As coisas:
1. Se as notícias que se tem são de 0 ocorrências, a primeira notícia de uma ocorrência é uma subida de 100%. A segunda notícia, ocorrida dias depois, então, e em relação a primeira, é de um aumento repentino para 200%. Falo isto pensando que se não se tinha notícias de avião caindo nos oceanos, ouvir a segunda notícia em poucos dias, em quedas causadas pelo mau tempo, me fazem crer que o tempo está mais mau do que nunca. Cairão mais? Aguardemos…
2. Se a falta de condições de segurança é condição para uma obrigatória batalha entre torcidas rivais, será somente as condições de segurança que fazem com que as batalhas não aconteçam? Onde estamos? São ainda as extintas muralhas os únicos artifícios para nos manter em segurança? Somos bárbaros, selvagens que precisam ser controlados por forças policiais para não entrar em conflito? Onde estamos?! Século XXI ?! Não me parece.
3. Ontem, ao assistir ao jogo da final do campeonato europeu de seleções de futebol sub-21, notei que a maioria dos jogadores ingleses eram negros e que a maioria dos alemães eram de cabelos e olhos escuros, sendo mesmo um deles negro. Estará a se operar na Europa uma já visível mutação racial? Em minha opinião isto é mesmo inevitável, com a queda da natalidade europeia e subida das economias, apesar destas crises. Mais e mais pessoas de outras origens tem que ser absorvidas para cumprir a necessidade de mão-de-obra que garanta o crescimento económico. Isto está a transformar a face do europeu. Só falta agora ver um negro na seleção da Argentina.
A Fábula
Era uma vez, um rico distraído. Um dia resolveu guardar umas moedas de ouro dentro de uma bolsa e ir passear. Depois de algumas horas de passeio, entrou num sítio onde estava escrito em letras gigantescas: “Misericórdia. Tudo aqui dentro deste espaço é teu, infeliz miserável que o destino condenou a pobreza. Pode ter o que quiser, desde que nos peça. Se lhe for apropriado, lhe será dado”, e colocou a sua bolsa no chão, sem dar atenção ao que estava escrito, não fosse ele um rico distraído. Foi refrescar-se na fonte de água ali perto, mas onde não poderia ver a bolsa.
Um destes pobres que sempre iam aquele local buscar uma dádiva, carregava todos os seus pertences numa das mãos. Viu a aquilo e pensou que era exatamente o que precisava. Pegou a bolsa, colocou lá dentro os seus poucos pertences, sem ver as moedas, e partiu sem dar notícia. Pensava que não teria feito mal a ninguém, já que aquela dádiva, a bolsa, era mesmo tudo o que precisava.
O rico distraído quando voltou ao sítio onde tinha deixado a bolsa, gritou com todos os seus pulmões:
– Fui roubado! Fui roubado!.
Um dos misericordiosos, ao ouvir os seus gritos perguntou:
– O que houve, senhor rico distraído?
– Deixei aqui uma bolsa com umas moedas de ouro dentro e alguém as levou! Fui roubado! Fui roubado!
– Mas aqui é um sítio onde as pessoas que tem alguma sobra, depositam suas coisas para que outras, mais necessitadas, possam vir buscar. Se o senhor aqui deixou uma bolsa, um outro pode a ter levado, mas isso não é roubou. Está ali escrito que podem levar tudo o que está aqui.
– Escrito… onde?!… Misericórdia?!
– Sim, o senhor foi misericordioso. Fez hoje um pobre muito feliz.
E todos riram muito e viveram felizes para sempre, menos o senhor rico distraído.
Gostaram da fábula? Sim? Pois é, não foi bem assim, mas vi isto acontecer hoje de manhã. Não havia lá ouro dentro da bolsa, mas houvesse, o pobre estaria um pouco mais feliz agora. Jogou o material de trabalho do técnico da Vodafone fora, mas a bolsa lhe serviu as mil maravilhas. Tão felizes são as pessoas misericordiosas.
Revendo todos os clips dele, que estão a passar exaustivamente na MTV, pensei numa coisa. Vidinha de merda este gajo teve. Condenado a prisão perpétua a nascença aprendeu desde pequeno, em casa, que tinha que viver para entreter as pessoas.
Nunca foi a escola talvez para que não soubesse que tinha alternativas, como o Truman Burbank não poderia sair de sua redoma. Desta forma resolveu dedicar a nossa diversão todos os momentos de sua vida. Perdeu a infância pra que nós nos divertíssemos. Descobriu a sexualidade em público, esdruxula como não poderia deixar de ser, para que nos divertíssemos. Casou e teve filhos só para que não o chamassem de pedófilo ou viado, o que não era nada divertido para ele, apesar de parecer muito engraçado para alguns.
Mostrou-nos por diversas vezes, mesmo quando não quis, não fossemos buscá-lo em casa de mãos algemadas para mostra-lo ridiculamente velho, derrotado na tentativa vã de vencer o tempo, mostrou-nos a velhice precoce de quem com os mesmos 50 anos que eu, viveu pelo menos mais 10 vezes do que tive a oportunidade de viver.
Um entertainer, até na hora da morte, muito isto ainda renderá e causará intensamente aquilo o que toda a arte quer provocar: sentimentos e sensações.
Toda a sua vida é uma imensa obra de arte pequena, que tem o único objetivo de divertir, como o futebol ou as antigas execuções em praças públicas (lembrando-me daquelas feitas pelo Sadam Housem nos mesmos objetivos do esporte).
Um show em que o entertainer é morto a cada olhar, a cada pensamento, a cada manifestação de interesse pela vida, pelo rosto, pelo corpo, pelo dinheiro. A cada exemplar vendido da obra, a cada fila, a cada ponto de audiência que damos aqueles que falam, mostram, emitem qualquer som ou imagem. A cada grito, aplauso, afirmação, sorriso. A cada fotografia, a cada lágrima. A cada um que se agrega a legião de fãs… pelos entretidos que não fazemos mais que contribuir para a sua morte. Primeiramente do mito, depois do homem.
Só nos esquecemos, sempre esquecemos disto, é que ambos são nossos próprios filhos.
Imagine:
Se num estado de primitiva ignorância você não sabe o que fazer para conseguir alimento. Para satisfazer a mais básica das necessidades para se manter vivo, não consegue ver como dominar a natureza de forma a se alimentar. A única coisa que sabe é que por vezes tem abundância, mas por outra profunda penúria que mata, principalmente, os mais fracos, ou seja, os teus pais e os teus filhos.
Se eu aparecesse e te dissesse assim: -”Tenha calma. Não se desespere. Eu sei o que você tem que fazer. Uma ave mágica (*) veio dos céus e me disse. Não acredita? Faça, tente fazer, o que te digo. Se funcionar e você e os seus deixarem de sofrer, acredite então no que te digo. Quer tentar? Então faça assim: trabalhe quando e onde eu te disser para trabalhar. Numa parte de teu tempo trabalharás na construção de monumentos em honra daqueles que te garantirão a vida, no resto dele, mas no momento em que eu te disser, trabalharás na terra pois logo a seguir a ave mágica se encarregará de irriga-la com suas lágrimas. Ela chora por nosso sofrimento. Isto garantirá todo o alimento para você, para todos os seus e para sempre. Mas desde que me entregue todo o produto do teu trabalho, para que eu o guarde e o faça multiplicar, com a ajuda da ave mágica. Só eu posso fazer isto, pois sou o agente transmissor da voz e da vontade deste magnífico ser. Mais tarde, se ver que eu estou certo, acredite então em mim, caso contrário chame-me de louco.”
Você aceitaria o desafio? Se aceitasse, por que outros o fizeram e te garantiram que funciona mesmo, e afinal também funcionasse contigo e você não compreendesse porque, chamar-me-ia de Deus? Talvez. Mas no Antigo Egito funcionou e isto proporcionou que milhares de pessoas durante muitos anos acreditassem que um ser humano, o faraó, era um Deus na Terra e os monumentos construídos por esta lógica foram dos mais belos e maiores de sempre.
Por que? A história era muito credível ou mesmo muito bela? Não. Funcionou porque a tal ignorância primitiva era muito grande.
Sempre digo aos meus filhos que neste mundo há duas espécies de pessoas, as que mandam e as que obedecem. “Estudem”, digo eu, “pois terão uma hipótese de ser um daqueles que mandam”.
(*) Se qualquer espécie de ave mágica é colocada neste enredo, ou em qualquer outro contexto, é só para que o ouvinte não acredite que se eu consegui descobrir aquilo com minha própria cabeça, talvez ele também o conseguisse. O ser divino sobre o qual eu (o personagem) sou o único a ter acesso, tem somente este propósito.
Filho, se eu o coloquei a estudar num colégio religioso cristão, não foi para que se convertesse naquilo que o neguei converter automaticamente ao impedir o teu batismo, mas para que soubesse exatamente aquilo no que não acredito.
Lembro-me de um dia ter perguntado a minha mãe o porque de se tapar o rosto de uma pessoa que morria na rua, em público. Ela respondeu-me que isto se fazia em respeito a privacidade daquele indivíduo que não deveria ter o seu sofrimento exposto publicamente, principalmente naquele momento, pois a morte exigia a dignidade. Acho que compreendi, naquela hora, mas me colocou ao longo da vida muitas questões.
Sempre quis saber porque eram proibidos para crianças os filmes com cenas de violência, principalmente quando mostrava-se sangue. Lembro-me que este era um dos critérios dos juízes de menores na hora de classificar a idade mínima para se assistir a um filme. Tinha esta dúvida já que a primeira coisa séria que mostravam a estas mesmas crianças era a imagem de um homem morto, pregado numa cruz, ensanguentado da cabeça aos pés. Quando eu via aquela imagem forte, a única coisa que pensava, lembrando-me dos ensinamentos de minha mãe, era que aquele homem não teria merecido a dignidade em sua morte.
Mas depois, quando cresci, estudei e aprendi mais do que aquilo que gostariam que eu soubesse, soube que algumas mortes, para serem didáticas, eram feitas até mesmo no centro de praças públicas, como se de um show aquilo se tratasse e com crianças a assistir. Descobri que afinal, a morte pode ser indigna desde que ela sirva de alguma coisa aos que ficam. Se dela se puder retirar algum proveito, a dignidade do morto deixa de ter importância. Talvez tenha importância para os familiares mais próximos daquela vítima, mas para as pessoas as quais aquele corpo ensangue pode representar algum benefício, não há nada, nem humano nem divino, que faça com que respeitem a privacidade.
É como se mostrassem, com a exposição do sofrimento de uma pessoa, que as suas ideias tem razão ou que são mais fortes do que a daqueles que alegadamente matam, independente da própria vontade do morto em se expor como mártir, naquele momento em que não pode opinar. Aquela morte passa a ser propriedade da causa.
Poderia aquela pessoa estar casualmente a passar por uma manifestação qualquer, mas fosse morta naquele momento, transforma-se-ia imediatamente em ícone da reivindicação dos que se manifestam. Consigo ainda imaginar que poderia, até mesmo, ter sido morta pelo simples fato de ser bela e exibir este predicado onde isto é proibido. Poderia (por que não ?) ter sido morta pelos próprios manifestantes, por ser bela, por não usar o véu, por, com sua beleza e não mais do que isto, argumentar silenciosamente a favor da causa. Sei que somos capazes disto. Já o vi antes.
A dignidade na morte é relativa. Se ela é preservada pode representar que esta perda somente causa a natural dor nos que perdem aquele ente, pais, filhos, companheiros, etc. Mas dependendo das circunstâncias em que se morre, a imagem da morte pode transformar-se em ícone, modelo, símbolo. Por maior que seja o sofrimento provocado com a exposição desta imagem naqueles que verdadeiramente amam o morto.
E pensar que a exposição daquela morte tem mesmo é o objetivo de causar impressão e fixar na mente de todos aqueles que vem aquela imagem forte, para que não se esqueçam jamais, não do morto, mas da causa.
Fala-se hoje em dia na possibilidade da pessoa se expressar em plena consciência sobre a sua vontade em ter a vida preservada por instrumentos ou se aceita de bom grado a eutanásia. Acho que deveriam abrir um espaço também para que as pessoas dissessem se querem ou não ser transformadas em ícones de uma causa qualquer, caso venha a morrer em circunstâncias interessantes a esta causa.
Isto tudo devido a idiota mania que temos de ver as coisas somente com os nossos próprios olhos, só pensando realmente no outro, na medida em que este outro nos sirva para qualquer coisa.
PS: Confesso que aquilo que disse aqui ontem foi por intuição. Imaginei tudo aquilo quando disse “Poderia …”. Porém, de certa forma, e até com precisão, acertei na maioria das coisas que imaginei. Sorte e um pouco de influência dos 50 anos que estou aqui a ver coisas e mais coisas. A confirmação da história pode ser encontrada na edição de hoje (24/06) do Público, de onde destaco a importância da criação do mártir na cultura iraniana. Foi inclusive motivo para o Marco “Bitaites” Santos destacar em seu blogue a propriedade do que aqui expressei, blogue este onde nasceu a motivação para o postal e de onde vem a inspiração para este aqui.
Na Natureza existe um conjunto de leis que regula as relações entre os indivíduos. O desrespeito a estas leis, de forma voluntária ou involuntária, leva aos indivíduos ou grupos, a marginalização. No caso do grupo social a marginalização leva normalmente a impossibilidade de circulação livre do indivíduo ou o seu afastamento, podendo, em casos extremos, levar a eliminação do indivíduo desrespeitante da lei. Na natureza ocorre a mesma coisa, sendo que a seleção natural é até mesmo mais dura para com aqueles que desrespeitam os padrões naturais, levando a extinção dos indivíduos e/ou grupos com muito mais frequência.
Mas isto tudo para afirmar que as leis, naturais (criadas pela Natureza) ou artificiais (criadas pelos homens) por mais objetivas ou subjetivas que sejam, são condições importantes na sobrevivência de espécies.
Uma das leis mais admiráveis e inexoráveis que conheço é a chamada lei da oferta e da procura, ou demanda, que determina o valor de qualquer coisa tomando como base a sua relação entre a procura e oferta.
Neste caso a oferta é única, só existe um Cristiano Ronaldo, e a demanda também, só existe um Florentino Peres, sexto homem mais rico da Espanha segundo a Forbes, disposto a pagar o que for para satisfação de seu desejo de ter aquele específico jogador.
E é isto, somente isto, que determina o valor desta transação. Quanto vale o Cristiano Ronaldo para o Pinto da Costa? Nada, € 0,00. Simplesmente está fora de seu alcance e por isto nem mesmo é desejado enquanto presidente de um clube que não tem capacidade financeira para arcar com o salário estratosférico de nenhum jogador. Lembro me aqui quando lhe ofereceram o Júlio Batista por um preço acessível aos cofres de um Porto recentemente campeão europeu, mas que tornaria desequilibrada a balança de pagamentos dos salários dos jogadores, criando mais instabilidade do que sucesso, segundo o próprio presidente do FCP.
Lembro-me também de um clube que recentemente fez em avanço um investimento significativamente arriscado a procura de um único objetivo, aquele que atingido cobriria o custo do investimento, mas que não atingido levaria o clube a uma situação bastante desconfortável no que diz respeito a manutenção daquela equipe que constituíra e, principalmente, quanto a investimentos futuros. (Acredito que não preciso dizer que esta equipa veste-se de vermelho e que o objetivo não foi atingido). Nunca vi o Pinto da Costa fazer isto e sei que é este tipo de atitude profissional que leva o clube ao qual dirige ao conjunto único de sucessos atingidos, tudo dentro de seu orçamento possível.
Basta verificar que um dia o mesmo Florentino Peres quis Zidane, Figo, Beckham, Ronaldo e simplesmente pagou por isto. Dois deles as maiores transações em sua época, da mesma forma que Cristiano Ronaldo e Kaká agora. Ganhou muito pouco a nível de competição chegando mesmo o time a ser ridicularizado por sua torcida diversas vezes, mas o negócio deve ter valido a pena uma vez que se repete.
Mas quanto custaria o Messi? Teria Florentino Peres euros suficientes para paga-lo? Acho que não. Neste caso pode até existir demanda, mas não há oferta o que faz com que o valor simplesmente não exista. Não é igual a zero, simplesmente não existe.
Esta pergunta poderia ainda ser feita da seguinte forma: qual o valor do Ricardo Carvalho? Altíssimo, poder-se-ia responder, depois dele ter passado pelo Porto que viu nele a capacidade de atingir este valor, como faz agora com Cissokho, que possivelmente será vendido por mais de 40 50 vezes o valor de sua compra (como se o Cristiano Ronaldo tivesse sido comprado ao Sporting pelo MU por “apenas” € 2.300.000 1.860.000 e não os cerca de € 17.300.000 que custou (pouco mais da metade do preço de Pepe ou Anderson)). Poderia ainda citar Deco, Maniche, Bosingwa, Pedro Mendes, Nuno Valente, Marcos Ferreira e tantos outros. Mas porque citei especificamente o Ricardo Carvalho? Porque foi comprando por uma ninharia ao Alverca incapaz de verificar o real valor futuro daquele jogador. Quem era o presidente do Alverca naquela época? O mesmo idiota que hoje preside um clube que faz a mesma barbaridade com o Fábio Coentrão. Aquele mesmo imbecil que acabou com a carreira do Makukula, do Mantorras, do Quim, do Moreto, do Moreira e de tantos outros.
Quanto vale um jogador de futebol? Depende única e exclusivamente da oferta e da procura, e da capacidade de um clube em elevar ao máximo esta relação a seu favor. Mérito do Manchester United, mérito do Futebol Clube do Porto e, porque não, da fabulosa escola do Sporting Clube de Portugal, formadora de 2 dos 5 jogadores mais caros de sempre. O resto é brincadeira, entretenimento, SADismo.
Normalmente os que não sabem, ou não conseguem, reger-se pelas leis, neste caso as do mercado, são extintos. Depois que vi a GM falir, acredito em tudo.
Noutro dia, num documentário muito bom acerca de uma pequeníssima povoação no Tibete, feito por uma investigadora francesa, numa conversa entre a ela e o homem da família que a acolhera durante o tempo da pesquisa sobre a vida daquela gente, lá pelas tantas ele pergunta, mais ou menos assim:
– Ano passado você foi para o povoamento de nossos vizinhos?
– Sim – respondeu a investigadora.
– Mas por que não veio pra cá?
– Não sei. Nem sabia que existia este pequeno povoamento.
– Deveria ter vindo prá cá… Aqui é muito melhor. Lá eles estudaram. Discutem muito… Aqui não. Tudo é mais tranquilo… Nós somos todos iguais…