gráfica de um utilizador que pode ou não corresponder com a condição humana real desta pessoa representada.

Concluo destas palavras do Sr. Rosedale que ele está tão farto disto quanto qualquer outra pessoa que se tenha frustrado com esta sua segunda vida. Talvez mesmo por tentar ser na segunda a mesma coisa que na primeira e descobrir que afinal o jogo é tão chato, enfadonho e injusto quanto a vida real.

Mas é nesta fantástica maneira de atribuir mimetismo ao ser humano onde mora justamente a grande força deste ambiente. Acredito que seja exactamente a possibilidade de se poder viver infinitas vidas que me alicia nesta SL. Trocar de personagens como uma pessoa troca de roupa todos os dias, ou de penteado, cor do cabelo, ou mesmo de aparência com os adornos, tatuagens ou cirurgias plásticas, etc., é que me atrai. Poder colocar uma tatuagem hoje, sem dor e retirá-la amanhã ou substitui-la por outra é que faz este mundo virtual interessante.

Me apraz e estimula intelectualmente manter diversas memórias particulares das diversas personagens que crio, cada uma delas com sua personalidade própria, círculo de amigos particular, sonhos, realizações, desejos e ambições. Se a dupla personalidade é um distúrbio psíquico na RL na SL a múltipla personalidade é um predicado.

Depois continuo. Até a próxima.

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 18 Jul 2008 @ 10:49 AM

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 16 Abr 2008 @ 7:34 AM 

Ontem fui ao Estoril Open e ouvi uma conversa, que não estava a ser mantida de forma velada, que ajuda a compreender algumas coisas a cerca das intenções nas atitudes que são tomadas por pessoas das quais esperaríamos, a partida, alguma inocência.

Durante o jogo do Roger Federer com o Olivier Rochus, sentou-se perto de mim um grupo de meninos (putos como lhes chamam por aqui) que tinham um cartaz tosco pintado à mão e com folhas coladas, onde dizia: “Federer give me your t-shirt”.

Já deve ocorrer há mais tempo, mas lembro-me bem de ter aparecido uma vez, durante a transmissão pela TV de um jogo de futebol, de um menino com um cartaz toco destes, onde dizia que era sua primeira vez no estádio e pedia a camisola ao craque de seu clube predilecto. Ao final do jogo a mesma TV encarregou-se de mostrar o craque gentilmente cedendo a sua camisa ao tal menino, numa cena tocante. Pensamos, imagino que mais pessoas junto comigo, coisas como: “Que sorte que este menino deu! No seu primeiro jogo ganha a camisola do craque!”; “Muito bem pensado! Será que foi ele que teve a ideia? Ou o pai que lhe segurava os ombros?”; “Que bela atitude do craque oferecer a camisola ao menino debutante!”. Desde então temos visto muitas crianças, com os respectivos cartazes e pais, como papagaios agarrados aos seus ombros, a pedir camisolas nos estádios

E uma coisa que me lembro ter passado pela minha cabeça foi a de que o menino faria com aquela camisa.

Uma resposta possível veio ontem no Jamor ouvindo a tal conversa dos meninos. É que um dizia aos outros: – ” Se ele nos der a camisola nós a venderemos! Soube que a camisola do Djokovic dada na Austrália (onde o croata ganhara) foi vendida na Internet por cinco mil dólares!”. No que o outro respondeu:-“Eu queria mesmo era vir a final para ver se ganhava uma raquete do Federer!”

Posted By: Edgard Costa
Last Edit: 04 Fev 2009 @ 08:31 AM

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